segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Internet assusta a poderosa Globo




À medida em que um número maior de pessoas va
i tendo acesso à internet, fica cada vez 



mais difícil para os meios tradicionais de comunicação realizar desvios na produção de 


notícias. Estão sendo levantados os véus de interesses que recobrem o noticiário divulgado 


por grandes meios de comunicação, não só no Brasil mas em várias outras partes do mundo.

Numa noite de sábado o Jornal Nacional surpreendeu os telespectadores. Depois de um 



intervalo comercial, os apresentadores titulares do programa (que geralmente não trabalham 


aos sábados) passaram a ler o princípios editoriais das Organizações Globo. Muita gente 


ficou intrigada. Porque aquilo naquela hora? Não havia mais nenhuma notícia importante no 


mundo a ser dada? E porque só agora, depois de 86 anos de existência, a empresa resolveu 


divulgar na TV suas normas de trabalho?

Milhões de telespectadores em todo o Brasil ficaram sem respostas. Só quem tem acesso à 



internet soube do que se tratava. A explicação para o inusitado texto lido no Jornal Nacional 


estava no blogue “O Escrevinhador”, de Rodrigo Vianna. Nele eram reproduzidas 


informações de um jornalista da Globo sobre como a emissora pretendia cobrir a indicação 


do embaixador Celso Amorim para o Ministério da Defesa.
Durante os oito anos do governo Lula em que esteve à frente do Ministério das Relações 


Exteriores, Amorim sempre foi visto com desagrado pelas Organizações Globo. A empresa 


não engolia as posições do ministro em defesa da soberania nacional, principalmente 


quando elas não coincidiam com os interesses dos Estados Unidos.

A volta de Amorim ao primeiro escalão do governo foi uma afronta para a Globo. Segundo o 



jornalista mencionado no blogue a orientação da empresa era clara: “os pauteiros devem 


buscar entrevistados para o Jornal Nacional, Jornal da Globo e Bom dia Brasil que 


comprovem a tese de que a escolha de Celso Amorim vai gerar ‘turbulência’ no meio militar. 


Os repórteres já recebem a pauta assim, direcionada: o texto final das reportagens deve 


seguir essa linha. Não há escolha”.

Pena que só internautas atentos ficaram sabendo disso. Jornais e revistas não repercutiram o 



assunto e muita gente acabou achando que, finalmente, a Globo havia tomado a iniciativa 


magnânima de expor à sociedade seus princípios editoriais partindo de vontade própria.

Mas mesmo atingindo um público relativamente muito menor do que o da televisão, a internet 



prestou um bom serviço à sociedade. Inibiu um pouco a ação nefasta armada contra o novo 


ministro e mostrou que a poderosa organização não consegue mais fingir que denúncias e 


criticas não a atingem. A Globo sentiu o golpe e tentou responder recorrendo a princípios por 


ela violados várias vezes ao longo de sua história.

Esperava-se uma mudança de conduta a partir daquele momento. Não foi o que ocorreu. Na 



mesma edição a apresentadora do Jornal Nacional disse o seguinte: “está foragida a 


merendeira que pôs veneno de rato na comida de crianças e professores numa escola 


pública de Porto Alegre”, mostrando uma foto da moça de 23 anos.

Poderia até ser verdade, mas o Jornal Nacional baseava-se apenas numa versão da policia, 



negada pela acusada. Seu advogado havia divulgado a palavra dela, através da Rádio 


Guaíba, oito horas antes do JN ir ao ar. Mas para não perder uma notícia espetacular – 


envenenamento de crianças – nada disso foi levado em conta. Nem os tais princípios 


editoriais.

Se não fosse outra vez a internet, fatos como esse não estariam sendo contados aqui em 



detalhes. Foi o blogue do Mello que registrou a violação dos princípios editorais da Globo, na 


mesma edição em que eles foram divulgados, acompanhados da gravação do desmentido 


da merendeira feito através do rádio.

Dessa forma vão sendo levantados os véus de interesses que recobrem o noticiário 



divulgado por grandes meios de comunicação, não só no Brasil mas em várias outras partes 


do mundo. Parece ser um caminho sem volta.

À medida em que um número maior de pessoas vai tendo acesso à internet, fica cada vez 



mais difícil para os meios tradicionais de comunicação realizar desvios desse tipo.

Texto Laurindo Lalo Lea

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