Nas três últimas eleições
presidenciais, o vaidoso FHC reclamou que foi descartado pelo comando tucano,
que reduziu a sua presença nos palanques e na televisão para esconder a sua “herança maldita”.
Agora, no desespero, o cambaleante candidato do PSDB, Aécio Neves, resolveu
defender a “herança bendita” do seu amado “guru”. Ontem, em sua coluna no
Estadão, FHC deu um conselho ao seu pupilo: "O PSDB não deve entrar nessa
armadilha. É melhor olhar para frente e deixar as picuinhas para quem gosta
delas”.
Ou seja: ele mesmo quer evitar as comparações. No
texto intitulado “Sem disfarce nem miopia”, o ex-presidente retira o disfarce!
Ele sabe que uma estratégia eleitoral centrada nas comparações seria fatal para
o sonho tucano de retornar ao governo. Os eleitores já rejeitaram o legado de
FHC três vezes. O melhor é esquecer o passado. “As forças governistas voltaram
ao diapasão antigo: comparar os governos petistas com os do PSDB. Chega a ser
doentio! Será que não sabem olhar para frente? As conjunturas mudam”.
Para ele, as comparações servem a uma “lógica
infantil” e devem ser evitadas. “Na cartilha de exaltação aos dez anos do PT no
poder, com capa ao estilo realismo socialista e Dilma e Lula retratados como
duas faces de uma mesma criatura, a História é reescrita para fazer as
estatísticas falarem o que aos donos do poder interessa... O PSDB não deve
entrar nessa armadilha. É melhor olhar para frente e deixar as picuinhas para
quem gosta delas”. O importante, ensina o príncipe da Sorbonne, é atacar os
erros do atual governo.
Sem modéstia, ele até se refere à “herança bendita”
do seu reinado. Mas evita confessar que o Brasil quase quebrou e foge dos dados
comparativos. Na sua lógica “infantil” ou “doentia”, FHC insiste nos antigos
dogmas neoliberais. Para ele, o atual governo conduz o país ao colapso. “Por
ora, o trem não descarrilou. Mas as balizas que asseguraram crescimento com
estabilidade - câmbio flutuante, metas inflacionárias e responsabilidade fiscal
-, mesmo ainda em pé, se tornam cada vez mais referências longínquas”.
Defensor do alinhamento automático com o império, o
ex-presidente critica a política externa do atual governo, “de inspiração
chavista”, e lamenta que o Brasil fique “à margem da nova aliança atlântica
proposta pelos Estados Unidos”. Ele ainda rechaça o PT pela “leitura míope do
mundo e distorcida do papel do Estado”. E encerra o artigo em tom professoral:
“Ao PSDB cumpre oferecer a sua visão alternativa e um programa contemporâneo
que amplie as possibilidades de realização pessoal e coletiva dos brasileiros.
Sem esquecer o passado, mas com os olhos no futuro”. Em síntese: nada de
comparações; vamos ao ataque!
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