segunda-feira, 15 de abril de 2013

A RIDÍCULA E SEU COLAR.


O colar de tomates da Ana Maria Brega, digo Braga, tem muitos inconvenientes. Se ela abraça uma amiga ou amigo, vai amassar os tomates e manchar a roupa de ambos. O tomate é pesado, desconfortável, deselegante, pode dar dor no pescoço. O tomate com temperatura corpórea vai estragar mais rápido, apodrecer e começar a soltar larvas, ( aquele bichinho branco) e subir pelo seu pescoço, descer pelo seu peito, fora um horrível mau cheiro.
Mas para aparecer, para aparentar que está antenada com a economia vale tudo, sugiro que e a Ana Maria Brega, digo Braga, coloque uma melancia no pescoço. A melancia apesar do peso é bem mais resistente, não vai amassar se ela der um abraço em alguém, leva mais tempo para apodrecer, não vai feder tão rápido, é bem mais duradoura. E como para aparecer tudo vale, um abacaxi na cabeça também é uma ótima opção. Tem também a banana, bom isso fica a critério dela, ela coloca aonde quiser. Essa gente quer que nos fazer crer que são sérios, que são grandes formadores de opinião, quando na verdade são pessoas ridículas, burras. Fala sério!!


FONTE:

Corrupção e Capitalismo


 A corrupção pode ser entendida como o desvio da conduta humana em qualquer que seja a situação, mas trataremos aqui sobre a corrupção política. Entendemos que a corrupção é inerente ao capitalismo, isto é, não existe capitalismo sem corrupção. Capital e Estado estiveram sempre unidos através das mais variadas cumplicidades.

 Vivemos numa sociedade em que o poder econômico passa por cima do poder do próprio povo quando se trata de interesses políticos. Assim, logo vemos uma relação direta do capitalismo com a corrupção. Essa situação é inevitável numa sociedade na qual o poder econômico controla toda a esfera pública, a democracia, etc. e, logo, as leis só servem aos ricos e poderosos.

 
A corrupção começa com os financiamentos das campanhas eleitorais, quando as empresas investem milhões de reais aos candidatos e depois cobram esses investimentos, através de fraudes em licitações obscuras, tráfico de influência e informações sigilosas. Para garantir a aprovação das leis de interesse dos que financiam, os governos distribuem cargos, recursos públicos e favores do tipo.

 A força do dinheiro abre as gavetas do poder e o domínio do Estado, favorecendo os cofres da riqueza, comprando favores, deslocando concorrentes, driblando as leis, subornando autoridades, obtendo cargos. O povo continua sofrendo com falta de investimentos estatais em educação, saúde e moradia, enquanto são roubados milhões dos cofres públicos, o que nenhuma CPI irá resolver, pois o problema é colossal e está enraizado no próprio modelo econômico vigente: o capitalismo. O congresso nacional não tem moral para investigar e julgar denúncias de corrupção, porque a imensa maioria dos deputados e senadores tem o rabo preso com o investimento eleitoral ou então, são alguns, donos de empreiteiras e utilizam de seus cargos para superfaturar obras e utilizando de licitações irregulares.

 A mídia, inclusive, faz com que achemos que tal problema é uma coisa bem nossa, do Brasil, e não necessariamente do capitalismo, isolando notícias de corrupção presentes em outros países capitalistas (e tidos, até mesmo pela mídia, como países de exemplo). Em contato com pessoas bem entendidas e politizadas de outros países, podemos notar casos de boicotes nas eleições, fraudes em plena gestão governamental e coisas do tipo, bem presentes em países como Portugal, Espanha, Rússia e dentre outros, porém não noticiadas aqui (Que no caso da Rússia chega a superar a falta de transparência em relação à corrupção comparada ao Brasil).

 Deste modo, combater a corrupção apenas tratando das suas consequências não vai adiantar, seria como "proibirmos as pessoas de tropeçar no toco de madeira da calçada, em vez de mandar tirar o próprio toco”. Para, de fato, evitarmos o problema e impedirmos que ele se repita, temos que acabar com o capitalismo como um todo, e não apenas com a corrupção. Acabar com o capitalismo seria um golpe forte contra a corrupção.

FONTE: 

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Menos elitização nos espaços políticos


Em uma decisão, que ainda cabe recurso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) alterou o número dos representantes dos estados na Câmara Federal. Por consequência também o números das Assembleias Legislativas, uma vez que há atrelamento à quantidade de parlamentares. Para cada deputado federal, são três estaduais até os números de 12 federais e 36 estaduais, a partir daí, soma-se um deputado estadual para cada federal.

Alagoas sairia de nove deputados federais para oito. O Ceará ganharia mais dois. Espírito Santo perderia um e Santa Catarina teria mais um. Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul perderiam um parlamentar cada. Piauí e Paraíba teriam dois a menos. Minas Gerais teria mais dois e, o Pará mais quatro deputados federais.

A mudança ocorreu em resposta de uma ação movida pelo Estado do Amazonas que alegava que no último Censo em 2010 passou a ter população maior que estados como Alagoas e Piauí e possuía uma quantidade menor de representantes na Câmara dos Deputados.

O tamanho de nossa população vem crescendo constantemente. Não com a mesma quantidade entre os estados brasileiros, mas todos tem aumentado sua população. E nunca foi feita uma correção assim. Está expressa em nossa Constituição que o tamanho da representação no parlamento será de acordo com o tamanho da população. Às Câmaras municipais existe uma legislação específica.

Então por que não rever o número de parlamentares na Câmara Federal? Esse tipo de debate sempre encontra resistência na mídia. É um prato cheio para fomentar a criminalização da política. Porém isso é uma conta simples: se a população aumenta, aumenta o número de parlamentares. Simples assim. Garantindo a diversidade política que existe no povo brasileiro.

Fala-se sempre que há custos elevados e que a corrupção toma conta e que isso só serviria para aumentar a ambos. Sobre os custos é preciso deixar de ilusão: democracia tem custo. E o que for para fortalecê-la vale a pena.

Sobre a corrupção não existe lei que a impeça. Corrupção é transgressão de lei. Mas se pode criar mecanismo para dificultar a vida de quem gosta de dar os “seus jeitinhos”. Em primeiro lugar começar a criminalizar os corruptores. Coisa que no Brasil não se faz. Quantos empresários, em especial banqueiros, estão presos? Outra é a questão dos repasses ao Poder Legislativo. Aumenta-se o número de representações, mas não seu orçamento.

É claro que essa é uma engenharia complicada, mas é preciso fazê-la. Quanto mais distante ficar a proporção povo / parlamentares, mas elitista fica o exercício político institucional. Se fica elitista, o povo não participa, muito menos fiscaliza. Vira tudo uma panelinha entre capital privado, imprensa e detentores de mandato.

A questão é: quem vai comprar esse debate com toda a mídia batendo em cima e afirmando, direta ou indiretamente, que a democracia não passa pela política e sim por empresas privadas e por ela mesma?

FONTE: 
Blog do Cadu

A diferença entre Dirceu e Fux


Chega-se à verdade por vários caminhos, e nem sempre eles são os mais bonitos.

Mas isso não tira a importância deles. Uma paisagem feia pode levar a um belo destino.

É o caso das revelações de José Dirceu sobre seu encontro com o ministro Luiz Fux. Elas permitiram aos brasileiros saber como funcionam as coisas na hora de escolher alguém para o Supremo, e este conhecimento será a base das pressões que levarão a mudanças.

Você pode dizer, e não sem razão: se ele topou o encontro é porque gostaria de saber como Fux se comportaria no julgamento de extraordinária relevância de que ele, Dirceu, seria réu.

Você diz isso, ou poderia dizer, embora provavelmente fizesse o mesmo nas circunstâncias em que estava Dirceu.

Dentro do lamentável e nada transparente sistema de indicação para o Supremo que vigora no Brasil, não existe impedimento legal nenhum para isso.

E o risco de passar alguns anos na cadeia – sobretudo se você se julga inocente, e sabe que a mídia vai fazer de tudo para enjaulá-lo – pode levar você a fazer o que Dirceu fez.

A atitude de Dirceu em receber Fux – a não ser que sejamos maciçamente hipócritas ou antipetistas radicais – é moralmente defensável.

Chama-se autodefesa.

A de Fux não. Ela é moralmente indefensável. É fruto de uma ambição desumana, de uma vaidade sem limites e de uma ética frouxa, vacilante, tíbia que não se pode aceitar num juiz do Supremo.

Fux tem que ser expurgado do STF. Enquanto ele permanecer lá, os brasileiros, com razão, estenderão ao todo os defeitos da parte.

Feita a limpeza urgente, a sociedade tem que cobrar uma alteração imediata nos métodos de nomeação no Supremo.

Transparência, transparência e ainda transparência.

Isso já deveria estar no debate público quando se soube que a principal razão pela qual Lula indicou Joaquim Barbosa foi o fato de ele ser negro.

(Sem contar a forma como JB abordou Frei Betto para se insinuar entre os candidatos à vaga que Lula – ou para afirmar os negros ou por demagogia, cada qual fique com sua escolha – reservara não ao talento mas à cor da pele.)

Mas o urgente agora é tratar de Fux.

Ele não pode continuar onde está. Não é apenas o pastor Feliciano que está absurdamente agarrado a uma posição para a qual é uma extravagância intolerável.

Fux se tornou o Feliciano do Supremo.

FONTE: 

Altamiro Borges


quarta-feira, 10 de abril de 2013

Projeto de reforma política naufraga mais uma vez na Câmara

Proposta não obtém consenso mínimo entre lideranças partidárias; PT vai agora tentar projeto de iniciativa popular para garantir financiamento público e voto em lista.

Projeto de reforma política naufraga mais uma vez na Câmara


São Paulo – Sem acordo mínimo entre as lideranças partidárias da Câmara dos Deputados, o projeto que trata da reforma política foi mais uma vez engavetado. Em gestação há dois anos, o projeto previa, entre outros pontos, o financiamento público exclusivo de campanha eleitorais, o voto em lista para deputados e vereadores e o fim das coligações nas eleições proporcionais.
A objetivo de tais propostas, segundo o deputado Henrique Fontana (PT-RS), era reduzir o poder de grandes grupos econômicos sobre as eelições, o parlamento e os governos, bem como fortalecer os partidos e seus programas.
Mas em reunião realizada ontem a maioria dos líderes concordou com apenas um ponto menor, que trata da coincidência de datas nas eleições. Esse ponto consta da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 3, de 1999, que seria levada à votação. A bancada do PT, porém, decidiu por unanimidade obstruir a votação.
“O PT quer votar a reforma e não fazer um arremedo de reforma. Para nós, o financiamento público, o voto em lista, e o aumento da participação popular com fortalecimento do referendo são elementos centrais se quisermos de fato fazer uma reforma profunda”, defendeu o líder do PT, deputado José Guimarães (CE). Ele disse ainda que, além da obstrução, a bancada do PT vai defender a posição do partido porque entende que é o melhor caminho para o país. “Mas não iremos votar a coincidência de mandatos”, declarou.

O relator Henrique Fontana lamentou o posicionamento da maioria dos líderes contra o financiamento público. Segundo ele, a distorção que o financiamento privado causa à igualdade na disputa eleitoral pode ser exemplificada com a constatação de que apenas 200 grandes financiadores bancam a maior parte dos recursos gastos durante as eleições no País.

“Esses grandes financiadores não fazem isso para fortalecer a democracia. O montante gasto por eles é embutido no custo dos serviços ou produtos e, no final, a população paga a conta”, disse.

Ele disse, por outro lado, que a mobilização popular pode reverter a situação em favor da reforma política. “O caminho é mobilizar a sociedade para vencer o conservadorismo do parlamento”, sugeriu.
As lideranças favoráveis à votação apenas da PEC sobre a coincidência de datas eleitorais t3entarão colocá-la em votação novamente hoje (10).

Iniciativa popular

Com o naufrágio do reforma relatada por Fontana, o PT anunciou que irá às ruas colher assinaturas que ela seja reapresentada em forma de projeto de iniciativa popular. A ideia é coletar mais de 1 milhão de assinaturas.
O líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado (GO), concorda com a análise de uma proposta de iniciativa popular, desde que trate de alguns pontos específicos. "Seria o caso de ter uma iniciativa popular, mas desde que a prioridade fosse a lista preordenada junto com o financiamento. Mas não inverter essa prioridade, porque não podemos contaminar dinheiro público com caixa 2."
Apesar da redução no conteúdo da reforma política, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, avaliou que a votação da coincidência de eleições seria “o primeiro passo” para mudanças mais amplas do sistema político eleitoral. Alves, porém, se disse frustrado com a não votação. “Já estou cansado de esperar consenso sobre a reforma política. É hora de começar a votar. A Casa não pode ficar a vida inteira empurrando com a barriga esse assunto.”
Com informações da Liderança do PT na Câmara e da Agência Câmara.


FONTE: 

O Brasil que a ditadura nos roubou


Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:



Revolta. Tristeza. Náusea. É o mínimo que se pode dizer da sensação que causa no espectador o documentário O Dia Que Durou 21 Anos, de Camilo Tavares, em cartaz nos cinemas brasileiros. Revolta e tristeza por constatar que, com o golpe, nos roubaram um projeto de país, um futuro. Náusea por conhecer mais a fundo o papel que os Estados Unidos tiveram na derrubada de João Goulart, muito além da teoria da conspiração e da paranóia.

Camilo é filho do jornalista Flávio Tavares, um dos presos trocados pelo embaixador norte-americano Charles Elbrick, sequestrado pelos guerrilheiros da ALN (Ação Libertadora Nacional) e MR-8 em 1969. Sua principal façanha como diretor foi a obtenção de documentos e áudios inéditos que comprovam a participação ativa dos EUA no golpe militar durante o governo John Kennedy e, depois de seu assassinato, com Lyndon Johnson no poder. Particularmente nauseante é a intervenção do embaixador americano no Brasil, Lincoln Gordon, e seu cinismo ao reconhecer oficialmente o governo militar no dia seguinte ao golpe.

Além de tramar, espionar e conspirar para derrubar o presidente de outro país, algo inadmissível para um “diplomata”, Gordon é o responsável pela crença, disseminada até hoje pelas carpideiras da ditadura, de que Jango pretendia transformar o Brasil em Cuba, em um país comunista. Uma mentira histórica tão absurda quanto chamar os guerrilheiros de “terroristas”, como insiste a direita fascista brasileira, incapaz de discernir terrorismo de Estado de reação cívica à ditadura. Propositalmente, para enganar jovens com pouca leitura e desinteressados em conhecer a verdade.

A certa altura do documentário, o líder do PTB então, deputado Bocayuva Cunha, esclarece com todas as letras: “Revolução comunista só existe na cabeça e na estupidez de certa elite brasileira”. O que Jango queria era transformar o País, e tinha apoio popular para isso. Suas reformas de base incluíam a reforma bancária, fiscal, administrativa, educacional e agrária. Jango defendia ainda medidas nacionalistas, que desataram a ira dos EUA, histéricos por proteger os lucrativos negócios de suas empresas no Brasil. A intenção de realizar uma profunda reforma agrária, por sua vez, descontentou os grandes donos de terras. Os mesmos ruralistas que hoje em dia volta e meia se associam aos líderes evangélicos no Congresso em defesa de bandeiras arcaicas e anti-democráticas. Gentalha da pior espécie.

O que seria do Brasil se Jango pudesse ter feito suas reformas de base? Se, já naquela época, a questão da terra tivesse sido resolvida, com o fim dos latifúndios? Se a educação tivesse dado um salto qualitativo? Seríamos a republiqueta de bananas em que o golpe nos transformou durante 21 anos, a mais longa ditadura militar da América Latina? Teríamos os problemas educacionais e de terra que ainda temos hoje? Nosso povo continuaria a ser manipulado por políticos, religiosos pilantras e pela mídia apenas por não ter estudado como deveria? Nosso ensino público teria sido sucateado para que gerações inteiras fossem impedidas de pensar?

Na sessão em que estive, o filme de Camilo Tavares foi aplaudido ao final. Merece mesmo aplausos. E lágrimas. E raiva. E saudade do que não fomos. Vá e leve seus filhos.

Globo se enforca no 'Mensalão': ou anula condenações, ou a TV irá para a forca junto


O julgamento do "mensalão" (AP-470) entrou numa sinuca de bico, agora que virão os recursos. A base da condenação dos petistas foi que teria havido desvio de dinheiro público da Câmara dos Deputados e da Visanet (aliás é empresa privada). Porém tanto a Câmara dos Deputados como a Visanet tem provas de que o dinheiro foi gasto para fazer anúncios ou patrocínios esportivos e culturais. As provas não se limitam a recibos e notas fiscais, mas também nos próprios anúncios (que foram efetivamente veiculados), principalmente nos mais famosos jornais, revistas e TV`s do Brasil. E estão registradas para todo mundo conferir nas páginas impressas e nos videotapes.

Sabe-se lá porquê, a maioria dos ministros do STF, ignorou essas provas apresentadas pela defesa, atestadas por laudos de auditoria, e tratou tudo como se fosse dinheiro desviado.

Pois bem, agora só tem um jeito: inocentar quem foi condenado injustamente com base em informações falsas.

Do contrário, para sustentar essa tese de condenação, só se admitir que a Globo, Folha, Veja, Estadão, etc, teriam feito parte da quadrilha para receber o dinheiro da SMPB e desviá-lo, como observou o ministro Lewandovski em seu voto, no caso do contrato da Câmara.

Logo, ou o STF terá que anular diversas condenações, onde tomou por base essa estória de desvio da Câmara e da Visanet, ou terá condenar também, por exemplo, a TV Globo, com as seguintes consequências:

- Os gestores da emissora (e dos jornalões) que supostamente participaram do suposto desvio, teriam que ser condenados tanto quanto Marcos Valério;

- O Ministério Público teria que abrir ação exigindo devolução do dinheiro, recebido pelas empresas de mídia, aos cofres públicos;

- A TV Globo, os jornalões e revistas que receberam o dinheiro da SMPB teriam que ser consideradas empresas inidôneas por corrupção, e ficarem proibidas de fazer qualquer contrato com o governo e com estatais, além de ficarem proibidas de contrair empréstimos de bancos públicos, por um longos anos.


- Por ser uma concessão pública, se uma TV for considerada inidônea por corrupção, o Congresso terá que cassar sua concessão (sem nenhum arbítrio, conforme a Constituição), pelo mesmo motivo que cassa deputados.

Aliás, do jeito que o julgamento tratou o BV (Bônus de Volume), como se fosse "propina", no mínimo, por coerência, a emissora teria que estar arrolada no processo, e teria que "provar sua inocência" da mesma forma que foi exigido dos demais réus.

A revista "Retrato do Brasil", da imprensa alternativa ao PIG (Partido da Imprensa Golpista), faz uma série de reportagens históricas, mostrando as provas irrefutáveis da defesa, que foram ignoradas.

Os jornalões, revistonas e TV's ainda mantem um silêncio sepulcral sobre o assunto, porque não tem como desmentir a reportagem. Mas não terão como fugir de verem suas empresas como as maiores beneficiárias do dinheiro, naquilo que inventaram ser o mensalão.

A falta da velha mídia ter escondido estes fatos no noticiário é um dos episódios que entrará para história dos grandes vexames da imprensa golpista, ao lado de episódios como o golpe da Proconsult e da bolinha de papel nas eleições de 2010.
O colunista Elio Gaspari (jornais Folha de São Paulo e O Globo) já prepara o terreno. Publicou essa notinha na coluna de domingo:
NAS BANCAS
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Está chegando às bancas uma edição especial da revista "Retrato".
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Sua capa diz tudo:
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"A construção do mensalão -- Como o Supremo Tribunal Federal, sob o comando do ministro Joaquim Barbosa, deu vida à invenção de Roberto Jefferson."
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Coisa do respeitado jornalista Raimundo Rodrigues Pereira.


FONTE:
 
Os Amigos do Presidente Lula


terça-feira, 9 de abril de 2013

A imprensa, a inflação e uma comparação entre a era FHC e o governo do PT



A Folha de S.Paulo caprichou hoje. Além de dedicar quase uma página inteira, com chamada de capa, para a importação de tomate da China, publicou abaixo desta uma reportagem na qual analistas já veem inflação acima de 6%. Mas a matéria diz o contrário disso.

Comecemos pela reportagem do tomate. O texto associa a importação de tomates para molhos e ketchups à escassez desse item no mercado brasileiro. Foram US$ 13,8 milhões no primeiro bimestre, sendo 42% dos tomates vindos da China.
 
Mas notem que o analista consultado pelo jornal, João Paulo Deleo, pesquisador do Cepa (Centro de Estadudos Avançados em Economia Aplicada), diz que essas importações não têm a ver com a forte alta do tomate de mesa, vendido em feiras e supermercados. Porque o tomate para molhos e ketchup - cujo consumo cresce 16% ao ano - é de outro tipo, o rasteiro, segundo o jornal.
 
Esse tipo de tomate só começa a ser colhido em junho. E vejam o que a própria Folha constata: "Ao que tudo indica, a produção pode até crescer. Enquanto neste ano a área cultivada com tomate de mesa na safra de verão caiu 17%, houve pequeno aumento da área com tomate rasteiro, segundo Deleo, do Cepea".
 
Preços



Na matéria sobre projeção para a inflação, a Folha diz que analistas já estimam alta acima de 6% no ano. Mas o jornal admite que “a maioria dos cerca de cem analistas consultados semanalmente pelo BC, entretanto, tem estimativa menor. As projeções de inflação de 2013 registraram leve recuo na semana passada, de 5,71% para 5,70%”. O contrário do que diz o título, portanto.


E a Folha ainda vai além: em artigo na mesma página, o consultor Sérgio Vale escreve uma catilinária pessimista: “Está ficando cada vez mais difícil crescer durantes este governo”. O artigo tem as velhas críticas de sempre, repetidas pelos tucanos e de quem tem saudade dos tempos em que era muito mais fácil ganhar dinheiro com juros altos e sem produzir nada.

E assim caminha a nossa imprensa...

Comparações

Para refrescar a memória dos tucanos, Folha e companhia, vamos fazer novamente uma comparação entre a era FHC e o governo do PT no que se refere à inflação. Vejam abaixo alguns gráficos:

Primeiro, um recorte da série histórica do IBGE com os dados da inflação oficial, o IPCA. De 1995 a 2002, foram os anos FHC. De lá para cá, o governo do PT:


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Agora, uma tabela mostrando a herança inflacionária deixada por FHC e como ela foi trabalhada no início do governo Lula. A tabela mostra o IPCA, o acumulado do governo e a média do governo, nesta ordem. Estão expostos os três primeiros anos do governo Lula Para ver a tabela no endereço original, clique aqui


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FONTE: 
zé dirceu - um espaço para discussão no brasil

Os motivos de Joaquim Barbosa não dar prazo para a defesa


Não se iludam os Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) com a aparente unanimidade da mídia em relação ao julgamento do mensalão. O enquadramento das redações e colunistas impediu manifestações maiores de dúvida sobre a isenção dos magistrados. Fosse em tempos de maior pluralidade, a mídia teria servido de freio a alguns abusos cometidos.
Além disso, todo tema complexo permite o exercício do arbítrio pelo especialista – pela óbvia dificuldade em se entrar nos meandros da discussão e identificar as vulnerabilidades das conclusões.
Quando os primeiros questionamentos foram feitos – ainda em plena efervescência do julgamento -, não foram levados a sério por indicarem inconsistências tão absurdas, que soavam inverossímeis.
Muitas pessoas com quem conversei, simpáticas a uma condenação exemplar, acreditavam que entre as dezenas de milhares de páginas do inquérito haveria evidências capazes de derrubar as críticas.
A questão é que o tempo passou, houve a oportunidade de trabalhos mais alentados e meticulosos sobre o inquérito. E as críticas, em vez de esclarecidas, foram aprofundadas.
Cada vez mais é evidente que a análise das acusações tem produzido dúvidas cada vez maiores nos colunistas que efetivamente contam.
Mesmo com a imensa dose de cautela, compreensível nesses tempos bicudos, houve a manifestação de Elio Gaspari, avalizando o trabalho em que Raimundo Pereira desconstrói  as acusações contra João Paulo Cunha. Direto, Jânio de Freitas explicita as enormes dúvidas em relação as acusações contra Henrique Pizzolatto.
Nenhum dos dois pode ser acusado de petista, assim como outros jornalistas de renome que, fora das grandes redações, puderam exercitar livremente sua opinião.
A indignação decorre do abuso de poder. E, como tal, são caracterizadas as ações em que os magistrados colocam sua vontade acima dos fatos analisados.
É bem possível que as agências de publicidade tivessem pago pedágio ao PT, pelas contas conquistadas. Mas não foi isso o que a acusação apurou.
Tratou como desvio a verba de publicidade da Visanet ignorando um relatório detalhado do Banco do Brasil indicando todas as fontes de aplicação dos recursos.
Atribuiu a responsabilidade total da destinação das verbas a Henrique Pizzolatto, ignorando documentos que demonstravam expressamente que as decisões eram colegiadas, com a participação de representantes de outros sócios da empresa.
Salta aos olhos de qualquer jornalista o absurdo de considerar, exclusivamente nas operações da Visanet, os BVs (bônus de veiculação, o dinheiro que as agências recebem dos órgãos de mídia onde anunciam) como indício de corrupção. E não estender esse julgamento a todo o universo de BVs. Ou não exigir a devolução do dinheiro dos beneficiados – grandes órgãos de mídia.
No caso de João Paulo Cunha, tratou como ocultação o fato de não ter ido receber pessoalmente os R$ 50 mil do PT, mas enviado a esposa, que apresentou RG e assinou o recibo. E ignorou totalmente a comprovação do uso dos recursos para pesquisas eleitorais.
A postura de Joaquim Barbosa – impedindo prazo maior para a apreciação da defesa – não se deve ao seu conhecido espírito de torquemada. É mais que isso: é receio de que as inconsistências das acusações sejam expostas agora, não mais em matérias de blogs, mas nos próprios autos do processo.
É paura, medo de uma discussão na qual o clamor da mídia não servirá mais de respaldo para o uso do poder imperial.


FONTE: 

sexta-feira, 5 de abril de 2013

"NÃO PODE HAVER MONOPÓLIO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO"

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Em debate sobre os avanços e desafios dos governos da América Latina, organizado no prédio do Mercosul, em Montevidéu, ex-presidente Lula chama atenção para o combate ao monopólio nas comunicação; "No Brasil, nós temos nove famílias que determinam praticamente todo o poderio dos meios de comunicação", criticou o ex-presidente, que vai ocupando, no continente, o espaço deixado pelo venezuelano Hugo Chávez, morto em março

247 - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou na noite desta quinta-feira, durante debate no prédio do Mercosul, em Montedivéu, o monopólio dos meios de comunicação como um dos principais desafios dos governos latino-americanos. Durante o seminário “Transformações em risco? Perspectivas e tensões do progressismo na América Latina”, de que também participaram presidente do Uruguai, José Pepe Mujica e o secretário-geral da Confederação Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas (CSA), Victor Báez, Lula destacou que "não pode haver um monopólio dos meios de comunicação".
Segundo o ex-presidente brasileiro, "esse é um tema extremamente delicado e que tem que ser debatido em vários países". "Outro dia eu vi o [presidente Barack] Obama se queixando dos meios de comunição nos Estados Unidos. Se você vai na Alemanha, você ouve a Angela Merkel se queixar de alguns setores da imprensa", comentou. "No Brasil, nós temos nove famílias que determinam praticamente todo o poderio dos meios de comunicação", destacou Lula, acrescentando que "não é fácil mudar" esse cenário.
"Fizemos uma grande conferência, no Brasil, de que participaram milhares de pessoas e aprovamos um programa que agora está sendo discutido no Ministério das Comunicações para ver como se encaminha o debate para a sociedade avançar", lembrou Lula. "Porque nós queremos avançar, não queremos polemizar. O que nós queremos é provar que uma legislação que tem uma regulação feita em 1962 não vale para 2013. Não vale porque a gente não tinha um terço das coisas que nós temos hoje", explicou.
Ouça trecho do discurso do ex-presidente:
Leia o registro do Instituto Lula sobre o debate, que tratou sobre as ameaças de retrocesso no continente:
Instituto Lula - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do Uruguai, José Pepe Mujica e o secretário-geral da Confederação Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas (CSA), Victor Báez, participaram na noite desta quinta-feira (4), no prédio do Mercosul em Montevidéu, de um debate sobre os avanços e novos desafios dos governos progressistas e do movimento sindical latino americano.
No evento, promovido pela Fundação Friedrich Ebert durante o Congresso da CSA, Lula declarou que os governos progressistas apenas começaram, na última década, a corrigir os erros feitos durante 500 anos na região "e não há hipótese de retrocesso" afirmou o ex-presidente confiando que a população que conquistou ascensões sociais irá demandar novos avanços. Lula defendeu a importância de se seguir elegendo governantes progressistas, comprometidos com os trabalhadores e os setores mais pobres da população para o continente seguir avançando.
Na plateia do evento, sindicalistas de 17 países, a secretaria-executiva da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), Alicia Barcena, especialistas e políticos da região.
No debate, Lula mencionou as atividades do Instituto Lula para o desenvolvimento de uma doutrina que estimule avanços no processo de integração latino-americana, com reuniões em São Paulo com movimentos sociais e intelectuais da região. Mujica reforçou a necessidade do Mercosul e América Latina avançarem na integração além das trocas comerciais. "A integração é mercado e muito mais. E tem que ser construída. O mercado não vai integrar nada."
Um tema levantado foi a importância da democratização da comunicação para um amadurecimento do debate político na região.  "Se a liberdade de imprensa tem que passar pelo estreito olho da fechadura das empresas de mídia, não há liberdade de imprensa", declarou Mujica, lembrando que outros setores, que não apenas os mais ligados ao capital, também precistam ter ouvidas suas opiniões dentro do debate de vários setores da sociedade.
Barcena apontou a importância das políticas brasileiras de transferência de renda, desenvolvimento regional e valorização do salário mínimo para a redução de pobreza no país e no continente. Ela lembrou que na última década, segundo a Cepal, 57 milhões de pessoas saíram da pobreza na América Latina, sendo 40 milhões delas no Brasil.
Lula  apontou em um cálculo feito rapidamente, que os 9,5 trilhões de dólares gastos pela Europa e os Estados Unidos com a crise financeira, e os 1,7 trilhão de dólares gastos nos 10 anos da Guerra do Iraque seriam suficientes para sustentar um programa similar ao Bolsa Família para todos os pobres do mundo por 150 anos. Mas que em uma visão torta, muitos governos e economistas seguem vendo os recursos investidos para tirar as pessoas da pobreza como gastos e não como investimento que estimula o crescimento. "O que foi feito no Brasil pode ser feito em outros países", disse o presidente ao lembrar que em 2003, quando lançou o Fome Zero, não existiam folgas orçamentárias para criar o programa, nascido do compromisso de combater a pobreza e distribuir renda.


FONTE:
 

Mídia: Inglaterra e México avançam e Brasil não sai do lugar



Se na Inglaterra os partidos firmam acordo para regulação de jornais, revistas e internet, e no México o novo governo apresenta projeto de alterações no marco regulatório das comunicações com vistas a quebrar o oligopólio, no Brasil as autoridades descartam qualquer iniciativa. -  Por Venício Lima



Os principais pontos a serem incluídos na Carta Régia que dará amparo legal ao novo órgão regulador são: a escolha dos membros (no mínimo quatro e no máximo oito e um presidente) deve ser “independente, justa e transparente”; os membros indicados pela mídia não podem manter cargos de editores ou publishers nem ser deputados ou senadores; a maioria dos membros deve ser “independente da imprensa”; o novo “código de conduta” deve descrever parâmetros “especialmente no tratamento de pessoas para obtenção de material jornalístico”; avaliar o respeito à privacidade quando não houver interesse público suficiente para quebrá-la; recomendar rigor das informações e a necessidade de prevenir interpretações equivocadas; deve ser criada uma linha direta para reclamações sobre quebra de conduta por parte de jornalistas; decisões sobre reclamações de quebra de conduta serão tomadas pelo órgão regulador antes de encaminhadas à Justiça; o órgão regulador terá o poder de aplicar sanções financeiras (com valor de até 1 milhão de libras esterlinas, ou cerca de R$ 3 milhões).

No México, o novo governo do presidente Enrique Peña Nieto apresentou projeto de alterações no marco regulatório das comunicações com vistas a quebrar o oligopólio de conglomerados, como América Móvil e Televisa, e promover a concorrência no setor.

O projeto prevê a instituição de um novo órgão regulador com poderes para obrigar a venda de ações de empresas com mais de 50% do mercado, além de multas e regulação de preços para beneficiar empresas menores. Será criada uma infraestrutura estatal de telecomunicações que possibilite o acesso à internet para 70% dos domicílios e 85% das empresas do país.

No que se refere à televisão aberta, o projeto prevê a entrada de duas novas redes de transmissão digital, além de um canal estatal nacional com programas educacionais e culturais. As redes existentes seriam obrigadas a oferecer programação gratuita para operadoras de TV a cabo, sem custo. Prevê-se ainda a eliminação de qualquer restrição ao investimento estrangeiro no setor.

O projeto está em tramitação na Câmara dos Deputados.

E na Terra de Santa Cruz?
Enquanto avanços ocorrem em países tão distintos como a Inglaterra e o México – sem mencionar países vizinhos latino-americanos –, no Brasil autoridades governamentais descartam qualquer iniciativa no que se refere à regulação do setor de comunicações. Ignora-se o que acontece no resto do mundo e se interdita até mesmo o debate público, deliberadamente confundido com ameaças à liberdade de expressão.

É como se, na Terra de Santa Cruz, questões decorrentes das inovações tecnológicas e da ausência de regulamentação de normas e princípios inscritos na Constituição, há um quarto de século, simplesmente não existissem.

Resta à sociedade civil organizada prosseguir trabalhando para mobilizar a “vontade das ruas”.

Todo apoio, portanto, à campanha liderada pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), “Para expressar a liberdade – uma nova lei para um novo tempo”, e ao esforço para a elaboração de uma proposta que possa se transformar em Projeto de Lei de Iniciativa Popular.

Existe alguma alternativa?


*Publicado originalmente na revista 'Teoria e Debate'. Venício A. de Lima é jornalista e sociólogo, professor titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado), pesquisador do Centro de Estudos Republicanos Brasileiros (Cerbras) da UFMG e autor de Política de Comunicações: um Balanço dos Governos Lula (2003-2010), Editora Publisher Brasil, 2012, entre outros livros.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

A imprensa que se encantou com o nazismo


Observatório da Imprensa exibido na terça-feira (2/4) pela TV Brasil levou ao ar um especial sobre a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial, que em 2012 completou 70 anos. Entre 1939 e 1945, mais de 60 milhões de pessoas morreram em batalhas travadas na Europa, na Rússia, no Norte da África e na Ásia. Nos bastidores da guerra, uma ação silenciosa da Alemanha buscava conquistar o apoio do povo brasileiro através dos meios de comunicação. O OI na TV exibiu reportagens sobre o contexto histórico do período, a campanha dos pracinhas na Itália, o cotidiano dos brasileiros durante a guerra, o impacto do afundamento dos navios na população e como as novas gerações perpetuam a memória da guerra.
Alberto Dines recebeu no estúdio do Rio de Janeiro o historiador Orlando de Barros, professor decano do Instituto de Ciências Humanas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Doutor pela Universidade de São Paulo (USP), Barros é autor de livros e ensaios sobre História do Brasil, principalmente sobre o período Vargas. Escreveu um ensaio a respeito dos últimos meses de vida do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), o órgão publicitário oficial criado no Estado Novo.
Em editorial, Dines sublinhou a importância da entrada do Brasil na guerra para a história do país: “Nada é mais parecido com o presente do que o passado. Grande parte dos erros políticos, econômicos e estratégicos cometidos hoje podem ser claramente atribuídos ao desconhecimento do passado. É o preço de delegarmos apenas aos historiadores a tarefa de estudar a História. Um dos períodos cruciais para entender o Brasil contemporâneo foi a participação do país na Segunda Guerra Mundial. A efeméride já passou, poucos deram-se ao trabalho de lembrar o que aconteceu em agosto de 1942 – há sete décadas – quando uma ditadura de direita, o Estado Novo, proclamado por Getúlio Vargas, juntou-se a um bloco global de centro-esquerda e cruzou o Atlântico para combater um eixo de extrema direita” [ver íntegra abaixo].
Na corda bamba
O professor Luis Edmundo de S. Moraes, historiador da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFFRJ), explicou que naquele período o Brasil era um país dependente, mas transitava no cenário internacional com uma certa autonomia. “Era um país grande e muito pouco potente como ator no cenário internacional. E, portanto, opta por manter relações positivas onde ele pode encontrar frutos dessas relações. Nesse caso, [o Brasil] mantém relações positivas com a Alemanha e com os Estados Unidos, porque isso em alguma medida favorece as suas relações comerciais e dá a ele um certo jogo de cintura”. Com essa política de não se alinhar de forma absoluta aos Estados Unidos ou à Alemanha, o país garantiu margem de manobra com as duas potências.
A situação só mudaria em janeiro de 1942, quando o Brasil rompe relações diplomáticas com as potências do Eixo logo após a Conferência dos Chanceleres. O encontro, realizado no Rio de Janeiro, reuniu os ministros das Relações Exteriores das repúblicas americanas e foi convocado pelos Estados Unidos logo após o ataque a Pearl Harbor (dezembro de 1941). “Essa conferência é um tipo de mecanismo de política internacional no continente americano que foi acionado a partir da Conferência de Lima, em função da necessidade de dar respostas mais ágeis a situações percebidas como de crise internacionais e, obviamente, às expectativas hegemônicas dos EUA”, explicou Luis Edmundo. O historiador Fábio Koifman, professor da UFRRJ, registrou que o Brasil, naquele momento, absteve-se de declarar guerra ao Eixo.
No debate no estúdio, Dines relembrou que a Alemanha tentou envolver o Brasil mas, tradicionalmente, o país identificava-se mais com a Inglaterra. Nos anos 1920, o país tinha fortes relações comerciais com os Estados Unidos. O professor Orlando de Barros ressaltou que em 1928, às vésperas da Grande Depressão, a economia brasileira estava muito mais voltada para os Estados Unidos do que para a Inglaterra. Já a Alemanha havia passado por grandes dificuldades e precisava encontrar parceiros importantes. A parceria com o Brasil se fortaleceu com a crise de 1929. “Em 1938, o comércio bilateral do Brasil com a Alemanha superou o comércio com os Estados Unidos”, disse o professor. O fato acendeu a luz vermelha em Washington, que intensificou as relações com o Brasil.
Parceiro disputado
Na década de 1930, o Brasil desponta como importante fornecedor de matéria-prima para o esforço de guerra alemão. O III Reich monta uma poderosa máquina de propaganda na embaixada do Rio de Janeiro para conquistar a simpatia dos brasileiros. Um esquema de repasse de dinheiro garante a publicação de material favorável ao nazismo. O professor Francisco Carlos Teixeira, da Universidade Federal do Rio da Janeiro (UFRJ), revelou que os alemães usavam as linhas férreas alemãs, a companhia aérea Condor e, algumas vezes, a Varig para fazer esses pagamentos. As agências Transocean e Havas abasteciam os veículos com notícias que mostravam a Alemanha como modelo de progresso e atacavam os Estados Unidos e a Inglaterra. “Esse material tinha notícias nas quais os ingleses e os americanos apareciam como os culpados, os malfeitores, e os alemães eram vitimizados”, disse o professor.
A rede de propaganda comprou uma sala de cinema no Rio de Janeiro, o Cine Broadway, para exibir filmes e cinejornais do III Reich. Quatorze estações de rádio brasileiras foram subvencionadas pelo governo alemão. A Rádio Ipanema chegou a ser totalmente controlada pela embaixada daquele país. “A rádio Jornal do Brasil, a rádio Tamoyo e a rádio Mundial passam a receber, secretamente, fundos do Ministério da Propaganda e da Gestapo, a polícia secreta alemã, para os seus secretários e diretores. Não se tratava de manter as rádios, as rádios eram autossuficientes. Tratava-se de convencer esses dirigentes para que eles recebessem material pró-alemão e colocassem no ar”, disse Teixeira.
O vespertino Meio-Dia tornou-se instrumento do regime de nazista. Fundado em 1939, o jornal nasceu como um veículo moderno e independente, mas a direção não resistiu ao esquema de financiamento. O jornal se transformou em um entusiasmado propagandista de Hitler e das excelências de seu regime. Seu proprietário, o empresário Joaquim Inojosa, foi um dos expoentes da vanguarda intelectual do Recife. O jornalista Geneton Moraes Neto pesquisou a história do jornal para o livro Hitler-Stalin: O Pacto Maldito, que escreveu em parceira com o consagrado jornalista Joel Silveira. Geneton explicou que nos diários de Inojosa está claro que houve uma jogada de oportunismo:
“Ele identificou que uma parte da imprensa já apoiava a França e a Inglaterra, e que havia espaço para um jornal que se identificasse com a Alemanha. Eu entrevistei o ex-secretário de redação do Meio-Dia, Manoel Gomes Maranhão. Ele me disse o seguinte: ‘Não sei se devo dizer, mas a Transocean – que era uma empresa alemã – fornecia material e pagava para a gente publicar. Toda sexta-feira era uma agonia, o pessoal do jornal querendo saber se iria receber os ‘vales’ da semana’”, contou o jornalista.
Em agosto de 1939, o mundo assistiu estarrecido à assinatura de um pacto de não-agressão entre a Alemanha nazista e a Rússia comunista. Com a aliança, a ideologia de Hitler dominou as páginas do Meio-Dia.“O jornal festejou a assinatura do pacto, está aqui uma das manchetes: ‘Ampla e firme colaboração teuto-soviética!’, com exclamação na capa. E acrescenta: ‘Moscou engalanada’, ‘A Alemanha viverá e vencerá’”, sublinhou Geneton.
Imprensa com a ficha-suja
Meio-Dia lançou um caderno de cultura em 1940 e convidou o escritor Jorge Amado para editar a seção. O insólito pacto Hitler-Stalin gerou um racha na esquerda brasileira. “Eu cheguei a entrevistar Jorge Amado sobre essa colaboração. Ele disse que só editou uma página, mas alguém editou uma foto de um soldado alemão e ele disse que deixou o jornal imediatamente. Mas eu fui aos arquivos da Biblioteca Nacional e não foi exatamente assim que aconteceu. Jorge Amado editou várias páginas do jornal nos meses seguintes, pelo menos a assinatura de Jorge Amado aparece lá”, afirmou Geneton. O escritor convidou o então jovem repórter Joel Silveira para colaborar com o Meio-Dia.
Geneton explicou ainda que naquela época as ordens de Moscou não eram discutidas pelos integrantes do Partido Comunista. “Eu perguntei exatamente isso ao Jorge Amado, ele disse que não foram ordens do partido. Já o Joel Silveira disse que, claro, não foi uma ordem escrita, mas que ele identificava que essa colaboração foi feita pelos intelectuais em nome desse pacto. Joel dizia que a história do Meio-Dia era uma espinha na garganta que ele tinha porque achava que esse pacto era o que ele chamava de ‘uma patifaria’”, comentou Geneton. O jornalista esclareceu que os intelectuais escreviam apenas no caderno de cultura e que esta colaboração ocorreu no início da guerra, quando os horrores cometidos pelos nazistas nos campos de concentração ainda não eram conhecidos.
Um dos mais importantes jornais dos anos 1940, a Gazeta de Notícias também foi simpatizante da causa nazista e recebia material da Transocean. Entre os colaboradores do jornal está o poeta germanófilo e integralista Gerardo Mello Mourão. Em janeiro de 1942, antes de o Brasil declarar guerra, o então colunista e redator da Gazeta foi preso sob a acusação de colaborar com a Alemanha nazista. Pouco antes, Mourão levou uma encomenda para alemães que estavam na Argentina e intermediou outras remessas de material para o grupo. Em outubro, com o Brasil já na guerra, o presidente Getúlio Vargas baixou um decreto enquadrando espionagem como crime de segurança nacional. A medida era retroativa a janeiro daquele ano. Gerardo Mello Mourão foi condenado à pena máxima de 30 anos de prisão. Em 1946, com a redemocratização, o Supremo Tribunal Federal declarou o processo nulo.
Diário de Notícias da Bahia também foi cooptado pela embaixada alemã. Fundado no século 19, o jornal passou a ser apoiado por grandes empresas alemães sediadas na Bahia. O diário encontrava respaldo nas elites locais e foi impulsionado pelo estreitamento das relações comerciais com a Alemanha. O historiador José Carlos Peixoto explicou que a Bahia sediava uma grande quantidade de capitais alemães e o jornal tinha o intento de captar a simpatia dos empresários alemães. Por isso, seguiu a risca as diretrizes de propaganda do Partido Nazista. “O jornal se torna não apenas um espaço de comentários políticos pró-Alemanha, mas também um panfleto que vai dar chamadas de capas seguidas com uma linha editorial favoravel, explicitamente, à Alemanha nazista”, disse o historiador.
Propaganda no éter
Com a entrada do Brasil na guerra, em agosto de 1942, o III Reich precisou mudar a sua estratégia para levar a palavra de Hitler aos brasileiros. Em 1943, o governo alemão montou um departamento dentro da poderosa Rádio Berlim para transmitir diretamente para o Brasil, em português. “Eles têm que organizar uma grade que atendesse a um público que eles nunca tinham efetivamente trabalhado. Então, eles diziam: ‘música tem que ser ligeira, tem que ser opereta e coisa muito popular, senão eles perdem a paciência. Tem que ter um programa médico porque eles adoram coisas sobre medicina, inovações, tratamento. Um programa de receitas culinárias e comidas e, enfim, um jornal. Mas o jornal é bom ficar para o fim do dia, porque o brasileiro é preguiçoso e não acorda cedo’”, relatou o historiador Francisco Carlos Teixeira.
A imprensa descobriu a identidade dos oito brasileiros contratados pela rádio. No calor da guerra, a mídia encabeçou uma campanha pela punição dos traidores e promoveu uma devassa em suas vidas. Três deles eram brasileiros natos. “Dois, particularmente, chamaram a atenção da documentação da Gestapo. Um brasileiro, funcionário público, que migra para a Alemanha voluntariamente e se oferece para ser locutor na rádio de Berlim falando português contra o governo Vargas e contra a aliança do Brasil com os EUA, dizendo que o governo Vargas era traidor e estava vendendo o Brasil aos americanos”, disse Teixeira. Marco Antônio Cunha é encarregado de traduzir os comunicados do Alto Comando Alemão e o noticiário político para o português. Sua mulher, Nair, é datilógrafa na emissora. Assustada com a guerra, ela decide voltar para o Brasil, mas é presa no caminho. Pressionada, revela os detalhes da trama e é internada em um hospital psiquiátrico.
“Achamos, não no arquivo da Gestapo, mas no arquivo do Oberkommando Wehrmacht,o Estado Maior das forças armadas alemãs, uma documentação na qual a Wehrmacht acusaMarco Antônio Cunha de ser um agente americano e que teria se oferecido para trabalhar na rádio alemã para ter maior acesso, literalmente, no coração do Reich. Isso, naquele momento, por causa da tecnologia, era até importante para marcar os pontos de bombardeio. Então, aqui o mistério se estabelece”, disse o historiador.
A jovem musicista baiana Lourdes Lage ganhou uma bolsa de estudos e partiu para a Alemanha em 1939. “Poucos meses depois ela aparece trabalhando na mesma rádio alemã. Enquanto Marco Antônio fazia os discursos, ela tocava músicas brasileiras ao fundo, no piano, dando uma sensação de familiaridade, de ambiência, como se a rádio estivesse transmitindo do próprio Brasil ou de um ambiente muito brasileiro”, relatou Francisco Carlos. Semanas antes de a imprensa descobrir a identidade da pianista, ela foi acusada de ser professora de português de um grupo de espionagem alemão.
O professor Orlando de Barros comentou outro caso da participação alemã na mídia brasileira: o da jovem paulista Margarida Hirschman. Margarida viajou com o pai para a Alemanha, onde teria sido convencida pela Gestapo a trabalhar na divulgação da ideologia nazista no Brasil. “Ela trabalhou na Alemanha por alguns anos e quando houve a intervenção da FEB na Itália, em 1943, ela foi transferida para uma estação de rádio e continuou a fazer as irradiações em português para as tropas. E o curioso é que as tropas ouviam a Margarida Hirschman”, relatou o professor. Ao final da guerra, a jovem foi capturada e processada no Brasil. “Rubem Braga faz uma defesa desabrida dela na imprensa porque ele achava que o crime dela foi muito pequeno se comparado com outros, inclusive o Mourão”, comentou Orlando de Barros.
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A guerra pela democracia
Alberto Dines # editorial do Observatório da Imprensa na TV nº 678, exibido em 2/4/2013
Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
Nada é mais parecido com o presente do que o passado. Grande parte dos erros políticos, econômicos e estratégicos cometidos hoje podem ser claramente atribuídos ao desconhecimento do passado. É o preço de delegarmos apenas aos historiadores a tarefa de estudar a História.
Um dos períodos cruciais para entender o Brasil contemporâneo foi a participação do país na Segunda Guerra Mundial. A efeméride já passou, poucos deram-se ao trabalho de lembrar o que aconteceu em agosto de 1942 – há sete décadas – quando uma ditadura de direita, o Estado Novo, proclamado por Getúlio Vargas, juntou-se a um bloco global de centro-esquerda e cruzou o Atlântico para combater um eixo de extrema direita.
O fim da Segunda Guerra Mundial faz parte da história do Brasil. Era o fim da Terceira República e sonhava-se que seria a consolidação definitiva da nossa democracia.
Não foi. Disparado o último tiro na Europa, uma outra guerra iniciava-se no mundo: a Guerra Fria, que atrasou a nossa democracia em algumas décadas.
Esta edição do Observatório da Imprensa pretende lembrar que o convívio com o passado pode ser mais útil do que o culto ao futurismo.


FONTE: 
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