Fonte: altamiroborges.blogspot.com
Por Altamiro Borges
Em entrevista nesta terça-feira (8), o presidente italiano Giorgio Napolitano informou que o premiê Silvio Berlusconi renunciará já na próxima semana, após a votação final do “pacote de austeridade” do seu governo ultraconservador. O anúncio foi feito logo após o bravateiro fascistóide perder a maioria numa importante votação do parlamento da Itália.
A queda de Berlusconi representa um duro golpe na direita italiana e pode ter reflexos na Europa. Juntamente com Angela Merkel (Alemanha) e Nicolas Sarkozy (França), o primeiro-ministro italiano liderou a guinada neoliberal no velho continente, acelerando o desmonte do estado de bem-estar social e reforçando os laços de servilismo com os EUA nas suas políticas imperialistas.
Expressão grotesca do poder midiático
Silvio Berlusconi é a expressão grotesca do poder midiático na atualidade. Dono de um império de comunicação, ele foi eleito três vezes primeiro-ministro da Itália (1994-1995, 2001-2006, 2008-2011). Durante este longo período, ele sofreu 17 processos na Justiça por desvio de recursos públicos, fraude fiscal, suborno, evasão de divisas e escândalos sexuais – inclusive pedofilia.
A blindagem da mídia, tão seletiva na Itália como no Brasil, garantiu a sobrevivência política e as vitórias eleitorais de Berlusconi. O patético ricaço – a revista Forbes o classificou como a segunda pessoa mais rica da Itália e o 74º homem mais rico da Europa, com fortuna estimada em US$ 9 bilhões – sempre foi funcional para a avarenta burguesia italiana. Por isso, ele durou tanto tempo.
Crise econômica e auditoria do FMI
A grave crise que atinge a Itália, porém, precipitou seu fim. Na semana passada, durante a reunião do G20, a Itália anunciou que submeterá suas contas à auditoria do Fundo Monetário Internacional (FMI). A decisão, que confirma o caos econômico do país, apavorou os banqueiros. Há forte risco de calote da dívida italiana, o que pode afundar de vez a combalida Europa.
O agravamento da crise minou a base de apoio de Berlusconi. Na votação do seu “plano de austeridade”, ele perdeu a maioria dos 316 deputados. Seu principal aliado, o líder fascista Umberto Bossi, pediu sua renúncia, seguido por deputados do seu próprio partido, Povo da Liberdade (PL). Berlusconi rotulou os dissidentes de “traidores”, mas ficou sem condições para permanecer no cargo.
Queda de popularidade e protestos de rua
Fora dos círculos do poder, o premiê estava ainda mais desgastado. Pesquisa da semana passada confirma que a popularidade de Berlusconi caiu a seu nível histórico mais baixo, de 22%. Em janeiro, metade dos italianos já defendia sua imediata renúncia. Greves gerais e protestos de rua exigem a sua queda desde o final do ano passado.
Os escândalos sexuais de Berlusconi, de 75 anos, só aumentaram o seu desgaste. Em outubro, um extrato bancário provou que ele gastou 2,7 milhões de euros (R$ 6,5 milhões) com presentes para garotas de programa. A marroquina Karima el-Mahroug, conhecida como Ruby Rubacuore (“rouba corações”), confessou que participou de festas na mansão do ricaço quando menor de idade e que recebeu 7 mil euros. Em maio, ela foi presa por roubo e foi imediatamente libertada após uma ligação do “amigo” poderoso.
“Vou embora deste país de merda”
Berlusconi já sabia que estava com os dias contados. Só durou mais algum tempo para fazer o último trabalho sujo da asquerosa burguesia italiana, com a aprovação do “plano de austeridade”. Em setembro, numa gravação telefônica que vazou, o arrogante premiê afirmou: “Em alguns meses me vou. Vou embora deste país de merda, do qual estou nauseado”.
Se houvesse justiça, ele deveria ir era para a cadeia. Alguns “calunistas” da mídia brasileira, que tanto o bajularam o líder direitista, poderiam lhe fazer visitas. Diogo Mainardi até mora na Itália!
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