Documentário que desvenda episódios nebulosos da história recente do Brasil, O Dia que Durou 21 Anos será exibido em edição especial do projeto Cineclube ZH, no próximo sábado, com entrada franca, na sala 8 do Espaço Itaú.
Após a sessão, com início marcado para as 10h30min, será realizado um debate com participação do jornalista Flávio Tavares, produtor do filme, e mediação de Roger Lerina, colunista de Zero Hora.
Para participar da exibição, envie um e-mail a cineclubezh@zerohora.com.br, com seu nome e CPF. As primeiras 30 mensagens garantem dois ingressos (veja ao lado). O Dia que Durou 21 Anos tem como foco a participação dos Estados Unidos no golpe militar que tirou do poder o presidente João Goulart, no movimento que se desenrolou entre 31 de março e 1º de abril de 1964 e colocou o Brasil sob uma ditadura fardada até 1985.
Com direção de Camilo Tavares, o filme está em cartaz na Capital desde 29 de março, com relatos de sessões encerradas sob aplausos dos espectadores. O diretor faz um recorte até aqui inédito sobre os anos de chumbo no Brasil: comprova, com documentos e gravações garimpadas em arquivos de Washington, a ação direta do governo dos EUA para derrubar Jango.
Uma dessas gravações traz uma conversa, registrada em 1962, entre o presidente John F. Kennedy e seu embaixador no Brasil, Lincoln Gordon, na qual manifestam a preocupação com o que julgam ser uma inclinação de Jango à esquerda. Falam ali, no auge da Guerra Fria, em apoiar militares brasileiros insatisfeitos com a "entrega do país aos comunistas".
Camilo é filho do jornalista Flávio Tavares, que tem uma história de luta contra o regime militar – ele estava entre os presos políticos trocados pelo embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, sequestrado pelo grupo de guerrilha MR-8 em 1969. Nos anos 1970, o jornalista esteve exilado no México, onde nasceu Camilo. Flávio é autor das entrevistas do filme, com, entre outros, historiadores brasileiros e americanos, políticos perseguidos pela ditadura e militares golpistas.
O documentário relembra a Legalidade – movimento liderado por Leonel Brizola no Rio Grande do Sul para assegurar a posse do então vice-presidente João Goulart, em 1961, diante da renúncia de Jânio Quadros – e as estratégias dos golpistas para minar a administração de Jango. Uma dessas ações foi a criação de entidades de fachada, patrocinadas pelos EUA, para fazer propaganda contra as reformas sociais do governo e financiar políticos alinhados na defesa dos interesses americanos no Brasil.
Também ganham destaque em O Dia que Durou 21 Anos as provas de como foi articulada a Operação Brother Sam, a força naval americana deslocada para Santos (SP) e colocada em prontidão para agir caso houvesse resistência ao golpe de 1964, e o plano de contingência previamente elaborado na Casa Branca para a administração pós-golpe. Plano que saiu do script com o apego dos militares ao poder – a ideia era a realização de eleições livres na sequência, com candidatos ao gosto do patrocinador.
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