quarta-feira, 28 de novembro de 2012

‎'L'OMERTÀ' DA MÍDIA MAFIOSA QUE ESCONDE O BRASI




A prática mafiosa tal qual a "Omertà" (= ato de conspirar/silenciar/proteger entre si) da grande mídia brasileira, é algo realmente assustador. 

Nos leva a refletir como somos ainda 'reféns e impotentes' diante a falta de leis(?) e/ou dada a falta de um sistema judiciário descompromissado e livre do poder e da influência das 'oligarquias econômicas e políticas'. Somos também, 'reféns e impotentes' diante a incapacitação e vontade política de parlamentares que não agem de forma transparente e autonoma ,e.o., para cumprir as leis como regulamentar urgentemente o sistema midiátrico ou de tele-comunicações no Brasil. Repito, que somos 'reféns e impotentes' do PIG=partido da imprensa golpista e sua 'Omertà' que silenciam-se covardemente diante os escandâlos em que parte da mesma é protagonista, bem como, somos 'reféns e impotentes' e envergonhadxs diante um superior tribunal federal-STF, que 'caça' esquerdistas e via 'habeas corpus et pecunia' deixa livre p.exemplo: banqueiros corruptos, estupradores, bicheiros-mafiosos,etc,etecetera,..mas até quando? Vamos continuar a tomar 'porrada' sem nada fazer? É preciso agir Brasil, por que quem cala, consente. Não podemos subestimar o contínuo 'modus operandi' do PIG=partido da imprensa golpista e sua 'Omertà' até sermos mais um 'Paraguai'! Os 'heróis' criados por estes para o 'consumo' de 'lobotomizadxs' e a sua formação de opinião pública em geral ainda fazem efeito, basta olhar a composição de nosso parlamento. Hoje é o PT que está 'apanhando' dessa burguesia lesa-pátria, e amanhã? Quem será a 'bola da vez'? Está mais do que na hora da sociedade civil organizada e dos partidos políticos progressistas e de esquerda agirem em conjunto e deixarem, mesmo que por um momento, suas diferenças políticas de lado e lutar juntxs pela consolidação das conquistas adquiridas e seguir lutando por um Brasil (A.L) mais justo, igualitário, solidário e democrático. 
Pode ser um 'brado ingenuo' este meu, mas acredito não estar sozinha em pedir : 

Intervozes - Levante sua voz - A Verdadeira 

história da mídia brasileira




- A imediata criação de um Movimento Supra-Partidário que exponha e exija o fim do 'PIG-Omertà'! 
- Pela discussão democrática e a exigencia da implementação urgente de uma nova 'Ley de Medios' e entre outros, 
- Pela mudança da escolha dxs juízxs do STF! 
SE A ESQUERDA É UNIDA, JAMAIS SERÁ VENCIDA!
Vamos às ruas já! Basta! "..Quem sabe faz a hora , não espera acontecer"! por Alda Cotta, historiadora e ativista política.

(capa/foto: Revista Carta Capital)

(post.p/A.C.adm.pag)



A guerra das tarifas de energia





A guerra travada em torno da medida provisória 579, que altera as regras das concessões públicas no setor de energia elétrica e reduz o valor das contas de luz para consumidores e empresas, ganhou novos atores nesta semana. Antes, a mídia privada e o PSDB, tendo a frente o cambaleante Aécio Neves, uniram-se para defender as empresas e derrubar a MP do governo Dilma. Agora, setores da indústria entraram na briga para defender a aprovação do projeto e até divulgaram anúncios pagos na imprensa com este objetivo.

Para o diretor do departamento de infraestrutura da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Carlos Cavalcanti, o corte da tarifa de energia elétrica é uma antiga bandeira dos setores produtivos para aumentar a competitividade das empresas. “A presidenta seguiu a cartilha da Fiesp”, argumentou, para justificar os anúncios publicitários de página inteira publicados em vários jornais. Sem criticar os que se opõem ao projeto, ele condenou o “terrorismo” da campanha contra a MP que difunde que haverá colapso no setor.

“Cavalcanti argumenta que estudos do próprio setor elétrico comprovavam, há pelo menos um ano, que as tarifas deveriam cair, dos atuais R$ 96 para R$ 30, ao se descontar a amortização de investimentos. ‘Os investimentos já foram amortizados há anos e as tarifas não foram reduzidas’, reclama. Os estudos da Fiesp sugeriam que as tarifas, descontada a amortização que já ocorreu, cairiam para R$ 21. O governo aponta para R$ 27”, relata matéria do jornal Valor. O PSDB e a mídia “privada” perderam um importante aliado!

terça-feira, 27 de novembro de 2012

São Paulo é negligente no combate à onda de violência, diz Anistia .



DA BBC BRASIL Autoridades de São Paulo estão falhando em garantir a segurança pública e punir abusos a direitos humanos cometidos por agentes do Estado, afirmou a Anistia Internacional em entrevista exclusiva à BBC Brasil. A afirmação ocorre em meio a uma onda de violência que já resultou nas mortes de mais de 90 policiais desde o início do ano e levou o número de vítimas de assassinatos no Estado para 571 só em outubro. A Anistia Internacional citou suspeitas de envolvimento de policiais em homicídios motivados por vingança e disse que tais casos não foram investigados adequadamente "durante muitos anos". A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirmou que vem cumprindo as leis de forma rigorosa, prendendo e expulsando maus policiais em todos os casos de violações. "O Estado não compactua com policiais criminosos", disse a pasta em nota. "Condenamos a negligência do Estado em duas questões: garantir segurança pública ampla e respeitosa e assegurar justiça para as vítimas de violações cometidas por agentes do Estado", afirmou Tim Cahill, pesquisador da Anistia Internacional, especialista em assuntos brasileiros. A Anistia Internacional também condenou os ataques contra policiais, mas afirmou que é necessária a criação de um órgão federal independente, com poderes suficientes para investigar violações de direitos humanos no país. CICLO DE VIOLÊNCIA Desde o início deste ano vem se intensificando em São Paulo um conflito entre policiais e a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). Segundo analistas e promotores ouvidos pela BBC, ações mais agressivas adotadas pela polícia para enfrentar o PCC provocaram uma forte retaliação do crime organizado, que deixou dezenas de policiais mortos --a maioria atacada no período de folga. Em um ciclo ascendente de violência, grupos de atiradores não identificados deram início a uma onda de ataques a vítimas em bairros e cidades periféricos de São Paulo. Imediatamente surgiram suspeitas de que tais esquadrões da morte eram formados por policiais e ex-policiais que decidiram agir por conta própria. O ex-delegado geral de São Paulo chegou a afirmar na semana passada que registros criminais de parte das vítimas dos atentados foi checada em computadores da polícia momentos antes dos assassinatos. Horas depois, ele mudou sua declaração afirmado que tal prática foi um problema "no passado". "A Anistia Internacional tem seguido a questão da violência em São Paulo por décadas". disse Cahill à BBC Brasil. "Há muitos anos houve um alto número de mortes cometidas pela polícia que não estão sendo investigadas. Nós acreditamos que isso contribui não só para a corrupção da polícia mas para o próprio envolvimento da polícia em atos criminosos" Em maio de 2006, o PCC praticamente parou a cidade de São Paulo com uma série de ataques contra forças de segurança pública. A violência na ocasião deixou quase 50 políciais e agentes penitenciários mortos e resultou nos assassinatos de aproximadamente 400 pessoas. Cahill afirmou que tanto em 2006 como agora há fortes indícios de envolvimento de policiais nas mortes de civis, embora a Anistia não tenha "evidências concretas". "Como em 2006, recentemente há uma grande suspeita de que o aumento notável de homicídios no Estado de São Paulo inclua um envolvimento forte de policiais", afirmou. Madagascar na Paulista ÓRGÃO INDEPENDENTE Ele afirmou ainda que é necessário conduzir um processo de investigação independente sobre os casos e criar no país o que chamou de "um instituto nacional de direitos humanos", que seja independente do Estado e tenha o poder de investigar as ações da polícia. Cahill disse que um projeto de lei relacionado a esse assunto tramita no Congresso, mas ele não atenderia totalmente a padrões internacionais de independência. Afirmou ainda que o país deve abolir a prática de registrar assassinatos cometidos por policiais sob a classificação de "resistência seguida de morte". Esse recurso, afirmou, serviria apenas para evitar investigações imediatas e ajudaria a acobertar ações de maus policiais. A Secretaria da Segurança Pública afirmou que embora a Anistia Internacional seja uma organização respeitável, suas declarações à BBC estão "equivocadas". A pasta afirmou que o novo Secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, determinou "reforço e atenção prioritária às investigações (dos assassinatos recentes), considerando-se todas as hipóteses nas apurações". Ele anunciou uma integração maior entre os diversos setores da polícia e reforços nas forças de seguranças "para garantir a obtenção de resultados satisfatórios à população".


Dilma e o controle remoto



Por Eduardo Guimarães em seu Blog :  blogdacidadania


A frase em epígrafe tem sido proferida pela presidente Dilma Rousseff desde a sua posse no cargo, em 1º de janeiro de 2011. A última vez em que a proferiu publicamente foi em 7 de novembro último, na abertura 15ª Conferência Internacional Anticorrupção, logo após a mídia ter tentado destruir o PT eleitoralmente durante a campanha eleitoral deste ano.
Essa frase, que já se tornou um mantra da presidente, incomodou parcela da sociedade que apóia o governo e que está revoltada com o uso político que tem sido feito de concessões públicas de rádio e televisão, sobretudo no sentido de pressionar o Judiciário a condenar os réus da ação penal 470.
Há, ainda, outra frase de Dilma que vem desde a campanha eleitoral de 2010. Nas suas várias declarações sobre o tema comunicação, a presidente sempre disse que o único controle de mídia que ela leva em consideração é o controle remoto, de forma que quem queira possa mudar de canal de TV ou de emissora de rádio.
“Não conheço outro tipo de controle [da mídia]”, repete a mandatária sempre que alguém fala do assunto.
Sob esse espírito, Dilma, assim que assumiu, engavetou projeto de regulação da mídia deixado por seu antecessor e padrinho político, um projeto elaborado pelo ex-ministro Franklin Martins após exaustivas consultas a órgãos reguladores da mídia dos países desenvolvidos e infindáveis estudos sobre as legislações desses países.
Em novembro de 2010, no apagar das luzes do governo Lula, a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) promoveu o seminário internacional “Comunicações Eletrônicas e Convergência de Mídias”. O encontro trouxe a Brasília os titulares das agências de regulação da mídia de países como Reino Unido, França e Canadá, entre outros.
Quem, como este que escreve, acompanhou aquele Seminário, sabe muito bem que a regulação da mídia que se pretende para o Brasil não difere em nada das legislações das democracias mais avançadas do planeta.
Na França, por exemplo, existe a Autorité de Régulation des Communications Electroniques et des Postes (Arcep); Na Inglaterra, há o Office of Comunications (Ofcom); nos Estados Unidos, há o Federal Communications Commission (FCC). E por aí vai.
No Brasil, a mídia e sua militância dizem que esses órgãos se limitam ao papel que a Anatel exerce aqui, o que não é verdade. A Anatel regula relações comerciais, mas não fiscaliza uso político de concessões públicas de rádio e televisão e tampouco atua para impedir a formação de oligopólios como fazem as agências dos países ricos.
Só para que se possa mensurar a dimensão da anomalia comunicacional brasileira, não existe, em nenhuma parte do mundo desenvolvido, um império de comunicação como o da Globo, que, nos Estados Unidos, por exemplo, teria que ser fatiada e vendida. Há grupos maiores pelo mundo, mas não se concentram em um país só.
O império de Rubert Murdoch ou o de Carlos Slim se espraiam por vários países. Em um país só, a Globo é o maior.
Outra balela sobre a regulação da mídia é a de que seus defensores pretendem “censurar conteúdo” como na Argentina, na Venezuela ou no Equador. É balela porque nenhum desses países censurou a mídia. Em todos eles, basta ligar a televisão ou comprar um jornal para constatar que os governos continuam sendo duramente criticados.
Não foi à toa que Frank la Rue, relator especial da ONU para a liberdade de expressão e opinião, deu a seguinte declaração sobre a “ley de medios” argentina:
Creio ser o mais avançado que existe em termos de liberdade de expressão na América Latina e certamente um exemplo para o mundo”.
Dilma Rousseff não é nenhuma tolinha. Ela sabe muito bem, portanto, que as propostas de regulação da mídia que vêm sendo feitas no Brasil não contêm nenhum tipo de intenção de censura de conteúdo. Ela sabe, também, que a legislação brasileira é profundamente anacrônica, oriunda da primeira metade do século XX, quando não existiam as plataformas de mídia que existem hoje e a televisão era, ainda, um artigo de luxo.
Por que, então, a presidente se vale do escapismo sobre o “controle remoto” toda vez que se manifesta sobre o assunto regulação da mídia? Por que o governo está condenando o Brasil a continuar com uma comunicação de massas de republiqueta bananeira?
O Blog fez algumas consultas a pessoas próximas à presidente que preferem se manter no anonimato. A postura de Dilma não deriva de medo da mídia, que já faz, hoje, tudo que pode para desmoralizar seu governo e pressionar a Justiça contra esse governo e contra o partido da presidente. Dilma teme é o Legislativo…
Não existe clima no Congresso para aprovação de uma legislação sobre comunicação inspirada nas legislações dos países em estágio civilizatório mais avançado, como Estados Unidos e os países da União Europeia.
Enorme parcela do Congresso é composta ou de donos de meios de comunicação ou de políticos ligados a tais meios, simplesmente porque, em um país deste tamanho, sem uma estratégia e alguma força em termos de comunicação é muito difícil um político se eleger.
Não confundamos a eleição majoritária de um presidente da República com as eleições de vereadores, deputados estaduais e federais, senadores e prefeitos de milhares de pequenos municípios. Esses, dependem muito mais da boa vontade das mídias locais.
A rejeição à civilização do país via regulação moderna da mídia, portanto, é apenas mais um dos vários sintomas do atraso paroquial que ainda aprisiona o Brasil. Este, manifesta-se em um Judiciário submisso ao capital e na promiscuidade entre políticos e meios de comunicação.
Uma proposta de lei da mídia fatalmente fracassaria no Congresso e seria alvo de bloqueio pelo Judiciário, mesmo que seja uma lei inspirada nas dos países mais avançados do mundo. E ainda poderia provocar uma ruptura do governo com partidos como o PMDB, por exemplo, no qual grande parte dos membros tem meios de comunicação.
A luta pela democratização da comunicação, neste momento, está sendo perdida pelos setores democráticos da sociedade. Não existe, ainda, a menor esperança de fazê-la avançar. Além disso, o Judiciário brasileiro não passa de braço dos interesses da elite racial, econômica e regional que infecta o país.
Se quisermos fazer a luta pela democratização das comunicações avançar, então, teremos que tomar alguns cuidados.
Toda vez que algum meio de comunicação comete algum excesso, os que batalham pela democratização desse setor logo pedem “ley de médios”. Isso dá a impressão de que uma legislação mais avançada impediria a mídia de atacar o governo.
Não é isso. A regulação da mídia versaria sobre propriedade cruzada, ou seja, sobre concentração de propriedade de meios de comunicação e sobre uso partidarizado de concessões públicas, mas não impediria críticas a governo algum desde que quem diverge pudesse ter o mesmo espaço. E isso só em concessões públicas, porque um jornal, por exemplo, poderia fazer o que quisesse.
A luta para democratizar a comunicação será árdua e não avançará muito neste governo e nesta legislatura. Ainda poderá levar muitos anos para que avance em um país desigual como o nosso, em que as elites ainda conservam tanto poder.
É muito mais provável que a tecnologia, ao continuar avançando, reduza o poder discricionário que os barões da mídia ainda detêm. Mesmo assim, isso pode demorar, talvez, ainda uma década para produzir os efeitos democratizantes desejados.
Esses são os fatos. Se quiser, leitor, pode chorar. Mas cuidado com o discurso, porque a estratégia da direita midiática é usar o que dizemos para distorcer o que pretendemos, os que defendemos uma comunicação de país desenvolvido para o Brasil.

Marcha em defesa do veto parcial ao Projeto de Lei dos Royalties parou o centro do Rio


Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil


Rio de Janeiro – A marcha Veta, Dilma - contra a mudança na lei dos royalties - reuniu na tarde de hoje (26) 200 mil pessoas no centro do Rio, segundo estimativa divulgada pelo governo do estado. Desde o início da tarde, milhares de pessoas seguiram pela Avenida Rio Branco, da Igreja da Candelária até a Cinelândia, tradicional local de manifestações políticas da cidade.
Grande parte dos manifestantes estava fantasiada de personagens conhecidos como o cantor Michael Jackson e o papa João Paulo II. Jovens com os rostos pintados de azul e branco, as cores da bandeira do estado, se apresentavam em grupos, muitos vindos de bairros distantes.
Moradora de Campo Grande, na zona oeste, a estudante Mirian Correa Alves, que cursa a sexta série do ensino fundamental, resumiu o motivo de sua participação: “Se perdermos os royalties, todo o estado vai ser prejudicado. Inclusive minha família, que pode ficar sem emprego”. A amiga Maria Caroline Flores, que terminou o ensino médio e agora se prepara para o curso universitário, alegou o mesmo motivo. “O meu pai é metalúrgico, e ele poderá perder o emprego”, disse.
Para a auxiliar de serviços gerais Elizabeth Arantes, que assistia à passeata no horário de folga no trabalho, o problema dos royalties é complexo de entender. Mas, segundo ela, o Rio de Janeiro não pode perder recursos com a mudança. “O petróleo é nosso, é daqui do Rio. E tem outros estados que estão querendo os mesmos direitos. Se o governo do Rio perder, vai deixar de investir em muitas coisas, inclusive no bolso do povo”, declarou.
Mas nem todo mundo que participava da marcha apoiava o veto ao projeto. “Somos contra esta passeata. Osroyalties são uma falsa questão. O governo do estado nunca justificou onde eram aplicados os recursos oriundos dos royalties. Temos um déficit habitacional de 12 milhões de moradias no país e 5 mil prédios abandonados só na cidade do Rio”, disse Andre de Paula, advogado da Frente Internacionalista dos Sem Teto, que junto com um pequeno grupo portando faixas e cartazes, fazia seu protesto com a ajuda de um megafone.
A manifestação terminou na Cinelândia, em frente a um palco montado nas escadarias do Palácio Pedro Ernesto, sede do Legislativo carioca, onde se sucederam políticos e artistas, misturando discursos e músicas, incluindo um inédito rap Veta, Dilma. O Hino Nacional foi interpretado pela cantora Alcione, acompanhado por todos, que logo depois cantaram Cidade Maravilhosa.
A presidenta Dilma tem até o próximo dia 30 para decidir se veta, total ou parcialmente, o Projeto de Lei 2.565/11, que redistribui os royalties do petróleo, que hoje são divididos, em sua maior parte, entre o Rio de Janeiro e Espírito Santo. Com a mudança na lei, os demais estados e municípios passarão a ter direito na divisão dos recursos oriundos da exploração do petróleo.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A guerra contra a esquerda no Brasil

Veja aqui o que o Partido da Imprensa Golpista (PIG- Partido da Imprensa Golpista) não mostra!



Os recentes atos públicos contra o julgamento político  a que  foram submetidos dirigentes petistas como José Dirceu e José Genoíno levaram setores da grande imprensa  a tentar pautar o Partido dos Trabalhadores e o próprio governo Dilma, sugerindo que não lhes interessaria a defesa de réus condenados, pois eles pertenceriam ao passado. 
Todavia a esquerda, e não só a do PT felizmente tem outra avaliação. A judicialização da política e a  politização da justiça aprofundam a  repressão seletiva contra os movimentos sociais, restaurando práticas superadas na história do Brasil. A esdrúxula interpretação que o STF concedeu à assim chamada teoria do  domínio do fato poderá e provavelmente será usada contra o MST, o movimento estudantil, os sindicalistas etc.
Trata-se de uma inflexão que se põe na contramão do avanço democrático conquistado pelo país desde o fim da Ditadura Militar.  
 
Entre nós, também a democracia passou a ser vista como um valor universal e se tornou cada dia mais difícil julgar os opositores segundo critérios assumidamente políticos. Como também se faz mais difícil manter políticas econômicas de gerenciamento de crises contra os trabalhadores por governos eleitos regularmente. Na arena militar tornou-se contraproducente defender guerras de agressão e de conquista dirigidas por “Estados Democráticos”.
 
Para contornar essas dificuldades, a primeira “solução” encontrada consiste em ver a economia como se fosse uma organização natural. Assim, as eleições se limitariam à escolha de gestores com maior ou menor sensibilidade social. A gestão da economia deveria ser encaminhada por técnicos e por funcionários de bancos centrais “independentes”.
 
A segunda saída dentro da “democracia” levou à retomada  do conceito de guerra justa, praticada supostamente em nome de valores universais. As guerras contra Iraque,  Afeganistão, Líbia, Síria e Palestina foram “justificadas” a partir dessa doutrina.
 
A terceira, e que mais nos interessa no momento, consiste na tentativa de transformar demandas sociais e políticas em questões similares à da justiça comum. Trata-se de um retrocesso, até mesmo em relação ao velho Presidente Washington Luiz, que explicitava o caráter repressivo de seu governo admitindo que a questão social era caso de polícia. Mas é também um retrocesso perante as práticas da própria ditadura militar a qual distinguia presos políticos e comuns.
 
Cabe reconhecer que se trata por outro lado, de um avanço da sofisticação das formas de dominação. Assim  como a economia é naturalizada e a guerra é “humanizada”, a ação política é limitada e penalizada pelo ordenamento jurídico que se justifica em nome de um suposto conteúdo “ético”.
 
Que o PT e o atual governo tenham se iludido acerca da correspondência necessária dessas manifestações com  a atual fase de desenvolvimento do capitalismo não nos deve surpreender. Eles fazem parte do sistema no qual se colocam como polo antitético interno. A atual crise revela mais uma vez que o capital e seus governos buscam conter a queda da taxa média de lucro através da destruição de direitos duramente conquistados pelos trabalhadores. Claro, em nome da racionalidade econômica, da democracia e do Direito.
 
Afinal, ninguém pode reclamar da taxa de juros, posto que ela é um  preço que se autodefine no mercado como qualquer outro. Ninguém deve se insurgir contra as agressões imperialistas, já que elas são intervenções humanitárias. E  quem vai se levantar para defender “criminosos comuns”?
 
Que um julgamento seja um  “marco histórico” justamente com dirigentes do PT no banco dos réus; que ministros do STF, numa simbiose estranha com os meios de comunicação tenham cobertura televisiva de celebridades; que racistas contumazes tenham recentemente descoberto num negro um herói de ocasião; que o cerne da tese do Procurador Geral da República seja comprovadamente falsa; que os crimes eleitorais de alguns dos acusados (graves em si mesmos) tenham se transformado “em maior atentado à República”; que o Ex-Ministro José Dirceu,  contra quem não se encontrou prova alguma, seja o mais gravemente apenado de todos os deputados julgados; tudo isso seria cômico se não fosse apenas o anúncio de uma guerra de extermínio contra a esquerda.
 
A maioria do eleitorado rejeitou o uso político de escândalos e literalmente  votou contra o STF. Que juízes em nome de leis casuísticas possam cassar mandatos populares de pessoas eleitas pelo povo é um exercício de autoritarismo inédito em nosso país. A atual configuração da lei eleitoral procura tutelar o eleitor, considerando-o inapto para exercer seu democrático direito à livre escolha de seus representantes. Parte-se do primado “iluminista” de que os eleitores estão mergulhados nas trevas e não conhecem o passado e as ações dos candidatos. Mas, em nome de que princípio um juiz se arvora o direito de cassar a vontade popular?
 
É evidente que toda justiça corresponde à ideologia dominante, mas ela deve repelir a violação de ritos processuais que garantem a sua aparente neutralidade. A politização explícita da justiça cobrará o seu preço porque a história não para. Chegará o momento de limitar o mandato dos juízes e exigir sua escolha mediante eleições diretas. Que se comportem como políticos é mais do que normal. Mas não que sejam ditadores vitalícios.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Punição às avessas: Gerente da Anvisa denuncia liberação irregular de agrotóxicos e é demitido




Luís Cláudio Meirelles, ex-gerente-geral de Toxicologia da Anvisa, diz que as pressões eram frequentes. Foto: Sergio Amaral/CartaCapital

por Marcelo Pellegrini, em CartaCapital

 Na última quarta-feira 14, o ex-gerente geral de toxicologia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi demitido após apontar irregularidades na liberação de sete agrotóxicos. O caso ganhou repercussão depois de Luiz Cláudio Meirelles, antigo gerente geral, ser exonerado e recorrer à internet para denunciar o esquema.
Pelas redes sociais, Meirelles afirmou que os produtos não passaram pela avaliação toxicológica, obrigatória para o registro do Ministério da Agricultura. Além disso, alguns processos continham assinaturas falsificadas ou haviam desaparecido. “O mais grave é o fato de os produtos não terem passado pela avaliação toxicológica. Sem isso não sabemos se um material que vai para as plantações e posteriormente para os alimentos pode ou não ser prejudicial à saúde.”
Desde 2008, o Brasil lidera o comércio mundial de agrotóxico. O crescimento do setor foi meteórico. Enquanto, nos últimos dez anos, o mercado avançava a um ritmo de 90%, no Brasil o setor se expandiu em 190%, de acordo com os dados do Dossiê dos Agrotóxicos, apresentado 10º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, em Porto Alegre. Hoje as plantações brasileiras consomem 7,3 bilhões de dólares de agrotóxicos, equivalente a 19% do mercado global.
“A pressão sobre a Anvisa é grande, tanto em demanda de processos quanto em pressão política para a aprovação”, conta Meirelles a CartaCapital. Funcionário da Anvisa por quase 13 anos, ele vivenciou o processo de crescimento do setor e pressão. “Hoje seis empresas dominam cerca de 70% do mercado de agrotóxicos no País. Por isso é normal existir pressões. Toda semana recebíamos visita de parlamentares para saber do andamento dos processos.”
Entre os sete processos que não passaram pela avaliação da Anvisa, quatro são da empresa OuroFino Agronegócios. A empresa é a mesma que, em 2011, emprestou um jatinho ao então ministro da Agricultura Wagner Rossi (PMDB). O caso acelerou a queda de Rossi.
Além da OuroFino, as empresas FMC Química do Brasil e Consagro também possuem processos irregularidades. No caso da FMC Química do Brasil, seu produto, Locker, já possuía um registro publicado no “Diário Oficial da União” em junho e estava disponível no mercado desde março.
As irregularidades foram detectadas há mais de três meses pelo ex-gerente-geral da Anvisa, que pediu ao Ministério da Agricultura a suspensão dos registros dos produtos. “Houve uma quebra de confiança em um dos gerentes da equipe. Antes todos trabalhavam dentro das normas”, defende. “Assim que percebi que alguns processos estavam em um ritmo muito adiantado, percebi a irregularidade, comuniquei a direção da agência e revi os processos”, completa. O gerente citado é Ricardo Veloso e, segundo Meirelles, os processos de checagem ainda não terminaram. Existe, segundo ele, a possibilidade de que se comprovem mais casos de irregularidades. “Achamos sete casos, mas podem ser mais. Não sabemos quando, ao certo, isso começou”. Para ele, apenas uma rede de proteção permanente é capaz de blindar os funcionários do lobby político das empresas.
Em nota, a Anvisa classificou as denúncias como “extremamente graves” e informou que encaminhou o caso à Corregedoria da agência e à Polícia Federal. Além do desvio de conduta de Veloso, que levou ao seu afastamento, a exoneração de Meirelles foi assim justificada pelo órgão: ele “tinha elementos para evitar os fatos há mais tempo”. A Anvisa também informou que irá verificar as avaliações toxicológicas de cerca de 120 produtos concedidos desde 2008.

Adoniran Barbosa - 23 de novembro de 1982



Adoniran Barbosa - Saudosa maloca (1955)




Adoniran Barbosa nasceu em 06 de agosto de 1910, em Valinhos, SP. foi um colecionador nato de apelidos. Seu verdadeiro nome era João Rubinato - mas cada situação por ele vivida o transformava num novo personagem numa nova história.
Ele nos conta a vida de um típico paulistano, filho de imigrantes italianos, a sobrevivência do paulistano comum numa metrópole que corre, range e solta fumaça por suas ventas. Através de suas músicas, canta passagens dessa vida sofrida, miserável, juntando o paradoxo bom humor / realidade - para quê lamúrias?
Tirou de seu dia a dia a idéia e os personagens de suas músicas. Iracema nasceu de uma notícia de jornal - quando uma mulher havia sido atropelada na Avenida São João.
Adoniran nasceu e morreu pobre aos 23 dias do mês de novembro de 1982 - todo o dinheiro que ganhou gastou ajudando ou comemorando sucessos com os amigos - seu combustível era a realidade - porque então querer viver fora dela? Talvez soubesse que o valor maior de suas canções eram interpretações como a de Elis ou Clara Nunes.
Foi um grande colecionador de amigos, com seu jeito simples de fala rouca, contador nato de histórias, conquistava o pessoal do bairro, dos freqüentadores dos botecos onde se sentava para compor o que os cariocas reverenciaram como o único verdadeiro samba de São Paulo. Mais do que sambista, Adoniran foi o cantor da integridade.

Cinco coisas que as lojas não lhe contam sobre a Black Friday

por Juliana Américo Lourenço da Silva


Especialistas contam os segredos que as participantes tentam esconder dos consumidores

Nesta sexta-feira (23) acontece a Black Friday, um dos maiores eventos de compras dos Estados Unidos, que agora também conta com uma edição brasileira, onde os consumidores conseguem comprar produtos com grandes descontos. Porém, o professor do Provar/FIA, Eduardo Terra, e a diretora comercial e de marketing da Certisign, Regina Tupinambá, explicam quais são as cinco coisas que as lojas não contam sobre a data. Confira:

1 – “Nós pretendemos mantê-lo na loja por muito tempo”

Apesar de as promoções serem agressivas e permitirem que o consumidor adquira os produtos por um preço abaixo do que o normal, Terra lembra que os descontos vão além de aumentar as vendas no dia, mas também servem para inaugurar as vendas para o Natal. Além disso, diz ele, algumas ofertas duram por mais tempo do que 24 horas – período que dura a Black Friday. Dessa forma, as lojas fazem com que os clientes continuem frequentando os estabelecimentos para realizar mais compras para o fim de ano.

2 – “As compras pela internet são vantajosas mesmo fora do Black Friday” 
No Brasil, a Black Friday vai ser realizada, principalmente, pelo e-commerce, evitanto as filas e tumultos que acontecem na versão americana. Porém, os consumidores precisam lembrar que a internet é uma boa ferramenta para realizar as compras mesmo quanto não está ocorrendo o evento.

A diretora da Certisign acredita que é sempre melhor realizar as compras pela internet, pois o consumidor ganha tempo, economiza no estacionamento e no deslocamento, além de poder comparar os preços, atitude que não é possível na loja física. Porém, é preciso tomar alguns cuidados para verificar se o site da loja é seguro, como observar se existe a letra “S” no endereço “HTTPS” do site, ou se existe um cadeado fechado na barra inferior do browser.

3 – “Não espere boa qualidade”

Quando se trata de aparelhos eletrônicos ou de informática, os dispositivos de melhor qualidade costumam ter os preços mais controlados pelos lojistas. Enquanto os de marcas menores possuem uma margem de desconto maior, e por isso, possuem valores baixos durante a Black Friday. “Você não vê um produto da Apple sendo vendido por um valor barato ou com um grande desconto”, alega Terra.

4 – “A Black Friday não é motivo para esquecer do orçamento” 

A característica da data é de promoções tentadoras que atraem muitas pessoas com tendência de comprar às pressas, com medo de que o produto acabe, afirma Regina. Porém, as regras de consumo, como pesquisar, observar o que está sendo comprado e avaliar as formas de pagamento, devem ser mantidos, lembra o professor.

5 – “Não se deixe enganar com ofertas de descontos do nosso cartão”

As lojas costumam oferecer descontos maiores para os consumidores que possuem os cartões fidelidades das mesmas. Apesar de essas promoções não estarem erradas, pois o comprador é quem decide se aceita ou não, Terra lembra que o cliente deve buscar saber se o desconto é do cartão ou da Black Friday, sendo que as regras sobre a oferta devem estar claras.
Fonte: Infomoney - 22/11/2012

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O BRASIL PREPARA A SUA DEFESA - ENTREVISTA COM CELSO AMORIM.




Sobre a mesa de centro da sala de espera há dois quepes militares, sendo estrangeiro um deles. Isso explica porque o Ministro da Defesa, Celso Amorim, me atenda  alguns minutos depois da hora marcada: ele se despedia do Comandante da Marinha do Senegal, contra-almirante Mohamed Sane, que  recebera meia hora antes.
       O ex-chanceler é homem de boa biografia para ocupar o cargo, porque sempre foi afirmativo em suas posições. Em 1982, presidente da Embrafilme, teve a coragem de financiar, com dinheiro do Estado, a primeira denúncia cinematográfica das torturas cometidas pelos agentes da Ditadura, com o filme “Pra Frente, Brasil!”, de Roberto Farias. Foi, é claro, demitido.
        Ao assumir o cargo de Chanceler, no governo Lula, Amorim – na presença da Embaixadora dos Estados Unidos – recomendou aos jovens diplomatas que, acima de tudo, não tivessem medo. E mostrou a que viera, ao nomear, para a Secretaria-Geral do Itamaraty, o Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, que fora ostensivamente hostilizado durante o governo anterior, em razão de sua firme atitude nacionalista. Conduziu política externa de afirmação nacional, coerente com a de alguns de seus antecessores, também do regime militar, que foi oposta à dos oito anos anteriores, os de Fernando Henrique Cardoso, e bem próxima de sua atuação quando, no governo Itamar Franco, ocupou pela primeira vez a Secretaria de Estado.
        A nossa conversa começou com uma olhada ao mundo. Se, de acordo com a visão de Clausewitz, política internacional e guerra se complementam, com os embates armados se seguindo à movimentação diplomática, Amorim está no lugar certo. Ele, diplomata atento, conhece bem a história política internacional – e não só a partir do Tratado de Westphalia, que é tido como o alicerce do poder mundial de nosso tempo. Seus olhos vão mais atrás, na longa crônica dos conflitos planetários, desde que deles há registros. Enfim, o mundo é da forma que é. Sendo assim, temos que nos preparar, e conviver com a realidade - não com o sonho.
        Todos os países têm uma estratégia de poder, e a mais conhecida delas, no mundo contemporâneo, é a dos Estados Unidos. Os norte-americanos nunca esconderam o seu projeto expansionista, exposto a partir de 1845 – quando se preparavam para a guerra com o México, com a doutrina do Destino Manifesto. A frase foi criada pelo jornalista John Sullivan, ao exigir, em artigo, a anexação do Texas: a “divina providência”  dotara o país da missão de dominar o mundo.

        -- Ministro, qual é a estratégia de poder do Brasil?
        -- O Brasil – e isso não é só uma convicção nossa, mas é também do conhecimento da comunidade internacional – não tem o objetivo estratégico de expansão de seu poder no mundo. O que a natureza e a história nos deram é bastante. Não queremos outro poder que não seja o de garantir a nossa soberania territorial e o respeito internacional à nossa autodeterminação. Para isso, é claro, devemos dispor de suficiente capacidade militar de defesa. A nossa estratégia pode ser resumida em uma idéia básica: cooperação ativa com os nossos vizinhos continentais, a fim de manter a paz e a defesa de nossos interesses comuns, e capacidade bélica a fim de dissuadir a agressão de eventuais adversários externos à nossa região, por mais poderosos sejam. Não nos amedrontamos: estamos dispostos a resistir a qualquer agressão com determinação e bravura.  É nesse duplo movimento que o Brasil vem agindo e continuará a agir.  
       O Ministro lembra que a situação geopolítica do Brasil, com a nossa extensa costa atlântica, vis-à-vis com a África Ocidental, traz-nos responsabilidade e preocupação com essas águas, que sempre singramos, em nossas relações seculares com o outro grande continente meridional. Temos excelentes relações, também de natureza militar, com as novas nações, e não as limitamos àquelas que, tendo sido colonizadas por Portugal, são nossas irmãs históricas. A propósito, faz menção à visita de cortesia do contra-almirante Mohamed Sane, do Senegal, que acabara de receber. No decorrer do encontro o contra-almirante referiu-se a uma ação da Marinha Brasileira, em Cabo Verde, de treinamento de tripulações para atendimento médico e social das populações litorâneas e ribeirinhas, e mostrou interesse em receber a mesma colaboração.
        Nesse particular, recordou que, terminado o regime de apartheid na África do Sul, tão logo a última nave de guerra sul-africana deixou o porto da Baía de Walvis, na Namíbia, nele encostou uma fragata brasileira. O Brasil está presente na Namíbia, ajudando seu povo a construir a nação, depois de dura dominação européia, iniciada pelos holandeses, há mais de 200 anos. Está presente na Namíbia, como está na Guiné, em Cabo Verdeem São Tomé e Príncipe e, naturalmente, em Angola. E em Moçambique – do outro lado do continente – isso sem falar em Timor Leste. Enfim, o Brasil não está ausente do mundo.
       Amorim é cuidadoso nas respostas. Como Ministro da Defesa cabe-lhe preparar as forças militares a fim de cumprir as decisões tomadas pela Chefia do Governo e do Estado, a partir de uma visão conjunta do país e do planeta. Esse cuidado é ainda mais nítido, quando fala na geopolítica brasileira, a fim de não entrar nas atribuições do Itamaraty – que conduziu por mais de onze anos. Não lhe é difícil, no entanto, manter, como diretriz mental,  a linha básica da política externa que vem sendo a mesma, desde a Independência, mas de forma mais nítida com a República e com Rio Branco: a da permanente e pragmática defesa da soberania nacional, a do não alinhamento automático a essa ou àquela potência,  e da autodeterminação dos povos, dentro das condições objetivas de seu tempo - ainda que eventualmente desprezada por certos governantes, como ocorreu com a doutrina das fronteiras ideológicas da Ditadura. Amorim, como bom diplomata, faz silêncio, quando lembro o alinhamento constrangedor do governo de Fernando Henrique a Washington.
     Conversamos dias depois de terminada a Operação Ágata VI, que teve ampla repercussão internacional, mas foi pouco divulgada pela imprensa brasileira. O ministro está satisfeito com o desempenho das três forças no exercício de patrulhamento intensivo da fronteira. Ao mesmo tempo em que as tropas se preparam para eventuais combates na defesa do território – não contra os vizinhos, dos quais nada temos a temer – realizam a necessária coerção contra o contrabando, de armas e de drogas. E presta assistência médica e social às populações que vivem quase isoladas nos confins do Oeste e do Norte. Nossas fronteiras terrestres são extensas, e não há como delas cuidar apenas com as corporações policiais. É preciso, assim, ter tropas adestradas para intervir, sempre que necessário.
      -- Temos convidado os países vizinhos para enviar observadores a essas operações. Alguns os enviaram, outros, não. Houve ainda os que, decidiram realizar operações semelhantes e simultâneas em seu próprio território, e isso tornou a nossa tarefa ainda mais fácil – disse o Ministro.
      Amorim, que é homem de formação intelectual inclinada para a cultura, como cineasta que foi (e pai de cineastas), não se sente deslocado entre os militares. Sempre entendeu que a ordem é a razão dos corpos armados, o que significa absoluto respeito à hierarquia. Na verdade, disciplina e hierarquia são atributos profissionais dos soldados, o que não impediu que houvesse sempre chefes militares que atuassem como  homens de Estado.     Amorim cita Caxias, um clausewtziano, que, obtida a vitória sobre o Paraguai, com a tomada de Assunção, sugeriu o armistício generoso e o fim das hostilidades – e foi substituído no comando pelo Conde d’Eu. O genro do Imperador, impelido pelo ânimo vingador do Trono, atuou ali com os exageros que conhecemos e ainda nos constrange. Antes disso, na repressão aos movimentos libertários e descentralizadores das províncias, o Duque sempre promovera a anistia aos revoltosos, no momento em que as armas silenciavam.
      Amorim não diz nada, mas entende  a pausa de silêncio do entrevistador e a ela  responde com a frase lateral:
        -- As experiências mais recentes estão cimentando, nas Forças Armadas, a opinião de que devem profissionalizar-se ao extremo e  dispor dos mais avançados instrumentos de combate para a sua missão constitucional. Sempre repito  a idéia de que a nossa defesa é indelegável. Por melhores amigos tenhamos no mundo, não serão eles os responsáveis pela segurança de nossas fronteiras e de nossas razões. Essa é uma tarefa do povo brasileiro, tendo como vanguarda os corpos armados. As guerras modernas, sempre indesejáveis, mobilizam as nações em seu todo, e isso ficou bem claro na Segunda Guerra Mundial. Nenhuma política de defesa será eficaz se não houver o perfeito entrosamento patriótico entre os cidadãos uniformizados e os civis.
       Entramos na questão da tecnologia bélica, que Amorim prefere qualificar como “de defesa”. Reitero-lhe uma preocupação, exposta neste mesmo Jornal do Brasil, com a desnacionalização da já de si modesta indústria brasileira de armamentos.
       O Ministro procura tranqüilizar a inquietação nacional com relação ao problema. Reconhece que descuidamos um pouco do assunto e que as dificuldades econômicas nacionais, manifestadas na dívida externa que consumia a maior parte das receitas orçamentárias, impediram o desenvolvimento da indústria estatal de armamentos e munições, e que empresas estrangeiras acabaram se associando às indústrias privadas nacionais do setor, absorvendo algumas delas. Mas pondera que nenhuma nação do mundo dispõe de  indústria militar totalmente autônoma, mesmo que disponha de conhecimento para isso. Sempre compra alguma coisa que não consegue ainda produzir ou  porque há outras razões, entre elas as da reciprocidade no comércio exterior.
       - Já que temos de comprar, por que não comprar dos BRIC?
         O Ministro explica que estamos mantendo cooperação na área militar com a Índia, com aviões radares, que produzimos e os indianos equipam com os instrumentos eletrônicos. E que adquirimos helicópteros russos de ataque para a Força Aérea.   Quanto aos aviões de caça, que muitos davam como certa a aquisição dos Raffale, da França, nada está ainda decidido. Caberá à Presidente (oupresidenta, como prefere o Ministro) a palavra final.
       -- Creio, diz o Ministro, que nossa colaboração mais estreita se faz e se fará ainda mais no âmbito do IBAS – Índia, Brasil e África do Sul. Com esses países realizamos exercícios navais conjuntos e trabalhamos no desenvolvimento de equipamentos e petrechos de defesa. São paises democráticos, com problemas sociais internos semelhantes e desafios idênticos, cada um deles de grande importância em seus continentes respectivos. E todos os três situados politicamente no Hemisfério Sul, ainda que a Índia esteja acima do Equador.
       -- Nossa preocupação maior, no entanto, é com o máximo de autonomia na indústria da defesa. Tudo o que nos for possível fabricar em nosso país, devemos fabricar. Sabemos que, em caso de um conflito, nem sempre podemos contar com alguns fornecedores. A Embraer está vendendo supertucanos para o mundo inteiro e acaba de exportá-los para a Indonésia. Ainda que não estejamos mais produzindo os blindados Osório – que teve uma encomenda volumosa para um país árabe desfeita por pressão de terceiros - começamos a produzir os Guaranis em Minas Gerais. Estamos, com a Amazul, cuidando da modernização da Marinha, e queremos produzir nossas belonaves aqui mesmo. A Avibrás, por decisão da Presidenta, está fabricando lançadores de foguetes. Avançamos na produção de munições não-letais, e estamos na vanguarda dessa indústria, mas não descuidamos a produção de cartuchos convencionais, de que somos dos maiores produtores do mundo. A nossa indústria bélica se refaz, para chegar ao nível da necessidade. A indústria bélica é, sobretudo, tecnologia, que em nossos dias, significa eletrônica.
          E como uma idéia puxa a outra, entramos na questão da cibernética, como um dos modernos meios de guerra. Amorim diz que não estamos alheios ao problema. Cita uma reunião ocorrida recentemente em Brasília, da qual participaram militares e especialistas civis.
      -- Nesse encontro, diz o Ministro, um professor afirmou que a guerra cibernética já começou. Temos um Centro de Guerra Eletrônica em funcionamento e desenvolvemos pesquisas intensivas nesse campo de conhecimento. Em suma, não estamos desatentos. Sabemos que, sobretudo para a vigilância de nossos dois espaços mais vulneráveis, o da Amazônia, com seus imensos recursos naturais, e as águas atlânticas brasileiras, com o pré-sal, as armas eletrônicas têm prioridade absoluta.
       O Ministro está otimista. O Brasil cresce em seus entendimentos, na área da defesa, com os demais países do Continente. A Unasul e o Conselho de Defesa continental trabalham em conjunto e de forma a cada dia mais harmônica. Trata-se de uma fatalidade geográfica: a Natureza e a História nos uniram, e devemos dar a essa realidade uma construção política, na qual a autodeterminação de todos e de cada um esteja assegurada, e, da mesma forma, assegurada a paz na região, para servir à paz no mundo.
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