quinta-feira, 7 de março de 2013

Dependência ao Norte .



Nas três últimas eleições presidenciais, o vaidoso FHC reclamou que foi descartado pelo comando tucano, que reduziu a sua presença nos palanques e na televisão para esconder a sua “herança maldita”. Agora, no desespero, o cambaleante candidato do PSDB, Aécio Neves, resolveu defender a “herança bendita” do seu amado “guru”. Ontem, em sua coluna no Estadão, FHC deu um conselho ao seu pupilo: "O PSDB não deve entrar nessa armadilha. É melhor olhar para frente e deixar as picuinhas para quem gosta delas”.

Ou seja: ele mesmo quer evitar as comparações. No texto intitulado “Sem disfarce nem miopia”, o ex-presidente retira o disfarce! Ele sabe que uma estratégia eleitoral centrada nas comparações seria fatal para o sonho tucano de retornar ao governo. Os eleitores já rejeitaram o legado de FHC três vezes. O melhor é esquecer o passado. “As forças governistas voltaram ao diapasão antigo: comparar os governos petistas com os do PSDB. Chega a ser doentio! Será que não sabem olhar para frente? As conjunturas mudam”.

Para ele, as comparações servem a uma “lógica infantil” e devem ser evitadas. “Na cartilha de exaltação aos dez anos do PT no poder, com capa ao estilo realismo socialista e Dilma e Lula retratados como duas faces de uma mesma criatura, a História é reescrita para fazer as estatísticas falarem o que aos donos do poder interessa... O PSDB não deve entrar nessa armadilha. É melhor olhar para frente e deixar as picuinhas para quem gosta delas”. O importante, ensina o príncipe da Sorbonne, é atacar os erros do atual governo.

Sem modéstia, ele até se refere à “herança bendita” do seu reinado. Mas evita confessar que o Brasil quase quebrou e foge dos dados comparativos. Na sua lógica “infantil” ou “doentia”, FHC insiste nos antigos dogmas neoliberais. Para ele, o atual governo conduz o país ao colapso. “Por ora, o trem não descarrilou. Mas as balizas que asseguraram crescimento com estabilidade - câmbio flutuante, metas inflacionárias e responsabilidade fiscal -, mesmo ainda em pé, se tornam cada vez mais referências longínquas”.

Defensor do alinhamento automático com o império, o ex-presidente critica a política externa do atual governo, “de inspiração chavista”, e lamenta que o Brasil fique “à margem da nova aliança atlântica proposta pelos Estados Unidos”. Ele ainda rechaça o PT pela “leitura míope do mundo e distorcida do papel do Estado”. E encerra o artigo em tom professoral: “Ao PSDB cumpre oferecer a sua visão alternativa e um programa contemporâneo que amplie as possibilidades de realização pessoal e coletiva dos brasileiros. Sem esquecer o passado, mas com os olhos no futuro”. Em síntese: nada de comparações; vamos ao ataque!


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