FONTE: www.redebrasilatual.com.br
Enquanto a Espanha caía nos braços (ou tentáculos) da ajuda financeira da Zona do Euro, com 100 bilhões dessa moeda para seus bancos trincados, a França continuava a marcha para esquerda, nas eleições legislativas, cujo primeiro turno se realizou no domingo passado e o segundo se realizará no próximo, dia 17.
Ainda haverá eleições nos distritos onde nenhum dos candidatos obteve maioria absoluta no primeiro turno, mas os resultados já deixam antever uma vitória das esquerdas.
No total, há 577 cadeiras na Câmara de Deputados (que era o que estava em jogo). Depois do primeiro turno as previsões para as esquerdas (do Le Monde, por exemplo) apresentam a seguinte situação:
Partido Socialista - de 270 a 300 cadeiras;
Frente de Esquerda (de Jean-Luc Mélenchon) - de 14 a 20;
Verdes - de 8 a 14;
Radicais de esquerda - de 14 a 20.
A direita permanece dividida, entre a UMP do ex-presidente Nicolas Sarkozy e a Frente Nacional, de Marine Le Pen, sem chance de composição.
A questão que permanece de pé é se os Socialistas e os Verdes terão eles mesmos, que são aliados automáticos, a maioria absoluta de 289 cadeiras, ou se precisarão do apoio de outros partidos. Em relação à Frente de Esquerda, por exemplo, há concordância em muitos pontos, mas há também discordâncias no que se refere ao montante do salário mínimo e das despesas públicas.
Uma derrota surpreedente para a Frente de Esquerda foi a de seu líder e candidato à presidência Jean-Luc Mélenchon no distrito de Henin-Beaumont, na região de Port-de-Calais, no norte da França. Mélenchon se apresentara nesse distrito para enfrentar a candidatura de Marine Le Pen. Esse prometia ser o "embate do ano", depois das eleições presidenciais. Entretanto, Mélenchon fracassou em seu objetivo.
A legislação francesa prevê que, se nenhum dos candidatos atinge 50% + 1 dos votos e 25% do número total de eleitores, todos aqueles que atingiram 12,5% no primeiro turno passam ao segundo. Mélenchon não conseguiu os 12,5%, ficando fora do segundo turno, que será disputado entre a candidata da extrema-direita e o socilista Philippe Kemel.
Se Le Pen vencer, ela se tornará a principal voz opositora de François Hollande na Câmara dos Deputados graças também a sua votação presidencial (18%, terceiro lugar) em abril e ao relativo declínio da União por um Movimento Popular, do ex-presidente Sarkozy, que hoje parece ser uma figura já apagada na política francesa.
De todo modo, a situação do governo de Hollande será bastante confortável, já que no momento as esquerdas dispõem de maioria também no Senado (177 votos, sendo 131 do PS, contra 164 da direita).
Seu governo sai reforçado também no cenário europeu, pois a França precisa ainda ratificar, em seu Parlamento, o acordo fiscal que fora a menina dos olhos da dupla "Merkozy" no passado, e o novo presidente francês já anunciou que só aprovará um acordo que se abra para políticas de crescimento e investimento.
É possível que essa vitória da esquerda na França, a ser confirmada no próximo domingo, também se reflita na Grécia, cujas eleições parlamentares se realizam no mesmo dia, e onde cresce a disputa das previsões: se vencerá o Syriza, de esquerda e contra o "plano de austeridade", ou a Nova Democracia, de direita, e a favor do plano, mesmo que a contragosto.
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