terça-feira, 24 de maio de 2011


Por: Carlos Drummond de Andrade

JOSÉ 

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José ?
e agora, você ?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José ?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José ?

E agora, José ?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora ?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora ?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José !

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José !
José, pra onde ?

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Friedrich Nietzsche, in 'A Genealogia da Moral'

A Fragilidade dos Valores.

Todas as coisas «boas» foram noutro tempo más; todo o pecado original veio a ser virtude original. O casamento, por exemplo, era tido como um atentado contra a sociedade e pagava-se uma multa, por ter tido a imprudência de se apropriar de uma mulher (ainda hoje no Cambodja o sacerdote, guarda dos velhos costumes, conserva o jus primae noctis). Os sentimentos doces, benévolos, conciliadores, compassivos, mais tarde vieram a ser os «valores por excelência»; por muito tempo se atraiu o desprezo e se envergonhava cada qual da brandura, como agora da dureza.
A submissão ao direito: oh! que revolução de consciência em todas as raças aristocráticas quando tiveram de renunciar à vingança para se submeterem ao direito! O «direito» foi por muito tempo um vetitum, uma inovação, um crime; foi instituído com violência e opróbio.
Cada passo que o homem deu sobre a Terra custou-lhe muitos suplícios intelectuais e corporais; tudo passou adiante e atrasou todo o movimento, em troca teve inumeráveis mártires; por estranho que isto hoje nos pareça, já o demonstrei na Aurora, aforismo 18: «Nada custou mais caro do que esta migalha de razão e de liberdade, que hoje nos envaidece». Esta mesma vaidade nos impede de considerar os períodos imensos da «moralização dos costumes» que precederam a história capital e foram a verdadeira história, a história capital e decisiva que fixou o carácter da humanidade. Então a dor passava por virtude, a vingança por virtude, a renúncia da razão por virtude, e o bem-estar passivo por perigo, o desejo de saber por perigo, a paz por perigo, a misericórdia por opróbio, o trabalho por vergonha, a demência por coisa divina, a conversão por imoralidade e a corrupção por coisa excelente.
 

quarta-feira, 11 de maio de 2011

O Orgulho e a Vaidade




O orgulho é a consciência (certa ou errada) do nosso próprio mérito, a vaidade, a consciência (certa ou errada) da evidência do nosso próprio mérito para os outros. Um homem pode ser orgulhoso sem ser vaidoso, pode ser ambas as coisas, vaidoso e orgulhoso, pode ser — pois tal é a natureza humana — vaidoso sem ser orgulhoso. É difícil à primeira vista compreender como podemos ter consciência da evidência do nosso mérito para os outros, sem a consciência do nosso próprio mérito. Se a natureza humana fosse racional, não haveria explicação alguma. Contudo, o homem vive a princípio uma vida exterior, e mais tarde uma interior; a noção de efeito precede, na evolução da mente, a noção de causa interior desse mesmo efeito. O homem prefere ser exaltado por aquilo que não é, a ser tido em menor conta por aquilo que é. É a vaidade em acção.

Fernando Pessoa, in "Da Literatura Européia"


quinta-feira, 5 de maio de 2011

Ensinamentos das MÃES DE ANTIGAMENTE:


por Alberto Rossi, quarta, 4 de maio de 2011 às 15:08
OS PSICÓLOGOS QUE ME PERDOEM...
 MAS EU ACHO QUE ESSA PSICOLOGIA FUNCIONAVA MESMO... 

Pra lembrar,  e rir (bastante...).Coisas que nossas mães diziam e faziam... 
Era uma forma, hoje condenada pelos educadores e psicólogos, mas funcionou com a gente e por isso não saímos seqüestrando a namorada, calculando a morte dos pais, ajudando bandido a sequestrar a mãe, não nos aproveitamos dos outros, não pegamos o que não é nosso, nem matando os outros por ai, etc... 

Minha mãe ensinou a VALORIZAR O SORRISO..."ME RESPONDE DE NOVO E EU TE ARREBENTO OS DENTES!" 
Minha mãe me ensinou a RETIDÃO..."EU TE AJEITO NEM QUE SEJA NA PANCADA!"
Minha mãe me ensinou a DAR VALOR AO TRABALHO DOS OUTROS..."SE VOCÊ E SEU IRMÃO QUEREM SE MATAR, VÃO PRA FORA. ACABEI DE LIMPAR A CASA!" 
Minha mãe me ensinou LÓGICA E HIERARQUIA..."PORQUE EU DIGO QUE É ASSIM! PONTO FINAL! QUEM É QUE MANDA AQUI?"
Minha mãe me ensinou o que é MOTIVAÇÃO...
"CONTINUA CHORANDO QUE EU VOU TE DAR UMA RAZÃO VERDADEIRA PARA 
VOCÊ CHORAR!"
Minha mãe me ensinou a CONTRADIÇÃO... " FECHA A BOCA E COME!"
Minha Mãe me ensinou sobre ANTECIPAÇÃO..."ESPERA SÓ ATÉ SEU PAI CHEGAR EM CASA!" 
Minha Mãe me ensinou sobre PACIÊNCIA..."CALMA!... QUANDO CHEGARMOS EM CASA VOCÊ VAI VER SÓ..." 
Minha Mãe me ensinou a ENFRENTAR OS DESAFIOS..."OLHE PARA MIM! ME RESPONDA QUANDO EU TE FIZER UMA PERGUNTA!"Minha Mãe me ensinou sobr e RACIOCÍNIO LÓGICO..."SE VOCÊ CAIR DESSA ÁRVORE VAI QUEBRAR O PESCOÇO E EU VOU TE DAR UMA SURRA!"
Minha Mãe me ensinou sobre o REINO ANIMAL..."SE VOCÊ NÃO COMER ESSAS VERDURAS, OS BICHOS DA SUA BARRIGA VÃO COMER VOCÊ!"
Minha Mãe me ensinou sobre GENÉTICA..."VOCÊ É IGUALZINHO AO SEU PAI!"
Minha Mãe me ensinou sobre minhas RAÍZES..."TÁ PENSANDO QUE NASCEU DE FAMÍLIA RICA É?"
Minha Mãe me ensinou sobre a SABEDORIA DE IDADE..."QUANDO VOCÊ TIVER A MINHA IDADE, VOCÊ VAI ENTENDER."Minha Mãe me ensinou sobre JUSTIÇA..."UM DIA VOCÊ TERÁ SEUS FILHOS, E EU ESPERO ELES FAÇAM PRÁ VOCÊ O MESMO QUE VOCÊ FAZ PRA MIM! AÍ VOCÊ VAI VER O QUE É BOM!" 
Minha mãe me ensinou RELIGIÃO..."MELHOR REZAR PARA ESSA MANCHA SAIR DO TAPETE!"
Minha mãe me ensinou o BEIJO DE ESQUIMÓ..."SE RABISCAR DE NOVO, EU ESFREGO SEU NARIZ NA PAREDE!" 
Minha mãe me ensinou CONTORCIONISMO..."OLHA SÓ ESSA ORELHA! QUE NOJO!"
Minha mãe me ensinou DETERMINAÇÃO..."VAI FICAR AÍ SENTADO ATÉ COMER TODA COMIDA!" 
Minha mãe me ensinou habilidades como VENTRÍLOGO..."NÃO RESMUNGUE! CALA ESSA BOCA E ME DIGA POR QUE É QUE VOCÊ FEZ ISSO?" 
Minha mãe me ensinou a SER OBJETIVO..."EU TE AJEITO NUMA PANCADA SÓ!"
Minha mãe me ensinou a ESCUTAR ..."SE VOCÊ NÃO ABAIXAR O VOLUME, EU VOU AÍ E QUEBRO ESSE RÁDIO!" 
 Minha mãe me ensinou a TER GOSTO PELOS ESTUDOS..."SE EU FOR AÍ E VOCÊ NÃO TIVER TERMINADO ESSA LIÇÃO, VOCÊ JÁ SABE!..."
Minha mãe me ajudou na COORDENAÇÃO MOTORA..."JUNTA AGORA ESSES BRINQUEDOS!! PEGA UM POR UM!!"
Minha mãe me ensinou os NÚMEROS..."VOU CONTAR ATÉ DEZ. SE ESSE VASO NÃO APARECER VOCÊ LEVA UMA SURRA!"

 Brigadão, Mãe !!! Eu não virei bandido.

( autor desconhecido)

domingo, 1 de maio de 2011

As coisas que ficam

" De tudo, ficam três coisas:
A certeza que estamos sempre começando...
A certeza que é preciso continuar...
A certeza que seremos interrompidos antes de terminar...
Por tanto, devemos...
Fazer da interrupção um novo caminho,
Da queda um passo de dança...
Do medo uma escada...
Do sonho uma ponte...
Da cura ... um encontro."

( Autor desconhecido) 
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