Nos últimos dias se tem visto e ouvido um monte de barbaridades sobre programas sociais, especialmente os de transferência de renda. Com o boato de que o programa Bolsa Família iria acabar voltaram à tona todos os preconceitos e o conservadorismo doentio da classe média brasileira. Obviamente que retroalimentado pela nossa auto-proclamada “grande imprensa”.
A revista Época, das Organizações Globo – aquela que, segundo seu fundador Roberto Marinho, “participou ativamente da ‘revolução’ de 1964”, publicou uma matéria ao estilo #classemediasofre. Assim mesmo como hastag. Usada para criticar satiricamente esse setor da sociedade. Ela não está preocupada com o bem comum, só se o comum em questão for a própria classe média.
Na versão online, logo na primeira foto, as dificuldades vividas pela classe média com o “risco” de explosão inflacionária são os das viagens e comer em bons restaurantes. Seria cômico se ao fosse trágico. Mas é isso mesmo.
Em diversas oportunidades já foi exposto nesse espaço como a classe média brasileira é sofrível e sem identidade. Ela sonhe em ser elite, pensa como ela, mas – parafraseando um de seus ídolos cinematográficos o Capitão Nascimento de Tropa de Elite – nunca serão!
Como também nunca será classe média os setores que passaram a ter ou estão passando a ter acesso a bens de consumo que as gerações anteriores não tiveram. O fato de a classe trabalhadora ter aumento seu poder de compra e ter melhorado sua condição de vida não os torna membros da classe média.
Isso é uma ilusão. E muitas vezes repetidas por gente do governo federal e do PT. Sem fazer o recorte que essas pessoas são a “nova classe média” sob a ótica do acesso aos bens de consumo essa nomenclatura não se aplica.
Quem melhor explica isso é a filósofa Marilena Chauí. Mesmo com seu jeito bonachão, Chauí consegue descrever muito bem o que é a classe média brasileira. Nossa concordância é ipsis litteris.
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