FONTE: www.zedirceu.com.br
São assustadores os dados de levantamento divulgado pelo Instituto Sou da Paz, ainda que confirmem uma realidade que todos nós já sabemos e acompanhanos diariamente. Pesquisa do Instituto revela que de 2001 a 2010, 93% das pessoas mortas pela PM em São Paulo moravam na periferia.
Destas vítimas, 99,6% eram homens; 54% eram negros ou pardos; e 60% tinham entre 15 e 24 anos. Sapopemba (Zona Leste) foi o bairro com maior número de mortes (52 ocorrências).
Um dos principais nomes na defesa dos direitos humanos no bairro, Valdênia Aparecida Paulino, sofreu ameaças por denunciar o envolvimento de policiais nos crimes e precisou sair do Brasil já mais de uma vez - a 1ª vez foi abrigada na Itália com ajuda da Igreja. Na 2ª vez, ainda em curso, as organizações de direitos humanos não revelam onde ela se encontra.
Zona Leste, onde ocorre o maior número de casos
As regiões da Brasilândia, na Zona Norte, com 48 casos, e do Capão Redondo, na Zona Sul, com 35, ficam em 2º e 3º lugares respectivamente. Pelo levantamento do Sou da Paz, de novo na Zona Leste ficam o 4º e o 5º lugares: Cidade Tiradentes, com (33 ocorrências) e Itaquera (31).
"A situação mais estranha é a dos jovens com 16 e 17 anos, que correspondem a apenas 3,6% da população, mas respondem pelo percentual de 9% do total de vítimas. É preciso entender por que esses adolescentes estão morrendo", diz Lígia Rechenberg, coordenadora de análise de dados do Instituto Sou da Paz.
Como vemos as estatísticas, reais, só agravam a avaliação da atuação da PM em São Paulo cuja população sofre depois de 20 anos de poder do tucanato no Estado. Mas, nessa questão das proporções que a violência policial e de outra ordem atingem a nossa população negra, eu tenho de reconhecer: a situação é assustadora não só em São Paulo, é estarrecedora em todo o Brasil.
Não mudaremos essa violência enquanto não mudarmos a polícia
Clamo há muito aqui no blog e em entrevistas e demais manifestações minhas pela necessidade de discutirmos essa questão da violência, verdadeiro flagelo para a população negra. Um dos maiores que assola suas vidas.
Não mudaremos a situação enquanto não começarmos a dscuti-la a fundo. Não mudaremos, principalmente enquanto não alterarmos o currículo de formação de nossos policiais, instruídos a ver a população negra como inimiga e sempre a maior suspeita diante de qualquer situação de irregularidade. Enquanto não mudarmos isso, eles continuarão sendo as principais e primeiras vítimas - que você vê a toda hora na rua - das batidas policiais.
Ao lado das mudanças de currículo, dispciplinas e formação e treinamento de nossos policiais, é imprescindível discutirmos a questão. Vamos colocá-la na agenda nacional. Vamos começar?
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