Pra mim, essa conversa de que, depois que o PT
assumiu o governo, teriam se diluído as diferenças entre os partidos políticos não
passa de uma tremenda balela daqueles que morrem de medo da evidenciação das
diferenças que, sim, existem e são muitas. Vamos brincar de “faz de conta”. Faz
de conta que as diferenças ideológicas que marcavam a distância do PT para os
demais partidos tenham se esvaído. Não faz mal. Porque ainda que isso fosse
verdade, há uma enorme diferença de realizações concretas, de obra construída,
que é cada vez maior e mais sólida. A maiúscula transformação social ocorrida
no Brasil a partir do primeiro governo Lula é o que marca a diferença entre PT
e psdb, por exemplo. E fim de papo. Basta conferir os indicadores em todas as
áreas, a começar do combate efetivo e sistemático à corrupção.
Quantas investigações de casos de
corrupção no governo fhc chegaram até um estágio conclusivo? Que instrumentos
foram propostos pelos tucanos para promover a transparência na administração
pública? O governo federal do PT criou o Portal da Transparência, por meio do
qual todo e qualquer cidadão pode acompanhar a execução orçamentária da União,
tendo acesso a um pormenorizado controle de gastos e prestação de contas do uso
do dinheiro público. Por sua vez, que ferramenta o governo tucano em São Paulo
disponibiliza para o cidadão paulista que quiser ter esse mesmo acesso ao
controle dos gastos públicos na esfera estadual? Nenhuma! Da mesma forma, nos
anos fch, os gastos públicos do governo federal eram uma verdadeira
caixa-preta. Além disso, fhc não respeitou a independência institucional dos
órgãos de fiscalização do Estado, a exemplo do Ministério Público Federal e o
Tribunal de Contas da União. Lula, ao contrário, sempre reconheceu a autonomia
funcional dos membros dessas instituições e ainda investiu como nunca antes na
profissionalização da Polícia Federal, dotando-a de capacidade material, humana
e logística para se dedicar ao combate à corrupção e ao desvio das finalidades
públicas dos atos de agentes do Estado. Por isso existe a sensação de que os
casos de corrupção aumentaram nos últimos anos. Mas essa impressão é enganosa.
O que aumentou foi o enfrentamento da corrupção. O Estado deixou de passar a
mão na cabeça dos corruptos e parou de varrer a sujeira para debaixo do tapete.
A sociedade tem que entender isso. As pessoas têm que escolher em que país
querem viver: neste onde os escândalos são devidamente investigados, ou naquele
onde os crimes não escandalizavam as pessoas porque não eram tornados públicos.
Em matéria de oferta de crédito e
distribuição de oportunidades, a comparação também é reveladora. Em 2002, o
crédito total disponibilizado para todos os brasileiros era de R$ 380 bilhões.
Hoje, só o Banco do Brasil tem isso. Em 2011, a oferta total de crédito foi de
R$ 1,6 trilhão. Em 2002, a Caixa Econômica financiava 5 milhões de reais. Em
2011, os financiamentos totais pela Caixa atingiram R$ 70 bilhões. O Banco do
Nordeste emprestou, em 2002, R$ 262 milhões e em 2011 emprestou quase R$ 30
bilhões. É dinheiro nas mãos do povo. O dinheiro que sempre ficava escondido,
que só era usado pela meia dúzia que sempre se achou dona desse país, hoje está
aí circulando: está nas mãos das mães que recebem o Bolsa Família para seus
filhos e que movimentam a economia local das regiões onde vivem; está no
incentivo à agricultura familiar das pequenas propriedades rurais, nos
microempreendimentos daqueles que vêm querendo aproveitar o bom momento da
economia brasileira para alavancar seus próprios negócios; está nas milhares de
bolsas integrais ou parciais do ProUni, que vêm permitindo a milhões de
brasileiros estudarem e ampliarem suas oportunidades na vida; e por aí vai.
Esse é o espírito do “Brasil de TODOS”. Todo esse dinheiro que os governos do
PT estão colocando nas mãos do povo, fazendo circular na economia por meio dos
microcréditos rurais, os créditos habitacionais, os créditos estudantis, o
Bolsa Família, os reajustes do salário mínimo sempre acima da inflação, os
investimentos públicos em infraestrutura (PAC) e em programas setoriais (Luz
para Todos, Minha Casa Minha Vida, Programa Nacional da Agricultura Familiar)
enfim, toda essa dinheirama que foi socializada estava concentrada nas mãos
daqueles que sempre lucraram muito assaltando os cofres públicos. Empréstimo no
Brasil sempre foi muito caro porque sempre existiram aqueles que metiam suas
bundas em cima da grana para impedir que ela circulasse. A partir do governo
Lula, isso acabou. E ainda querem dizer que não existem diferenças?
O mais curioso, no entanto, é a
resistência desses segmentos mais reacionários da nossa sociedade em admitir os
avanços do país sob o comando do PT. Para essa gente alucinada, os êxitos
eleitorais do PT se justificariam exclusivamente por aquilo que eles chamam de
“políticas assistencialistas” como se programas de transferência de renda como
o Bolsa Família fossem meramente eleitoreiros. Essa é uma visão absurdamente
preconceituosa e que parece corresponder muito bem à preguiça mental dessa
gente que não gosta de raciocinar. Parece que a única coisa que o PT fez desde
que assumiu o governo do país foi implementar o Bolsa Família, e mais nada. Já
não teria sido pouca coisa, mas não foi só isso. Será que somente os
beneficiários do Bolsa Família consideram que o país melhorou nos últimos dez
anos?
O ódio que a elite brasileira sente do
governo dos trabalhadores lhe cega de tal maneira que ela perde a capacidade de
fazer uma análise devidamente coerente do que vem se passando no país desde o
início da década passada. Até o observador menos atento já foi capaz de
compreender que o sucesso popular dos governos do PT não se deve apenas às
políticas sociais: “é a economia, estúpido!”.
Claro que os programas de proteção ao
extrato popular de baixíssima renda são muito significativos do ponto de vista
social, mas são mais significativos ainda quando considerados sob o prisma de
seus impactos na economia de um modo geral. Além desses programas, é preciso
levar em consideração também os efeitos positivos causados por outras ações de
governo que foram determinantes para que hoje o Brasil não fosse uma Grécia
falida e endividada. As medidas sociais de transferência de renda e combate à
miséria, combinadas com a valorização do salário mínimo e a formalização do
mercado de trabalho, foram fundamentais para o fortalecimento e a ampliação do
mercado consumidor interno. A ativação desse mercado interno, por sua vez,
estimulou a produção industrial, permitindo a elevação dos níveis de
crescimento econômico com geração de emprego, inclusão social e redução das
desigualdades regionais do país. Foi esse ambiente que permitiu ao país avançar
inclusive na redução progressiva das taxas de juros, que nos tempos de fhc
atingiram os maiores patamares em toda a história, desestimulando o capital
produtivo e favorecendo o capital especulativo que não produz nenhum bem ou
serviço sequer e não gera nenhum posto de trabalho sequer. O governo tucano
prestigiava quem queria o lucro fácil, exploratório e predatório do país, e
penalizava quem pretendesse investir no Brasil e colaborar com o seu
crescimento. Isso também mudou, e muito.
E é graças a essas mudanças que, de 2003
a 2011, 40 milhões de pessoas em todo o Brasil saíram da classe D e E e
chegaram a classe C. “É quase a população da Espanha”. O Nordeste é a região
onde a classe C mais cresceu nos últimos anos (+50%). A mesma faixa de renda
cresceu mais no interior do país (+ 36,4%) do que nas regiões não
metropolitanas (+28,3%). A renda dos 50% mais pobres da população subiu 580%
mais rápido do que a dos 50% mais ricos.
Essa é a obra do PT no governo. Alguma
semelhança com a estagnação econômica, com a concentração de renda, com as
PRIVATARIAS dos tempos dos tucanos?
Acho que os dados reais nos permitem
afirmar sem medo de errar que as diferenças entre PT e psdb estão mais evidentes
do que nunca. E a base dessa diferença não será encontrada apenas na
assistência social, como querem os analistas de araque. Basta perguntar para os
que sempre quiseram estudar, mas não tinham maiores oportunidades porque não
podiam contar com o ENEM ou o ProUni. Perguntem a eles! Perguntem também para
quem sempre considerou a casa própria um sonho inalcançável, mas conseguiu
realizá-lo graças ao “Minha Casa, Minha Vida”. Perguntem aos que queriam abrir
uma microempresa e não conseguiam porque não existia o “SuperSimples”.
Perguntem aos estudantes que sempre sonharam em fazer um intercâmbio em
universidades estrangeiras e não tiveram essa oportunidade porque não existia o
“Ciência sem Fronteiras”. Perguntem a quem simplesmente queria plantar e colher
e não podia porque não havia disponibilidade de crédito para micropodutores
rurais e para a agricultura familiar. Perguntem para aqueles que até o
despontar do século XXI não tinham sequer luz elétrica em casa e agora podem
oferecer aos filhos um delicioso suco gelado retirado da geladeira nova recém
adquirida. Perguntem a eles se não é verdade que a vida deles melhorou nos
últimos dez anos como “nunca antes na história desse país”. Eles não perguntam
porque já sabem das respostas.
Mas seria muito bom se um dia os mervais
pereiras, as doras kramers, as elianes cantanhedes e outros “cheirosos” saíssem
de suas torres de marfim. Faria bem a eles tomar um banho de Brasil, abrir os
olhos, encarar a realidade e constatar de maneira honesta a brutal diferença que
existe entre o PT e os demais partidos que já governaram esse país em toda a
sua história.
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