quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

E o vencedor é um fundamentalista cristão


O resultado das prévias em Iowa demonstra como a direita está dividida. O grande vencedor, com o segundo lugar, responde por Rick Santorum, ex-senador e fundamentalista cristão que chegou a dizer: “Como nossos pais fundadores acreditaram, nossos votos vêm de Deus”.
Ao que tudo indica, falta um líder de oposição capaz de enfrentar o medíocre presidente Barack Obama, o provável candidato do Partido Democrata no pleito presidencial de 6 de novembro.
Por escassos oito votos, Mitt Romney, considerado um “moderado” na terra do Tio Sam (naquele país as inclinações ideológicas são ambíguas como no Brasil), chegou em primeiro lugar. Santorum foi a grande surpresa.
Tanto Romney como Santorum, e mais o terceiro colocado, Ron Paul, são excelentes protagonistas do espetáculo circense oferecido pela direita norte-americana. Entre os sete pré-candidatos a disputar a nomeação republicana temos um mórmon podre de rico, evangélicos fundamentalistas, um candidato que se ganhar promete bombardear o Irã, e uma, a única mulher, que seria a nova Sarah Palin, aquela do movimento ultraconservador Tea Party. E por aí vai.
Se fosse um filme, ou uma peça de teatro, seria tudo muito divertido. Mas não é nem um nem o outro, e, portanto, o cenário norte-americano é trágico.
Por ser considerado “moderado” (vale insistir nas aspas), Romney, ex-governador de Massachussets de 64 anos, poderia, pelo menos em tese, atrair os eleitores indecisos em novembro. Em tese porque nesse saco de gatos de direita tudo pode acontecer com Romney. A corrida de loucos à Casa Branca apenas começou.
Fundamentalistas como Santorum podem, como na época de George W. Bush, se impor. Opositor do aborto, Santorum, pai de sete filhos de 53 anos, equipara a homossexualidade com o incesto e a pedofilia. Foi, aliás, Santorum quem disse que bombardearia o Irã.
Por sua vez, Romney mostrou-se tolerante em relação ao aborto. A reforma da saúde pública por ele proposta é similar àquela de Obama. Mas para os evangélicos e mesmo para Newt Gingrich, ex-presidente da Câmara dos Representantes (4º em Iowa), a riqueza de Romney é um talão de Aquiles. Embora tenha nascido em berço avantajado, Romney ficou multimilionário à frente do fundo de investimentos Bain Capital, especializado em dolorosas reestruturações de empresas.
Já o terceiro colocado no cáucus de Iowa (assembleias de vizinhos, em escolas, igrejas e todo tipo de centros públicos com a presença de mais de 100 mil eleitores) reponde por Ron Paul. Incansável, esta é a terceira vez que o deputado texano de 76 anos concorre à candidatura republicana. Excêntrico, Paul, um dos fundadores do Tea Party, gostaria de pôr um fim no Federal Reserve (FED), o banco central dos EUA. Paul propõe, ainda, suspender a ajuda militar a Israel. Isso, claro, será sua pior jogada tática, visto que o lobby judeu pesa, e muito, em qualquer votação crucial na terra do Tio Sam.
No final das contas, o cáucus em Iowa não decide nada. Mas, graças ao circo midiático, coloca candidatos como Romney e Santorum debaixo de holofotes – e de certa forma fortalece suas candidaturas.
Ademais, Iowa, terra de ninguém e ignorada por turistas, é um estado habitado por agricultores com idade média avançada e onde predomina a etnia branca. Ou seja, o estado não serve como termômetro para a corrida republicana.
O candidato republicano que enfrentará Obama será designado na convenção nacional do Partido Republicano em Tampa, Flórida, de 27 a 30 de agosto.
O paradoxo é que mesmo com um nível de popularidade abaixo dos 50%, graças ao maior nível de desemprego nos EUA nas últimas quatro décadas, Obama será o vencedor no pleito de novembro. Enquanto isso, o presidente continua, ao lado de Israel, a ameaçar um ataque contra o Irã. O império norte-americano vai mal e seus dias estão contados.

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