sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Deputado apresentará cópia do processo contra a Globo que havia desaparecido

Foto: PAULISTANOS DESCOBRIRAM PORQUE O SISTEMA DE TRANSPORTE É TÃO RUIM EM SAMPA???

O deputado Protógenes Queiroz (PC do B-SP) afirmou que apresentará uma cópia do processo que apura denúncias de sonegação fiscal contra a Rede Globo. O parlamentar pediu a criação de uma CPI contra a emissora, que é ré em um processo que exige o pagamento de R$ 615 milhões em impostos, juros e multa por suspeita de sonegação fiscal na compra dos direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002.

O processo, no entanto, desapareceu da Receita no final de 2006. A emissora afirmou que na ocasião "agiu de forma voluntária", fornecendo às autoridades competentes todos os documentos para auxiliar com a "restauração e prosseguimento" da ação.

Segundo o R7, Protógenes diz que existem cópias dos processos e que estão nas mãos do grupo que denunciou a existência de uma investigação contra a emissora e que serão apresentadas assim que forem recolhidas as 171 assinaturas para a abertura de CPI.

O deputado afirma ainda que ele deve terminar de recolher as assinaturas necessárias para protocolar o pedido na Mesa Diretora da Câmara na próxima segunda-feira (12/8). O parlamentar preferiu não divulgar quantos deputados já assinaram a lista para não constrangê-los, mas diz que a adesão aumentou significativamente depois do apoio do PRB. 


O caso

Após a divulgação de uma suposta sonegação fiscal da Rede Globo na aquisição dos direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002, a emissora emitiu um comunicado comentando o caso. Veja na íntegra:

"Como é de conhecimento público, a Globo Comunicação e Participações adquiriu os direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002. Em 16/10/2006, a emissora foi autuada pela Receita Federal, que entendeu que o negócio se deu de maneira a reduzir a carga tributária da aquisição. 

Em 29/11/06, a empresa apresentou sua defesa junto às autoridades, fundada em sua convicção de que não cometeu qualquer irregularidade, tendo apenas escolhido uma forma menos onerosa e mais adequada no momento para realizar o negócio, como é facultado pela legislação brasileira a qualquer contribuinte. 

No dia 21/12/06, a defesa da Globo foi rejeitada pelas autoridades. Alguns dias depois da sessão de julgamento, para sua grande surpresa, foi a Globo informada de que os autos do processo administrativo se extraviaram na Receita Federal. Iniciou-se, então, a restauração dos autos, como ocorre sempre nos casos de extravio de processos. A empresa agiu de forma voluntária, fornecendo às autoridades cópias dos documentos originais, tornando com isso possível a completa restauração e o prosseguimento do processo administrativo. 

Em 11/10/07, a empresa foi intimada da decisão desfavorável, apresentando recurso em 09/11/07. No dia 30/11/09, a Globo tomou a decisão de aderir ao Refis (Programa de Recuperação Fiscal) e realizar o pagamento do tributo nas condições oferecidas a todos os contribuintes pelo Fisco. O pagamento foi realizado no dia 26/11/09, tendo a empresa peticionado às autoridades informando sua desistência do recurso apresentado (o que ocorreu em 04/02/10). 

Diante das informações mentirosas que circularam nesta terça-feira, a Globo Comunicação e Participações esclarece que soube, apenas neste dia 09/07, que uma funcionária da Receita Federal foi processada e condenada criminalmente pelo extravio do processo. A Globo Comunicação e Participações não é parte no processo, não conhece a funcionária e não sabe qual foi sua motivação. 

O relato acima contém todas as informações relevantes sobre os fatos em questão que são do conhecimento da empresa. A Globo Comunicação e Participações reitera, ainda, que não tem qualquer dívida em aberto com a Receita. Como ocorre com qualquer grande empresa, a Globo Comunicação e Participações questiona autuações que sofreu, na via administrativa ou na judicial, o que é facultado a todos os contribuintes. 

A Globo Comunicação e Participações reafirma, ainda, acreditar que as autoridades competentes investigarão o vazamento de dados sigilosos. A empresa tomará as medidas judiciais cabíveis contra qualquer acusação falsa que lhe seja dirigida".

Hamilton Pereira: Não é cartel de empresas, é corrupção do PSDB

por Luiz Carlos Azenha


Uma risada espontânea. Foi assim que o deputado Hamilton Pereira reagiu quando perguntei a ele se a imprensa paulista teria sido tão complacente, por tanto tempo, com um governador do PT acusado de corrupção.

Talvez a explicação esteja aquiOu aqui?

Hamilton Pereira faz parte da bancada de oposição na Assembleia Legislativa de São Paulo. São 22 petistas, dois comunistas, um deputado do PSOL e o major Olímpio. Total: 26 oposicionistas, contra o rolo compressor governista de 68 parlamentares.
Por isso, segundo ele, a Alesp já não legisla, além de não investigar o Executivo. Os vetos e os votos do governador não deixam.
Não é espantoso, portanto, que só em 2013 tenham ganhado corpo as denúncias de irregularidades nos contratos firmados entre um punhado de empresas e o governo do Estado, que está nas mãos dos tucanos desde 1995.
Porém, as denúncias da bancada do PT na Alesp vem sendo formalizadas, junto ao Ministério Público estadual, desde 2008. Para ser mais exato, desde 19 de junho de 2008.
Foram, ao todo, 15 representações. Uma delas diz respeito a um contrato que durou mais de dez anos, quando existe limite legal de 60 meses, segundo a Lei de Licitações.
Foi a revista IstoÉ que fez as revelações mais recentes, aqui e aqui.
Segundo a revista, em apenas seis contratos o prejuízo ao Tesouro público foi de R$ 425 milhões.
Mas, de acordo com levantamento da assessoria da bancada do PT na Alesp, desde que Covas assumiu os tucanos assinaram um total de 325 contratos, num total superior a R$ 30 bilhões.
Isso escapou tanto da investigação da Alesp quanto da mídia, avalia Hamilton Pereira.
O parlamentar não quis dizer se acredita que os tucanos usaram as obras relativas ao Metrô e aos trens metropolitanos — que, por causa de constantes reformas e renovações, são permanentes — para criar uma espécie de caixa único de campanha.
Porém, Hamilton Pereira diz que a ênfase da imprensa num “cartel de empresas” é enganosa, já que se ele de fato se deu só foi possível graças à corrupção, neste caso, corrupção do PSDB.
O próximo passo da bancada do PT será cobrar da Procuradoria Geral do Estado uma explicação sobre o andamento das 15 representações feitas desde 2008 — muitas das quais mencionando especificamente contratos das empresas Alstom e Siemens.
Abaixo, a lista de representações:
1. 19/06/2008 – MPF Rodrigo de Grandis – irregularidades em contratos estatais paulistas com a Alstom e pagamento de propina pela Alstom a José Amaro Pinto Ramos, lobista ligado a tucanos / lavagem de dinheiro/ Estadão 18/06/2008 – Jornalista Eduardo Reina – PR/SP-SEPJ 004726/2008 – 10.02.2011 – Representação 1.34.001-003352/2008-39 encaminhada à Justiça Federal em 24/06/2008 recebeu o número 000.7986.86.2008.4.03.6181 – 6º Vara Criminal – aos 10.01.2011 encaminhado ao MPF para manifestação. (está sob sigilo)
2. 24/06/2008 - MPE Silvio Marques – Aditamento ao Inquérito 204/2008 na Procuradoria de Justiça da Cidadania (tel 3017.7869) comunicando protocolo da representação ao MPF de 19/06/2008 denunciando irregularidades nos contratos de estatais paulistas com a Alstom (está sob sigilo)
3. 27/06/2008 – MPE Silvio Marques – representação contra Claudio Luiz Petrechen Mendes pela prática de crime de falso testemunho em depoimento dado ao MP no qual omitiu a sociedade em duas empresas, a Inter empresarial Comercial importação e Exportação Ltda. e Tecpar Engenharia e Participações Ltda, por indícios de prestação de serviços fictícios a empresas do conglomerado Alstom. (“Propina iria para “partido no poder” Jornalista Eduardo Reina – Estadão 20/06/2013) (está sob sigilo)
4. 30/06/2008 - MPF Rodrigo de Grandis – comunica o protocolo da representação ao MPE contra Claudio Luiz Petrechen Mendes pela prática de crime de falso testemunho em depoimento dado ao MP no qual omitiu a sociedade em duas empresas, a Inter empresarial Comercial importação e Exportação Ltda. e Tecpar Engenharia e Participações Ltda por indícios de prestação de serviços fictícios a empresas do conglomerado Alstom. 10.02.2011 – Anexado à Representação 1.34.001-003352/2008-39 (item 3 deste relatório) encaminhada à Justiça Federal em 24/06/2008 recebeu o número 000.7986.86.2008.4.03.6181 – 6º Vara Criminal – aos 10.01.2011 encaminhado ao MPF para manifestação. (está sob sigilo)
5. 18/07/2008 – MPF Rodrigo de Grandis – irregularidades em contratos de estatais paulistas com a Alstom e Siemens. Indícios de utilização de consultorias internacionais para lavagem de dinheiro visando o pagamento de propinas e subornos a diversas autoridades no Brasil (está sob sigilo)
6. 22/07/2008 – MPE Silvio Marques – irregularidades envolvendo o contrato firmado entre o Metrô e a empresa CMW Equipamentos S/A (atualmente Alstom) TC 23179/026/94, que teve inúmeras irregulares e prorrogações de prazo contratual que fizeram com que o contrato assinado em 1994 vigorasse por mais de 10 anos, contrariando disposição expressa da lei 8666/93, que fixa o limite de duração do contrato em 60 meses. 000003030 – IC 397/2008 6ª. PJ – PPS –Silvio Marques – Oficial Isaura (está sob sigilo)
7. 22/07/2008 – MPE Silvio Marques – irregularidades envolvendo o aditamento ao contrato firmado entre o Metrô e a empresa Mafersa S.A. para aquisição de trens (pelo Termo Aditivo 11 a Alstom, que era subcontratada da Mafersa, adquiriu desta os direitos e obrigações decorrentes do contrato firmado) julgado irregular pelo TCE – TC 014593/026/92 uma vez que o Metrô, aproveitando-se de um contrato praticamente exaurido, alterou o objeto, sob a justificativa de atualizações tecnológicas, alterou os preços e substituiu a empresa contratada pela Alstom, quando, na verdade, deveria ter realizado nova licitação. (está sob sigilo)
8. 05/08/2008 – MPF Adriana Zawada Melo – representação contra a Siemens (pelas mesmas irregularidades envolvendo a Alstom), mencionando prisões de vários funcionários da Siemens decorrentes de investigações criminais ocorridas em diversos países pela prática de atos de corrupção envolvendo o suborno de diversas autoridades, e em depoimento a promotores de Munique, Reinhard Siekaczek, ex-diretor da Siemens, afirmou que tinha conhecimento de pagamentos para autoridades de outros países e que o Brasil seria um deles. Sendo assim, a representação solicita investigação dos contratos da Siemens com diversas empresas, CPTM, METRO, CESP, CPFL, DER, dentre outras. ANDAMENTO 06.08.2010 – ESTÁ SOB SIGILO 10.02.2011 – 10.02.2011 – instaurada representação 1.34.001.004673/2008-51 encaminhada para o MPE aos 15/01/2009 (está sob sigilo)
9. 28/08/2008 – MPF Rodrigo de Grandis – representação contra as empresas Alstom e Siemens pela prática de lavagem de dinheiro e pagamento de propinas a diversas autoridades no Brasil. (está sob sigilo)
10. 03/09/2008 - – MPE Silvio Marques – aditamento à representação de 22/07/2008, contra a Mafersa, informado que o contrato foi julgado irregular pelo TCE, e noticiando que os escritórios da Alstom na Suiça, responsáveis pela contabilidade, haviam sofrido busca e apreensão de documentos e equipamentos. (está sob sigilo)
11. 16/07/2009 – MPF Rodrigo de Grandis – aditamento à representação de 19/06/2008 informando acerca do bloqueio de bens do Conselheiro do TCE/SP Robson Marinho, suspeito de ajudar a Alstom a conseguir contrato de R$ 110 milhões em 1998, quando já era Conselheiro do TCE, após ter sido Chefe da Casa Civil no Governo Mário Covas e tesoureiro da Campanha de Mário Covas em 1994. (está sob sigilo)
12. 17/09/2009 – MPE Silvio Marques – mesmo teor da representação enviada ao MPF 05/08/2008, contra a Siemens (pelas mesmas irregularidades envolvendo a Alstom), mencionando prisões de vários funcionários da Siemens decorrentes de investigações criminais ocorridas em diversos países pela prática de atos de corrupção envolvendo o suborno de diversas autoridades, e em depoimento a promotores de Munique, Reinhard Siekaczek, ex-diretor da Siemens, afirmou que tinha conhecimento de pagamentos para autoridades de outros países e que o Brasil seria um deles. Sendo assim, a representação solicita investigação dos contratos da Siemens com diversas empresas, CPTM, METRO, CESP, CPFL, DER, dentre outras.
13. 27/07/2009 – MPE Silvio Marques – aditamento à representação de 19/06/2008 informando acerca do bloqueio de bens do Conselheiro do TCE/SP Robson Marinho, suspeito de ajudar a Alstom a conseguir contrato de R$ 110 milhões em 1998, quando já era Conselheiro do TCE, após ter sido Chefe da Casa Civil no Governo Mário Covas e tesoureiro da Campanha de Mário Covas em 1994. (está sob sigilo)
14. 27/10/2010 – MPE e MPF – representação denunciando fraude na licitação da linha 5 – Lilás do Metrô. Está na Sub-procuradoria Geral de Justiça acompanhando a Ação Popular que corre pela 9ª Vara da Fazenda 0039554-31.2010.8.26.0053
15. 21/05/2010 – MPE – Aditamento Alston – IC 397/2008 – 6º PJ – desde 06/04/2009 para elaboração de laudo técnico (informação de 15/10/2012) (está sob sigilo)


FONTE: viomundo

Escândalos do PSDB represados por 19 anos inundam o JN



A notícia dentro da notícia. O Jornal Nacional da última quinta-feira levar ao ar uma reportagem com quase oito minutos de duração tratando de escândalos envolvendo o PSDB de São Paulo foi mais importante do que o conteúdo da matéria, do qual quem se interessa por política já soubera pelos jornais impressos, pelo rádio e pela internet durante o dia.
Abaixo, a matéria lida por Willian Bonner e Patrícia Poeta durante longos minutos, possivelmente um recorde de veiculação de notícia incômoda para o PSDB desde que o partido chegou ao poder federal, em 1995. É longa, mas quem não assistiu deveria ao menos lê-la, pois é surpreendente tanto pela duração quanto pelo conteúdo.
Prossigo depois do texto reproduzido a seguir.
Jornal Nacional
Edição de 8 de agosto de 2013
Empresa francesa é suspeita de pagar propina a servidores de governos do PSDB
Uma empresa francesa é suspeita de pagar propina para servidores do Governo de São Paulo em troca de benefícios em contratos.
O caso foi em 1998. Foram indiciadas 11 pessoas, inclusive secretários de estado na época.
O pagamento de propina teria ocorrido para viabilizar um contrato entre empresa francesa Alstom e a então estatal de energia do estado de São Paulo, a EPTE.
De acordo com o inquérito da Polícia Federal, a companhia de energia obteve um crédito no exterior, junto ao banco francês Societe Generale, de R$ 72,7 milhões para adquirir equipamentos do grupo Alstom.
A Polícia Federal ressalta que a contratação do crédito milionário foi feita sem licitação. E só foi possível porque a Alstom idealizou um esquema de pagamento de suborno para funcionários públicos paulistas para recompensá-los pela aprovação do contrato.
De acordo com o documento da Polícia Federal, o esquema de pagamento usava pessoas com empresas no exterior que recebiam recursos do grupo Alstom “para depois repassá-los aos beneficiários finais, servidores públicos do governo do estado de São Paulo, no primeiro semestre de 1998″.
Nessa época, o estado era governado por Mário Covas do PSDB. Uma das contas, segundo o inquérito, era de Jorge Fagali Neto. A Polícia Federal diz que naquela época, embora fosse diretor financeiro dos Correios, há evidencias de que ele tinha livre trânsito por todas as secretarias de Estado.
A Polícia Federal afirma ainda que Jorge Fagali Neto integrou na distribuição de valores para agentes públicos paulistas que ele mantinha conta não declarada no exterior e que ocultou a origem de valores recebidos em virtude de pagamento de propinas, também no exterior. Por isso, ele foi um dos indiciados.
Outra empresa no exterior utilizada para lavar o dinheiro da propina foi a MCA Uruguay.
De acordo com reportagem publicada nesta quinta-feira (8) pelo jornal O Estado de São Paulo, “o dono da MCA, Romeu Pinto Junior, confessou a PF ter servido de intermediário do pagamento de propinas a funcionários públicos paulistas a mando da Alstom e por meio da MCA”.
A Polícia Federal afirma que Andrea Matarazzo, na qualidade de secretário de energia e presidente do conselho administrativo da EPTE tinha o pleno conhecimento de tudo.
A investigação cita o depoimento do então presidente da EPTE, Henrique Fingermann. Henrique declarou que o secretário Andrea Matarazzo tinha conhecimento de todos os procedimentos que levaram á assinatura do contrato de crédito com o banco Societe Generale.
A Polícia Federal afirma que há indícios de que Matarazzo tenha se beneficiado juntamente com o partido político, o PSDB, das vantagens indevidas arquitetadas pelo grupo Alstom.
E usa isso como argumento para indiciá-lo por corrupção passiva. A Polícia Federal indiciou os dois ex-secretários e mais onze pessoas em agosto do ano passado.
O inquérito foi encaminhado para o Ministério Público Federal, mas a denúncia ficou parada porque o MP considerou que era necessário obter mais informações sobre o caso.
O advogado que representa a estatal EPTE afirma que não conseguiu ter acesso ao inquérito da Polícia Federal e que o crime prescreveu.
“A prescrição conforme o Artid, já ocorreu e portanto caberia um pedido de habeas corpus em favor dos meus clientes”, afirmou o advogado Pedro Iokoi.
O Ministério Publico Federal considera que o crime de lavagem de dinheiro ainda não prescreveu.
O ex-secretário de energia de São Paulo, Andréa Matarazzo, qualificou como um disparate ter seu nome ligado a supostos favorecimentos. E disse que no período em que foi secretário não teve conhecimento, não discutiu nem assinou qualquer aditivo ou contrato que esteja sendo investigado. Ele afirmou ainda que as atas das reuniões podem comprovar o fato. Andrea Matarazzo acrescentou que é com muita indignação e repulsa que vê seu nome envolvido nas denúncias.
Segundo o ex-diretor dos Correios, Jorge Fagali Neto, o Ministério Público nunca atribuiu a ele qualquer ato de violação à lei penal e que não interferiu em nenhuma das empresas citadas, nem celebrou contratos com a Alston ou a Siemens.
A empresa MCA Uruguay e o então presidente da EPTE, Henrique Fingermann, não foram localizados.
Em nota, o PSDB declarou que repudia veementemente a tentativa de alguns setores de envolver, sem provas, o partido e seus quadros em casos de corrupção. O PSDB disse ainda que não compactua com a corrupção e espera que os casos sejam investigados e, se houver, responsáveis que eles sejam punidos.
José Serra é citado em mensagens de diretores de empresa investigada por cartel
O jornal “Folha de São Paulo” publicou nesta quinta-feira (8) uma reportagem, em que afirma que o ex-governador de São Paulo, José Serra, do PSDB, foi citado em uma troca de e-mails entre executivos da Siemens – uma das empresas investigadas por suposta prática de formação de cartel. Segundo o jornal, uma mensagem sugere que, para evitar atrasos, Serra teria se mostrado favorável a um acordo entre concorrentes, em uma licitação para a venda de trens ao estado. O ex-governador nega ter cometido irregularidade – e afirma que a empresa Siemens não recebeu qualquer vantagem.
Em reportagem publicada nesta quinta (8), o jornal Folha de S.Paulo reproduz um email enviado em 28 de março de 2008 por Nelson Marchetti, funcionário da Siemens, para outros colegas da empresa, entre eles o então presidente da Siemens no Brasil Adilson Primo.
A mensagem do executivo da Siemens relata uma conversa que ele diz ter tido com o então governador de São Paulo, José Serra, e o secretário de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, durante um congresso, em Amsterdã, na Holanda.
O Jornal Nacional também teve acesso ao mesmo e-mail, que diz: “Gostaria de confirmar que conversei com o senhor Serra (governador do estado de São Paulo) e com o senhor Portella (secretário de Tranportes Metropolitanos de São Paulo), em Amsterdã, na semana passada, quando o senhor Serra confirmou que se a proposta da CAF não tiver condições de ser qualificada a concorrência será cancelada”.
Segundo a Folha de São Paulo, na época, a Siemens disputava com a espanhola CAF uma licitação aberta pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos para compra de trens, e ameaçava questionar na Justiça o resultado da concorrência se não saísse vitoriosa.
Na mensagem, o executivo relata o motivo para um eventual cancelamento da concorrência. “A razão básica para este posicionamento é a diferença de preço entre a CAF e o nosso. Estamos pelo menos 15 % acima do preço líquido da CAF. Poderia ser um risco para o governo do Sr. Serra”.
A “Folha de São Paulo” diz que o ex-governador Serra sugeriu a Siemens um acordo para evitar que uma disputa empresarial travasse a licitação da CPTM. No email do executivo da Siemens, a proposta seria detalhada. “Eles mencionaram que considerariam o fornecimento de algo em torno de 30% dos trens, por parte da Siemens. A “Folha de São Paulo” sugere que “eles” seriam Serra e o ex-secretário Portella.
O ex-governador José Serra divulgou uma nota dizendo que resultado da licitação quebrou a hegemonia de algumas empresas no mercado. Serra afirmou que a Siemens não foi subcontratada pela CAF, a empresa vencedora da concorrência. Ou seja, segundo Serra, a Siemens não obteve nenhuma recompensa. Ele afirmou que chegou a dizer publicamente que se a concorrência fosse anulada não contrataria a que estava em segundo lugar, pois a diferença de preços era grande. E que faria nova concorrência. José Serra disse ainda que o estado de São Paulo atuou contra a Siemens na Justiça, para garantir a licitação vencida pela empresa espanhola. A nota também é assinada pelo ex-secretário José Luiz Portella.
A empresa Siemens voltou a declarar que tem cooperado com as autoridades, mas que não pode se manifestar sobre investigações em andamento no Conselho Administrativo de Defesa Econômica.
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Ufa! Tudo bem que não foi uma reportagem como aquela de cerca de vinte minutos que uma única edição do mesmo Jornal Nacional apresentou contra o PT durante o julgamento do mensalão após meses de longas matérias como essa acima – ou maiores – sendo apresentadas todos os dias, de segunda a sábado. Mas pode-se dizer que, à diferença do de costume, todos os elementos que vão se avolumando contra os tucanos de São Paulo foram apresentados corretamente. Ou quase…
É claro que o que pesa contra Serra não é ele ter interferido numa concorrência em favor de um dos concorrentes a fim de “evitar atrasos”. O que parece é que ele interferiu no processo instruindo concorrentes a “se acertarem”, chegando a avisar a um deles de que seu preço estava 15% mais alto que o do outro e isso é uma ilegalidade que macula o próprio princípio da concorrência, que deveria justamente evitar acertos como esse em busca dos menores preços para o erário público.
Todavia, como ainda não há provas de que isso ocorreu, vá lá que o Jornal Nacional divulgue a explicação de Serra sem deixar muito claro que essa é só a versão dele, diferente do que as investigações sugerem.
Enfim, a matéria não foi má. Até se pode admitir a cautela usada em nome da presunção da inocência a que qualquer um – inclusive os políticos – tem direito.
Porém, algo ficou de fora. Parte desses fatos são conhecidos há muito tempo. O escândalo da Alstom ganhou as manchetes do mundo inteiro em 2008 e até a última quinta-feira jamais tinha aparecido na Globo dessa maneira. Aliás, mesmo nos grandes jornais da época não ganhou tanto destaque quanto tem recebido em toda a grande mídia nos últimos dias.
Dizer que um fenômeno dessa magnitude ocorreu devido à gravidade do caso não chega a ser apropriado, apesar de ser parte da verdade. Há outras causas.
Um escândalo dentro do escândalo é 45 inquéritos referentes às denúncias contra o PSDB paulista terem sido arquivados pelo aparelhado Ministério Público de São Paulo, que teve que desarquivá-los por pressão internacional, pois as multinacionais europeias corromperam políticos em outros países além dos que corromperam no Brasil e as notícias só estavam sepultadas aqui, no único dos países envolvidos no caso Alstom em que ninguém foi punido.
Paralelamente aos tucanos, portanto, a grande imprensa brasileira e o MP-SP têm responsabilidade pela impunidade de políticos que não estão sendo acusados de comprar votos no Congresso para aprovar projetos como os petistas envolvidos no mensalão, mas de roubar em benefício próprio, para enriquecerem.
Fiquemos, porém, no caso da imprensa – por enquanto.
A eterna blindagem de corruptos amigos pela Globo e companhia limitada vem despertando uma irritação crescente na sociedade que vem se voltando contra a grande imprensa em geral e que tem, inclusive, desencadeado violência, com depredação de unidades móveis de vários veículos e expulsão de repórteres da Globo das manifestações, além de depredação de imóveis da emissora.
Dessa maneira, a recente “imparcialidade” que a emissora abraçou pode derivar de medo de ter ultrapassado os limites após constatar a progressiva degradação de sua imagem, até por conta das denúncias de ter cometido crimes contra a ordem tributária que podem colocá-la, cedo ou tarde, no lugar em que o PSDB está hoje.
Recentemente, escrevi que a Ocultação dos escândalos Globo e PSDB-Siemens foi longe demais. Como se vê, a conversão global ao bom jornalismo das matérias acima – que talvez não seja tão bom, mas que é bem melhor do que a artilharia histérica que a emissora dispara todo dia contra o PT desde 1989 –, está longe de ser produto de mera crise de consciência.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O legado que nos deixaram Papa Francisco

Não é fácil resumir em poucas palavras os pontos relevantes das intervenções do Papa Francisco no Brasil. Enfatizar alguns com o risco de perder outro importante.
O maior legado foi a figura do Papa Francisc o: um humilde servo da fé, despojado de todos os equipamentos, jogando e deixando toque, falando a linguagem dos jovens e dizer a verdade com sinceridade. Ele representou o mais nobre dos líderes, o líder servo não se refere a si mesmo, mas para os outros com amor e carinho, evocando a esperança ea confiança no futuro.
No campo político , ele encontrou um país perturbado pelas manifestações maciças de jovens.Utopia e defendeu seu direito de ser ouvido. Apresentou uma visão humanista sobre a política, a economia ea erradicação da pobreza. Ele criticou fortemente um sistema financeiro que descarta dois pólos: os idosos, porque eles não produzem, e juventude, criando em nenhum emprego. As pessoas mais velhas não pode passar a sua experiência e jovens privados para construir o seu futuro. Tal sociedade pode entrar em colapso.
O t ema de ética fundada na dignidade transcendente da pessoa, era recorrente. Com referência à democracia cunhou a frase "a humildade social", que é para falar cara a cara, de igual para igual e não de cima para baixo. Entre indiferença egoísta e violento protesto visa uma escolha sempre que possível: um diálogo construtivo. Três categorias voltou novamente para o diálogo como mediação de conflitos, a proximidade com as pessoas além de todas as burocracias e cultura do jogo. Todo mundo tem algo para dar e algo a receber. "Hoje ou cultura comprometida com a reunião ou perder tudo."
No campo religioso era mais proveitoso e direto. Ele reconheceu que houve "os jovens que perderam a fé na Igreja e até mesmo a Deus pela inconsistência de muitos cristãos e ministros do evangelho." O discurso mais grave foi reservado para os bispos latino-americanos e cardeais (CELAM). Ele reconheceu que a Igreja e incluiu ̶ ̶ está por trás no que diz respeito à reforma das suas estruturas. E exortou-os não apenas abrir as portas para todos, mas para sair para o mundo e "periferias existencial". Ele criticou a "psicologia principesca" de alguns membros dadas hierarquia. Eles têm que ser pobre por dentro e por fora. Dois eixos devem estruturar a pastoral: a proximidade com as pessoas, além das preocupações organizacionais e de reuniões, marcando afeto e ternura. Mesmo falar do necessário "revolução ternura", que ele demonstrou ao vivo, pessoalmente. Compreender a Igreja como mãe abraçando, acariciando e beijando. Os pastores devem cultivar esta atitude para com o peito fiéis. A Igreja não pode estar controlando, mas gerente de servo e facilitador. Ele afirma enfaticamente que a posição do pastor não é o centro, mas a periferia. Esta afirmação é digno de nota: a posição dos bispos deve ser "na frente para indicar o caminho, ou no meio para mantê-la unida e neutralizar dissolvida, ou para trás, para evitar que alguém está perdido" e devem perceber que "o rebanho tem seu próprio cheiro para encontrar novas maneiras." Além disso, dá centralidade aos leigos a decidir juntamente com os pastores das estradas da comunidade.
diálogo com o mundo moderno e diversidade religiosa: Francis Papa não mostrou medo do mundo moderno; quer trocar e fazer parte de um movimento profundo de solidariedade para com aqueles privados de alimentos e educação. Todas as religiões devem trabalhar em conjunto para o benefício das vítimas. Não importa que o atendimento é prestado por meio de um cristão, um judeu, um muçulmano ou outro. O que é decisivo é que os pobres não têm acesso a comida e educação. Sem confissão pode dormir em paz, enquanto os deserdados deste mundo estão gritando. Aqui é imposta ecumenismo missão, todos os outros juntos servir.
Para a juventude deu-lhes palavras de encorajamento e de esperança. Contra a cultura do consumismo e desumanização pediu para ser "revolucionário" e "rebeldes". Através da janela do jovem entra no futuro. Restauracionismo criticado por alguns grupos eo utopismo dos outros.Ele ressaltou hoje: "Hoje ele é jogado na vida eterna." Sempre convidado para o entusiasmo, a criatividade, a dar a volta ao mundo espalhando a mensagem de Jesus generosa e solidária, o Deus que se aproximou e encontrou o homem.
Na celebração final foi mais de três milhões de pessoas, alegre, festivo, de forma absoluta. Uma aura de benevolência, paz e felicidade caiu sobre o Rio de Janeiro e do Brasil, que só poderia ser a irradiação do concurso e fraterno sentimento Papa Francisco e Divina que conseguiu passar.
Por : Leonardo Boff escreveu sobre Francisco de Assis e Francisco de Roma: uma nova primavera na Igreja? Editorial Idéias Mar, Rio 2013.

O que é jornalismo chapa branca

É a defesa de privilégios da “plutocracia predadora”, para usar a grande expressão de Pulitzer.


O que é um bom jornalista, segundo talvez o maior deles, Joseph Pulitzer, o editor que há mais de um século simplesmente inventou a manchete e a primeira página como as conhecemos hoje?
Ele sempre é contra os privilégios e os injustamente privilegiados, disse Pulitzer.
Isso porque privilégios vão sempre dar em iniquidade, ao destruir a meritocracia e favorecer um pequeno grupo de “plutocratas”, para usar uma expressão de Pulitzer na descrição do bom jornalista.
O bom jornalista também não deve esquecer nunca os pobres, disse Pulitzer, numa frase que lembra o papa.
Os princípios de Pulitzer ajudam a refletir melhor sobre um debate jornalístico que se trava no Brasil de hoje: o que é jornalismo chapa-branca?
Examinemos os jornalistas das corporações jornalísticas. Sobretudo os articulistas políticos, de Merval Pereira a Dora Kramer, de Arnaldo Jabor a Eliane Cantanhêde, e daí por diante.
Eles combatem privilégios ou ajudam a mantê-los?
Vejamos alguns exemplos de privilégios.
Nos anos 1990, o Brasil se abriu à concorrência estrangeira e as empresas nacionais foram submetidas à competição das estrangeiras.
A mídia bradou por isso.
Mas o que os brasileiros não souberam é que, para as empresas jornalísticas, jamais foi tocado o privilégio do mercado protegido.
Nos subterrâneos, com o grau de intimidação que o jornalismo traz, elas conseguiram manter o que pode ser chamado de mamata.
Os argumentos foram infantis, como demonstrou um artigo relativamente recente do advogado Luís Roberto Barroso dos dias em que ele cuidava dos interesses lobísticos da Globo, antes de ir para o STF.
A reserva, escreveu Barroso no Globo, protege o “patrimônio cultural” que são as novelas e impede que os brasileiros sejam repentinamente assaltados pela “pregação maoísta” de uma tevê chinesa que se instalasse no Brasil.
Não era piada. Barroso não escreveu aquilo para que o leitor risse.
Algum jornalista das grandes corporações criticou, uma única vez, o privilégio da reserva de mercado da mídia? Tocou, ao menos, no assunto? Notificou seus leitores?
Recentemente, a Globo foi pilhada numa fraude fiscal na compra dos direitos de transmissão da Copa de 2002.
(Aliás: o que não deve ter acontecido na compra dos direitos de 2006 e de 2010, ainda com a presença do amigo global Ricardo Teixeira na Fifa? Mas de novo: algum jornalista investigou?)
Documentos da Receita, vazados num blog, o Cafezinho, provaram a trapaça, da qual resultou uma dívida da Globo perante a Receita de 615 milhões de reais em dinheiro de 2006.
Para usar os princípios de Pulitzer, é um tipo de jornalismo que defende privilégios e esquece o interesse público.
Também se soube que uma funcionária da Receita tentou simplesmente fazer desaparecer os documentos que comprovam o crime de sonegação.
Imagine o frenesi que tomaria conta da Inglaterra, para efeito de exercício especulativo, se fosse noticiado que uma funcionária da Receita tivesse tentado dar sumiço a uma dívida da News International, de Rupert Murdoch.
Algum jornalista das grandes corporações brasileiras defendeu o interesse público?
Ou a “plutocracia predadora” – mais uma expressão de Pulitzer – foi protegida pelo silêncio?
Onde, na sonegação da Globo, a combatividade da Folha, o jornal “sem rabo preso”? Onde a indignação dos Lacerdas de hoje?
Jornalismo chapa branca, no Brasil de 2013, pode ser definido assim: a defesa, pelas palavras ou pelo silêncio, da “plutocracia predadora”. E o consequente abandono do interesse público.
O resto é mistificação.

Brasileiros formados em Cuba destacam rompimento com a “ditadura do dinheiro”


Médicos brasileiros formados em Cuba destacam as diferenças nos métodos de formação utilizados na área da saúde brasileira e cubana

“Medicina cubana ensina a atender o povo com qualidade e humanismo”
A saúde no Brasil tem sido tema de grandes debates nas últimas semanas, provocados tanto pelas manifestações das ruas, que exigem melhoras e mais investimentos na área, quanto pelas propostas recentes do governo em trazer médicos de outros países para trabalhar em regiões mais carentes.
Essas propostas, assim como a obrigação dos estudantes de universidades públicas em cumprir dois anos no Sistema Único de Saúde (SUS), tem sido alvo de fortes críticas das associações de médicos, que afirmam que essas não seriam as soluções para os problemas.
A Página do MST conversou com Augusto César e Andreia Campigotto, ambos formados em medicina em Cuba, sobre o tema.
Nascido em Chapecó e com 25 anos de vida, Augusto César ainda não exerce a profissão. Está estudando para fazer a prova de revalidação do diploma cubano e, assim, poder atuar no Brasil. Quando conseguir seu registro, pretende trabalhar na área rural, atendendo os Sem Terra e os assentados da Reforma Agrária.
Andreia Campigotto tem 28 anos e nasceu em Nova Ronda Alta (RS). Trabalha em Cajazeiras, no sertão paraibano, como residente em medicina da família em uma unidade básica de saúde, que atende uma comunidade de 4 mil pessoas.

Formato

O curso de medicina cubano dura seis anos. Para estudantes de outros países, ele se inicia na Escola Latinoamericana de Medicina, localizada em Havana. Depois de um período inicial de dois anos, os estudantes são enviados para as diversas universidades do país. Augusto e Andreia foram para a universidade da província de Camagüey.
O curso de medicina cubano não se difere muito do brasileiro, do ponto de vista curricular.
“Os dois primeiros anos trabalham com as ciências médicas. Estudamos fisiologia humana, anatomia humana e desde o primeiro ano temos contato com os postos de saúde. Quando somos distribuídos para as universidades, vivenciamos o sistema público de saúde. Comparado com o Brasil, o nível teórico é igual, mas o nível de prática é maior”, afirma Augusto.
“Um estudo do governo federal mostra a compatibilidade curricular dos cursos de medicina de 90% entre Brasil e Cuba. Então, não há grandes diferenças teóricas”, conta Andreia.
A diferença principal entre os dois cursos está na concepção de medicina e de saúde na formação dos médicos. “O curso brasileiro é voltado para as altas especialidades. Tem essa lógica de que você faz medicina, entra numa residência e se especializa. Já em Cuba o curso se volta à atenção primária de saúde, para entendermos a lógica de prevenção das doenças e o tratamento das enfermidades que as comunidades possam vir a ter”, diz Augusto.
Em contrapartida, “saúde” e “medicina” no Brasil são sinônimos de pedidos de exames e tratamento com diversos medicamentos, calcados em sua maioria na alta tecnologia. Com isso, a medicina preventiva fica em segundo plano, alimentando uma indústria baseada na exigência destes procedimentos.
“No Brasil, temos uma limitação na formação do profissional, pois ela é voltada ao modelo hospitalacêntrico, que pensa só na doença e no tratamento. Em Cuba isso já foi superado. Lá eles formam profissionais para tratar e cuidar com qualidade, humanismo e amor cada paciente; aprendemos de verdade a lidar com a saúde do ser humano”, analisa Andreia.
Ela destaca que os médicos formados na ilha são capazes de atender a população sem utilizar somente a alta tecnologia, condição que não necessariamente limita um atendimento com qualidade à população que mais carece.
“É mais barato fazer promoção e prevenção de saúde. No entanto, isso rompe com a ditadura do dinheiro. Com isso, os médicos aguardam o paciente ficar doente para pedir um monte de exames e dar um monte de medicamentos”, afirma Augusto
De acordo com ele, essa estrutura fortalece o complexo médico-industrial, que se favorece sempre que há alguém internado ou que precise tomar algum medicamento.
“Não negamos a necessidade de medicamentos e equipamentos, porque precisamos dar atenção a esse tipo de paciente. Mas não precisamos esperar que todas as pessoas fiquem doentes para começar a trabalhar a questão da saúde”, acredita Augusto.
José Coutinho Júnior, Página do MST
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