terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Os paralelos entre Vargas e Lula


Os tempos são diferentes, o nível de desenvolvimento brasileiro é outro.
 
Mas há pontos em comum entre a luta política do período Vargas-Jango e do período Lula-Dilma.
 
Em comum, o fato da oposição ter escassas possibilidades de tomar o poder pelo voto. Assim, o protagonismo é assumido por grupos que levam a luta política para outros campos, extra-eleitorais.
 
No caso de Vargas, essa aglutinação da oposição se deu no segundo governo, com a imprensa livre das amarras da censura do Estado Novo. No caso de Lula, na aliança mídia-PSDB que se forma no pós-mensalão.
 
Havia duas maneiras de enfrentar o clima pre-conspiratório. A primeira, compondo alianças, diluindo pressões, apostando na normalização econômica e política, até ser aceita pelo status quo; a segunda, partindo para o confronto.
 
Dilma Rousseff claramente está apostando todas suas fichas no primeiro caminho.
 
Do período pré-posse à queda, Jango balançou entre esses dois movimentos: o da conciliação, típico da sua personalidade, e da radicalização, conduzido pelo cunhado Leonel Brizola. Sua indefinição derrotou-o.
 
Quando Jânio renunciou, dos obstáculos apareceram para a posse de Jango.
 
O primeiro, uma enorme dívida junto ao Banco do Brasil; o segundo, a resistência de setores empresariais e militares, que articulavam desde a campanha presidencial que elegeu Vargas.
 
A dívida junto ao BB foi resolvida de forma habilidosa e até hoje não revelada, envolvendo troca de chumbos entre bancos privados e o BB.
 
Já a resistência dos conspiradores foi enfrentada com uma operação heroica, comandada a partir de Porto Alegre por Leonel Brizola.
 
No Rio, ocorriam as negociações. Fechou-se um acordo pelo qual Jango assumiria se dentro de um regime parlamentarista e tendo na Fazenda um Ministro responsável, que impedisse loucuras populistas.
 
A escolha recaiu sobre o banqueiro Walther Moreira Salles.
 
Os dois episódios mostram que Jango estava totalmente despreparado quando o cavalo da presidência passou encilhado por ele.
 
Moreira Salles renunciou, depois que Jango tentou empurrar goela abaixo um plano econômico preparado por seu assessor Cibilis da Rocha Viana. Mais tarde, Jango reconquistou o presidencialismo, atropelando o acordo político inicial. E indiciou Carvalho Pinto para Ministro da Fazenda tentando recuperar a confiança. E foi oscilando assim até o fim.
 
A Revolução Cubana foi o fator determinante para os problemas da época.
 
Reforçou, na oposição, o discurso da subversão, contra um presidente que, em toda sua vida, jamais foi adepto de soluções de força. E, no PTB, a ideia de resistir ao golpe através da mobilização popular.
 
Em nenhum momento Jango cuidou de preparar-se, junto às demais forças de Estado, como as Forças Armadas. Permitiu manifestações que ajudaram a reforçar o discurso dos conspiradores, de quebra da hierarquia.
 
No caso de Dilma, sua estratégia é baixar a fervura da água.
 
Faz isso com uma política econômica desenvolvimentista mas cautelosa, na qual o combate à inflação ainda é prioritário; com declarações, até à exaustão, de fé nas instituições, inclusive na mídia.
 
Se é a estratégia correta, o tempo dirá. Se a economia for bem, a estratégia será eficaz.

Fonte: Brasilianas.org
Foto: Internet

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