quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O grande problema causado por nosso analfabetismo político.

Já dizia no passado o saudoso Bertolt Brecht em o Analfabeto Político "O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais." Triste é observar inúmeras postagens sendo colocadas nas redes sociais da seguinte forma.
com os seguintes dizeres:

Oscar Niemeyer está tão lúcido aos 103 anos, vejam a frase que ele postou: "PROJETAR BRASÍLIA PARA OS POLÍTICOS QUE VOCÊS COLOCARAM LÁ, FOI COMO CRIAR UM LINDO VASO DE FLORES PRA VOCÊS USAREM COMO PINICO. BRASÍLIA NUNCA DEVERIA TER SIDO PROJETADA EM FORMA DE AVIÃO E SIM DE CAMBURÃO."

Realmente concordo que o problema da corrupção no Brasil e no mundo se torna cada vez mais preocupante, porém dentro de um processo democrático, não vejo a corrupção como maior problema, e sim a cultura de não participação popular nos fatos políticos, e apenas a reclamação está se tornando uma cultura cada vez mais comum e infelizmente que só acalentará a revolta sem propostas de mudança. 

Aqui deixo meu desabafo:

Nada mais fácil que criticar o político como ladrão e corrupto. Lembremos que quem colocou-o lá foi a maioria dos votos. Portanto o errado creio que não seja ele e sim nosso analfabetismo político. Reclamar é fácil quero ver ajudar a desenvolver a mudança. Não sou a favor da corrupção mas o problema é bem maior do que a superficialidade dos fatos apresentado pela podre mídia brasileira. 

FOME .


A fome
Mãe eu tô com fome
eu dizia eu gritava eu mugia
minha vó zangada respondia
você não está morrendo e nem tem fome
Você tem é apetite
Você sabe que vai comer, aonde comer, o quê vai comer.
Fome não! A fome, minha neta,
a fome, meu irmão,
a fome, minha criança,
é um apetite sem esperança.
Quando há certeza de cereais, toalhas americanas,
guardanapos e alegrias da coca-colândia
não há fome de verdade.
Minha vó já dizia pra mim um futuro de Brasil.
Minha vó nem viu edifício crescer no lugar de pão
no lugar de trigo
nem viu criança com infância de semáforo
vendendo mariola barata, criança que mata
porque seu quintal tá sempre no vermelho
criança cujo ralado de joelho
dói menos do que o não morar, não existir, não contar
com a fome tenaz
Não há tenaz na escola
há só a cola de cheirar a dor doída
de um monstro estômago a roncar
um animal doído dentro do corpo a uivar
todo dia, sem boa vista, sem quinta zoológica onde morar
Com a fome das crianças brasileiras
forra-se a mesa, arma-se o banquete
dos que sempre tiveram apenas apetite.
A faminta criança foi apenas o álibi, o cardápio, o convite.
Desmamada ela cresce procurando o peito da pátria amada
uma banana, uma manga, uma feijoada
e a mãe pátria diz nada.
Tem ela apenas o horror, o descalor, a calçada
um ódio a todos os tênis dos meninos nutridos
um ódio a mochilas, a saudáveis barrigas
com contínuo furor de assaltar os relógios
um deter o tempo que é o seu verdadeiro balão
um cai-cai balão que só cai à mão armada.
A fome gera a cilada de uma pátria de não irmãos.
A gente podia ter gripe, asma, catapora, bronquite
A gente podia ter apetite mas fome não.

Absolvição do aborto entrou no mercado em Madri

Fonte: leonardoboff.wordpress.com

por Leonardo Boff
Um Papa não pode perder dignidade nem colocar os serviços da Igreja à disposição do mercado. Pois foi o que ocorreu em Madri por ocasião do encontro internacional do Papa com os jovens. Mulheres que cometeram aborto,presentes no encontro, ganhavam o perdão e de lambuja ainda uma indulgência plenária. Bastava estar lá e se confessar nos 200 confessionarios na Praça do Retiro. As coisas deixaram de ser sérias e voltamos ao tempo medieval em que se vendiam perdões e indulgências a quem podia pagar, como estas mulheres que puderam pagar suas passagens e estar em Madri. E as demais milhões de mulheres do mundo inteiro? Ivone Gebara é teóloga,tempos atrás também submetida como eu “ao silêncio obsequioso”, por criticar a insensibilidade da moral católica face ao sofrimento humano, especialmente em questões de sexualidade e agora contra os dois pesos e as duas medidas face à questão do aborto. Trabalha no Recife em meios populares pobres e sabe dos padecimentos das mulheres, além de escrever teologia com rigor e em tom de profecia. Aqui vai o artigo-protesto dela com a qual me solidarizo. LB
DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS:O PAPA PERDOA ABORTO EM MADRI
fonte: http://www.ciranda.net/fsm-dacar-2011/article/dois-pesos-e-duas-medidas-o-aborto
quarta-feira 24 de agosto de 2011, por Ivone Gebara
É com muito constrangimento que muitas mulheres católicas leram a notícia publicada em vários jornais nesse último final de semana de que a Arquidiocese de Madri com aprovação papal autorizou a concessão do perdão e indulgência plenária às mulheres que confessarem o aborto por ocasião da visita do papa. A impressão que tivemos é que o papa, o Vaticano e alguns bispos gostam de brincadeiras de mau gosto com as mul heres. Não sabemos em que mundo esses homens vivem, quem pensam que são e quem pensam que somos!
Primeiro, concedem o perdão a quem pode viajar para assistir a missa do papa e passar pelo “confessionódromo” ou pelo conjunto de duzentos confessionários brancos instalados numa grande Praça pública de Madri chamada “Parque do Retiro”. O perdão deste “pecado” tem local, dia e hora marcada. Custa apenas uma viagem a Madri para estar diante do papa! Quem não faria o esforço para tão grande privilégio? Basta ter dinheiro para viajar e pagar a estadia em algum hotel de Madri que o perdão poderá ser alcançado. Por isso nos perguntamos: que alianças a prática do perdão na Igreja tem com o capitalismo atual? Como se pode viver tal reducionismo teológico e existencial? Quem está tirando benefícios com esse comportamento?
Segundo, têm o desplante de afirmar que o perdão deste “crime hediondo” como eles costumam afirmar, é dado apenas por ocasião da visita do papa para que nessa mesma ocasião as fiéis pecadoras obtenham “os frutos da divina graça” confessando o seu pecado. – Como entender que uma falta é perdoada apenas quando a autoridade máxima está presente? Não estariam reforçando o velho e decadente modelo imperial do papado? Quando o Imperador está presente tudo é possível até mesmo a expressão da contradição em seu sistema penal.
Não quero retomar os argumentos que muitas de nós mulheres sensíveis às nossas próprias dores temos repetido ao longo de muitos anos numa breve reflexão como esta. Mas esse acontecimento papal madrilenho, infelizmente, só mostra mais uma vez, um lado ainda bastante vivo no Vaticano, ou seja, o lado das querelas medievais em que questões absolutamente sem peso na vida humana eram discutidas. E mais, demonstra desconhecer as dores femininas, desconhecer os dramas que situações de violência provocam em nossos corpos e corações.
Ao conceder o perdão ao “crime” do aborto na linguagem que sempre usaram, de forma elitista revelam o rosto ambíguo da instituição religiosa capaz de ceder ao aparato triunfalista quando sua credibilidade está em jogo. Podem abençoar tropas para matar inocentes, enviar sacerdotes como capelães militares em guerras sempre sujas, fazer afirmações públicas em defesa da instituição condenando pobres e oprimidas, abrir exceções à regra de seus comportamentos para atrair jovens alienados dos grandes problemas do mundo ao rebanho do Papa. A lista dos usos e costumes transgressores de suas próprias leis é enorme…
Por que reduzir a vida cristã a pão e circo? Por que dar um espetáculo de magnanimidade em meio a corrupção dos costumes? Por que criar ilusões sobre o perdão quando o dia a dia das mulheres é cheio de perseguições e proibições às suas escolhas e competências?
Somos convidadas/os a pensar no aspecto nefasto da posição do papa e dos bispos que se aliaram a ele. O papa não concedeu perdão e indulgência total ou plena “urbe et orbe”, i sto é, para todas as mulheres que fizeram aborto, mas apenas àquelas que se confessaram naquele momento preciso e por ocasião da visita do papa à Espanha. Não é mais uma vez a utilização das consciências especialmente das mulheres para fins de expansionismo de seu modelo perverso de bondade? Não é mais uma vez abrir concessões obedecendo a uma lógica autoritária que quer restaurar os antigos privilégios da Igreja em alguns países europeus? Não é uma forma de querer comprar as mulheres confundindo-as diante da pretensa magnanimidade dos hierarcas?
Será que as autoridades constituídas na Igreja Católica e de outras Igrejas são ainda cristãs? São ainda seguidoras dos valores éticos humanistas que norteiam o respeito a todas as vidas e em especial à vida das mulheres?
Creio que mais uma vez somos convocadas/os a expressar publicamente nosso sentimento de repúdio à utilização da vida de tantas mulheres como pretexto de magnanimidade do coração papal. Somos convidada s/os a tornar pública a corrupção dos costumes em todas as nossas instituições inclusive naquelas que representam publicamente nossas crenças religiosas. Somos convidadas/os a ser o corpo visível de nossas crenças e opções.
Fazendo isso, não somos melhores do que ninguém. Somos todas pecadoras e pecadores capazes de ferir uns aos outros, capazes de hipocrisia e mentira, de crueldade e crueldade refinada. Mas, também somos capazes de dividir nosso pão, de acolher a abandonada, de cobrir o nu, de visitar o prisioneiro, de chamar Herodes de raposa. Somos essa mistura, expressão de nosso eu, de nossos deuses, dos espinhos em nossa carne convidando-nos e convocando-nos a viver para além das fachadas atrás das quais gostamos de nos esconder.
*A teóloga IVONE GEBARA é doutora em Filosofia pela Universidade Católica de São Paulo e em Ciências Religiosas pela Universidade Católica de Louvain, na Bélgica. 21 de agosto de 2011.

A minha religião


Assistindo a um programa de entrevista na televisão, registramos um fato interessante.
O repórter estava entrevistando um ex-jogador de futebol que foi contemporâneo de Pelé, Garrincha, e outros mestres do esporte. 
A entrevista transcorria de maneira agradável, pois o repórter conduziu a conversa fazendo correlação entre o futebol e a vida cotidiana.
Em vários momentos o entrevistado deixou transparecer a sua boa conduta perante a vida.
Era um jogador exemplar; um esposo dedicado e fiel; um pai amável e companheiro; não era dado a farras e bebedeiras; sempre foi benquisto pelos colegas de profissão.
Em cada item desses, o repórter questionava: "por que você age assim?" E ele respondia: "é por causa da minha religião."
Os valores expressados pelo desportista causavam agradável impressão ao telespectador.
O seu exemplo de vida certamente despertou a curiosidade de muitos, para saber qual era a religião que ele professava.
O repórter, como que captando a curiosidade geral, fez a pergunta tão esperada: "e qual é a sua religião?"
Para surpresa de todos, o ex-jogador disse convicto: "minha religião, é que eu não tenho religião. Como sei que a minha vida vai acabar no túmulo, quero deixar para meus familiares uma boa imagem, um bom exemplo."
O que mais nos impressionou no depoimento daquele homem, foi a sua disposição firme de ser honrado, nobre, digno, mesmo acreditando que sua vida acaba no túmulo.
Podemos dizer que seu exemplo deve provocar sérias reflexões naqueles que professam uma religião, que acreditam na imortalidade da alma, que têm fé em Deus, e não agem como tal.
Alguns acreditam, sinceramente, que o fato de seguirem esta ou aquela religião, basta para que tenham sua felicidade futura garantida. Para que tenham um lugar de destaque no além.
No entanto, podemos afirmar, sem sombra de dúvidas, que o que importa para as leis divinas, não é a bandeira religiosa que se ostenta, mas as obras realizadas.
As leis de Deus darão a cada um segundo as suas obras. Nada mais. Nada menos. Se assim não fosse, não seria justo. E Deus é a suprema justiça.
A religião, portanto, é um meio para que se atinja um fim, que é o aperfeiçoamento do ser humano.
Se a missão das religiões é ocupar-se com a alma, conduzindo-as a Deus, podemos concluir que a melhor religião é a que maior número de homens de bem fizer, e menos hipócritas.
Se a pessoa tem boa índole e não deseja se vincular a esta ou aquela religião, não deixará de entrar no reino dos céus, pois o reino dos céus, como afirmou Jesus, está dentro de nós, e não fora.
No caso do ex-jogador, sua religião é a sua própria consciência. E sua consciência é uma bússola segura.
De tudo isto podemos concluir que mais importante do que ter uma religião, é ser um homem de bem.
Não queremos dizer com isto que não existam e não existirão homens de bem no seio das religiões, isso não.
A história registrou e ainda registrará grandes vultos no meio religioso. Homens livres para amar a todos, sem barreiras nem preconceitos.
O homem verdadeiramente livre e bom entende que nós somos todos filhos de Deus.
Quando praticarmos o amor ao próximo como a nós mesmos cumpriremos o nosso objetivo na terra.
Uma grande família; uma família que se abraça mais, e sabe respeitar a todos independente de credo, raça e condição social.
Quando o amor nortear nossas vidas, não precisaremos mais lutar e matar em nome de Deus. Estaremos mais fortes para enfrentar outros tipos de desafios; respiraremos ares de paz e união.
Pense nisso
Procure ser melhor hoje do que foi ontem, e melhor amanhã, do que está sendo hoje.
Seja um homem de bem, tentando acertar o máximo que puder para que, quando alguém lhe perguntar qual a sua religião, você possa responder: "a minha religião é o amor."

Pense nisso!

 

Autor:
Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita. 

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Vai dar no Jornal Nacional? Lucro de empresas abertas brasileiras cresce 28,9% no 1º semestre


Fonte: economia.estadao.com.br
SÃO PAULO - O lucro de 335 empresas brasileiras de capital aberto somou R$ 108,9 bilhões no primeiro semestre deste ano, valor 29,8% superior ao apurado em igual período de 2010, quando as mesmas empresas lucraram R$ 83,9 bilhões, conforme levantamento divulgado hoje pela Economatica. O setor de mineração foi o principal responsável pelo crescimento nominal de R$ 25 bilhões, já que obteve no mesmo período expansão de R$ 12,3 bilhões.
No entanto, o setor que concentrou o maior volume de lucros no primeiro semestre de 2011 foi o bancário, representado por 24 instituições, com R$ 24,9 bilhões, valor 19% maior ao registrado no mesmo período do ano passado, quando atingiu R$ 21 bilhões.
Na segunda posição ficou o setor de petróleo e gás, com cinco empresas que, juntas, alcançaram lucro de R$ 21,9 bilhões, alta de 33,7% ante os seis primeiros meses de 2010. Apesar de ser composto por cinco empresas, o resultado é representado praticamente pelo lucro da Petrobras.
O setor de mineração ficou com a terceira posição, com lucro de R$ 21,8 bilhões, valor 131,4% superior ao do mesmo período de 2010, quando as mineradoras lucraram R$ 9,4 bilhões. Também neste caso, o setor está representado majoritariamente pela Vale, que lucrou R$ 21,5 bilhões entre janeiro e junho.
Esses três setores com maior volume de lucros - bancos, petróleo e gás e mineração - juntos obtiveram R$ 68,7 bilhões, o que representa 63,2% do total do lucro das 335 empresas brasileiras de capital aberto brasileiras. No primeiro semestre de 2010, os mesmos três setores lucraram R$ 46,8 bilhões, 55,9% da soma dos resultado de todas as empresas no período. O crescimento do lucro dos três setores no primeiro semestre de 2011 com relação ao mesmo período de 2010 foi de R$ 21,9 bilhões ou 46,8%.
Dos 24 setores listados pela Economatica, somente o de Eletroeletrônicos apresentou prejuízo no primeiro semestre de 2011, de R$ 289 milhões.

FACES DA CRISE: GOVERNO ATUA EM MODO DE ESPERA E O INSTITUTO FHC VIRA SUCURSAL DO TEA PARTY


FONTE:www.cartamaior.com.br


Nem a elevação do superávit fiscal anunciada ontem pelo governo, nem a interrupção da escalada dos juros, aguardada para amanhã,no Copom, mudam a dinâmica do país nesse momento. O que o governo fez nesta 2ª feira, grosseiramente, foi trocar  seis por meia dúzia. Agregou mais R$ 10 bilhões do excesso de arrecadação de impostos até julho (crescimento recorde de 14% em termos reais) ao superávit primário , elevando-o de 3% para 3,30% do PIB. Em troca, o BC deve interromper a trajetória de alta da Selic na reunião desta semana. O patamar de 12,5% do juro básico brasileiro é um despropósito planetário comparado à taxa média de 1,5% praticada  na zona do euro e ao patamar de 0,25% tabelado pelo Fed, para os próximos dois anos, nos EUA. Foi graças à ortodoxia do BC que o país ingressou na crise de 2008 com esse trofeu anômalo. Reduções significativas, que façam diferença macroeconômica, exigem agora cortes drásticos num dos principais preços da economia. O ambiente de incerteza mundial  afasta essa opção da mesa dos governantes. A Presidenta Dilma dança o minueto da espera, com a respiração fiscal em suspenso. Não tomará qualquer medida graúda sem ter uma avaliação efetiva do estrago que a sarabanda da crise ainda fará no salão internacional. Imobilizados no redil ideológico do neoliberalismo, que subtraiu legitimidade à taxação efetiva da riqueza, do patrimônio e das grandes transações financeiras  -vide o golpe do Tea Party contra Obama, nos EUA, e a extinção da CPMF no Brasil, subtraindo R$ 40 bi à saúde pública, em 2007- os governos de fato perderam espaço de ação fiscal nas últimas décadas. Restou-lhes o abismo do endividamento público que no Brasil custa  6% do PIB em juros ao ano. A crise, os gastos extras que ela impôs e o comportamento arisco dos capitais em todo o mundo fechou agora esse ponto de fuga. Mudanças efetivas no investimento público em educação, saúde, infraestrutura, pesquisa etc dependem de uma mobilizaçao política para romper essa camisa-de-força. Não é uma agenda para o conservadorismo nativo. Esse parece disposto a dobrar a aposta na eutanásia do Estado. Reunidos semana passada, em São Paulo, sábios de bico longo, por exemplo,  transformaram o Instituto Fernando Henrique Cardoso numa franchising do Tea Party. O ‘tucano party' deixaria Sarah Palin e o presidenciável Rick  Perry orgulhosos dos mascotes locais. Arida, Bacha & Cia advogaram a privatização de todos os fundos públicos (FGTS e PAT, por exemplo), ressuscitaram a bandeira do déficit fiscal zero e mandaram às favas responsabilidades republicanas com educação, saneamento etc. Seria importante conhecer a avaliação do PT sobre a plataforma do ‘tucano party'. O partido, porém, dificilmente teria algo de significativo a contrapor sem incluir uma ruptura com a doutrina fiscal do neoliberalismo. O Congresso do PT neste fim de semana pode ser uma boa oportunidade para essa demarcação de visões.


(Carta Maior; 3º feira, 30/08/ 2011)

Calote de bancos está na mira da Receita

Fonte: www.zedirceu.com.br
Publicado em 29-Ago-2011
ImageA manchete da Folha de São Paulo, hoje, denuncia que a Receita Federal já autuou bancos em quase R$ 200 mi por um tipo específico de sonegação: a declaração ao fisco de uma inadimplência maior do que a verificada em suas carteiras de crédito. Isto porque, na prática, o que os bancos não recebem dos clientes pode ser abatido do que é pago ao governo federal. O novo tipo de calote está na mira do fisco, que já instaurou até 30 processos para apurar a chamada "perda em crédito".

A expectativa da Receita é de que as notificações - que somam impostos não recolhidos, multas e juros - cheguem a R$ 600 milhões até dezembro próximo e que cresçam em 2012.  Os bancos negam que estejam cometendo irregularidades e afirmam haver divergências em relação ao entendimento da lei sobre o assunto.
Os argumentos dos bancos são comoventes. Mas, a respeito do planejamento tributário ao qual estão cada vez mais afeitos, é bom lembrar que estas instituições financeiras brasileiras têm apontado a alta inadimplência no país – ao lado da tributação, as despesas administrativas e a taxa da Selic – para justificar seu alto spread...

Necessidade de regulamentação
Segundo Vagner Freitas, Secretário de Administração e Finanças da Central Única dos Trabalhadores, diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, esse tipo de ação por parte dos bancos deve-se em parte a não regulamentação do artigo 192 da Constituição Federal, que versa sobre o sistema financeiro. Segundo ele, o artigo é alvo de interesse de grupos com fortíssima representação no Congresso.

“Não conseguimos fazer um projeto único para regulamentar o setor, ainda que a primeira proposta nesse sentido date de 1988, à época do mandato de deputado federal do Luiz Gushiken (PT/SP)”, recorda. Desde a década de oitenta, a proposta foi fatiada em vários projetos. “Regulamentou-se o que interessava aos bancos e não conseguimos avançar o que interessava à sociedade”, resumiu.

Maior controle

Para o sindicalista, o principal tópico que ainda merece ser defendido é o que propõe um maior controle da sociedade sobre a ação dos bancos. “No caso dos dados maquiados da inadimplência: precisamos saber a quem os bancos prestam essa informação que, aliás, é produzida pelos próprios bancos”, exemplifica.

Freitas defende maior participação da sociedade em órgãos de controle sobre o setor, entre os quais o Conselho de Política Monetária (COPOM) do Banco Central. “Precisamos de representantes não apenas do governo e do Banco Central, mas, ainda, dos setores produtivos, dos trabalhadores e dos órgãos de defesa do consumidor”, argumenta.

O tema merece um debate no Congresso Nacional e na sociedade.

Foto: Arquivo

Veja ilustra por que a mídia precisa de leis

Fonte: www.blogcidadania.com.br



O silêncio da grande imprensa em torno dos fatos que culminaram com a reportagem de capa da edição da revista Veja desta semana, tem duas explicações: a primeira é a de que a matéria é um amontoado de suposições e de “escandalização” do nada; a segunda, é o crime que o veículo cometeu na tentativa de conseguir alguma sustentação para o que publicou.
A matéria, primeiro. Constata que José Dirceu tem relações com políticos do PT, alguns dos quais estão no governo. A matéria poderia ter ido mais longe. Dirceu tinha relações com Lula quando presidente e agora tem com Dilma. Se ela não o visita, ele a visita. O fato de ele estar sendo investigado no inquérito do “mensalão” não o impede de ter relações políticas.
Tudo passaria como apenas mais uma demonstração de jornalismo irresponsável e antiético entre tantas outras que a revista da família Civita já deu. Desta vez, porém, ocorreu um fato espantoso, a despeito das suposições da revista sobre irregularidade que inexiste no fato de Dirceu se reunir com membros de seu partido ou de outros. Esse fato é o gerador do silêncio.
A Veja foge de se aprofundar no fato de ter hospedado seu jornalista no hotel em que José Dirceu se reúne com políticos em Brasília e de que este tentou invadir o apartamento do ex-ministro. Entrar no apartamento alheio em um hotel enganando a camareira, é crime. Pouco importa o que Dirceu estava fazendo.
Mesmo se o repórter tivesse conseguido esconder um equipamento de escuta no quarto de Dirceu, ou uma câmera, ou coisa que o valha, nada do que obtivesse por tais métodos seria legal. Na verdade, seria criminoso.
Há dúvida de que o repórter da Veja tentou invadir o quarto? Os testemunhos de funcionários do hotel não valem? O Boletim de Ocorrência não é nada? O fato de o repórter ter pedido para ficar no quarto ao lado do de Dirceu, não indica nada? Há alguma diferença entre os métodos da Veja e os do jornal britânico The News of the World?
E o principal: quem investigará o que ocorreu? A Polícia Federal? A de Brasília? O Congresso? A classe política aceitará que órgãos de imprensa invadam suas casas em busca de provas contra seus membros? É democrático e republicano que se possa invadir a casa de alguém sem ordem judicial, sem sustentação nenhuma?
O cerne da questão é a regulação da imprensa. A “reportagem” da Veja deixou claro que a brasileira usa métodos iguais ou piores dos que já se vai descobrindo que eram usados por parte da imprensa britânica e que, por lá, estão gerando um escândalo de proporções gigantescas, que inclui até prisão de jornalistas.
E ninguém fala em “censura”, por lá.
O que a Veja acaba de fazer só comprova que este país não avançará sem leis específicas e abrangentes para o exercício da atividade jornalística e sem limites éticos a tal atividade, e que não se pode justificar que a imprensa cometa crimes alegando que os comete para combater outros supostos crimes.
O silêncio em torno da constrangedora matéria da Veja e do ataque criminoso da revista não esconde pudor, mas consciência de que, se esse debate avançar, ficará muito claro o caráter imprescindível de um projeto de lei com regras e limites ao exercício da atividade jornalística e com mecanismos de punição de excessos como o que acabamos de ver.
Se mesmo com a comprovação cabal de que a imprensa brasileira comete crimes iguais ou piores do que os da britânica o governo Dilma não enviar de uma vez ao Congresso um projeto de lei de regulação da mídia, haverá uma crise institucional no Brasil. E todos nós sabemos como sempre acabaram as crises institucionais neste país.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Devanir Ribeiro:”Aonde vamos parar com esse jornalismo tão podre, tão mentiroso?”

Fonte: www.viomundo.com.br


por Conceição Lemes
Desde quarta-feira, 24 de agosto, quando Gustavo Nogueira Ribeiro, repórter da Veja, foi flagrado pela camareira, tentando invadir o apartamento de José Dirceu no Hotel Naoum, em Brasília, era previsível que mais uma “aula” de jornalismo esgoto estava a caminho. Não deu outra. Com capa e tudo.
Com a manchete “José Dirceu mostra que ainda manda em Brasília”, Veja chegou este final de semana às bancas. Logo no olho diz: “Com ‘gabinete’ instalado em um hotel, ex-ministro recebe autoridades da República para, entre outras atividades, conspirar contra o governo Dilma”.
A matéria traz uma sequência de dez fotos, provavelmente extraídas da câmera de segurança, tiradas do andar em que fica o apartamento de José Dirceu. Numa delas, aparece o próprio. Nas demais, ministros, deputados, senadores que lá estiveram.
Entre eles, o deputado federal Devanir Ribeiro (PT-SP), que, aparentemente, está acompanhado de duas pessoas, cujos rostos foram disfarçados pela revista para não serem reconhecidos. Legenda da foto:
07/6/2011 – 20:22:42 – Duração: 25 minutos | Deputado Devanir Ribeiro, PT: “Faz muito tempo que eu não vejo o Zé Dirceu. Nem lembro quando foi a última vez” – Reprodução/Veja
No início da noite desse sábado, conversei com Devanir: “Eu não li ainda a matéria. Encontrei hoje o Vacarezza [deputado federal Cândido Vacarezza, líder do governo na Câmara] num debate, ele me falou. Eu não leio, não compro, não recomendo e não dou entrevista à Veja há vários anos”.
Pedi-lhe para abrir uma exceção, para comentar o que foi publicado. Topou. Como havíamos combinado, voltei a ligar no final da noite desse sábado. Devanir foi logo dizendo:
“Que matéria mais besta? Francamente não sei o que estão querendo com ela. Intrigar o Zé com a Dilma? Jogar a Dilma contra o Zé? Besteira! Dizer que o pessoal do PT frequenta o Naoum?! Vários parlamentares do PT que não têm apartamento funcional ficavam e ficam lá hospedados. Que o Zé faz política, qual a novidade?! É um direito dele. O Zé é um cidadão brasileiro, militante político e dirigente partidário. É um quadro importante do PT  que fez parte das lutas democráticas do Brasil nas últimas décadas. É uma pessoa que eu respeito”.
Viomundo – Segundo a Veja, o senhor disse que faz tempo que não vê o José Dirceu e nem se lembrava de quando tinha sido a última vez que o tinha encontrado. Diz também que o  senhor teria estado no apartamento do José Dirceu em 7 de junho. É isso mesmo que aconteceu?
Devanir Ribeiro – Primeiro, gostaria repetir. Vários parlamentares do PT ficavam e ficam no Naoum. De modo que, de vez em quando, eu vou até lá, sim, para encontrar algum companheiro.
Segundo, eu fui ao Naoum aquele dia — não sei se em 7 de junho como afirma a Veja — para buscar alguns companheiros do Pará e levar para uma reunião que iria acontecer em seguida na minha casa. Ao chegar na portaria,  liguei para um deles, que pediu para eu subir. O Zé atendeu,  cumprimentei-o, ele  estava atendendo umas ligações, conversamos um pouco e fomos embora.
Eu não tinha NENHUMA audiência marcada com o Zé Dirceu. E se tivesse, assumiria. Qual o problema? Nenhum. Sou político, tenho de fazer política. O Zé, a mesma coisa.
Viomundo – E essa história de que o senhor não se lembrava de ter o encontrado o José Dirceu?
Devanir Ribeiro – Veja bem. O Zé é dirigente partidário, logo a gente vive  se cruzando em reuniões do PT, assim como com os demais companheiros do PT.
Como eu não havia solicitado audiência ao Zé Dirceu, eu, na hora, inicialmente, não me lembrei que tinha passado pelo Naoum, pra pegar o pessoal.
Viomundo – Então o que disse para o jornalista?
Devanir Ribeiro – Tem uma coisa importante que eu quero esclarecer. Há alguns dias um repórter daVeja me ligou, querendo marcar um horário para conversar comigo.  Eu disse NÃO. Disse o que já disse a você: que não lia, não assinava, não recomendava nem dava para a Veja em função do péssimo jornalismo que ela faz. Acrescentei ainda que estava processando a Veja.
O repórter disse: “Ah, mas eu sou novo!”.
Eu contrapus: “Você é novo, mas a revista é velha”.
A coisa morreu aí. Só que num outro dia outro repórter me ligou, perguntando se eu não achava estranho o Zé Dirceu receber um monte de gente em Brasília.Respondi que achava   normal, já que o Zé conhece muita gente. Aí, ele me perguntou quando tinha sido a última vez que eu tinha encontrado o Zé. Inicialmente, respondi: “Eu não me lembro”. Mas, em seguida, falei: “Foi no Rio de Janeiro há uns 15 dias na reunião do diretório nacional do PT.
Viomundo – Mas o repórter não citou o Rio de Janeiro na legenda da foto…
Devanir Ribeiro – Eu disse, mas ele colocou só o começo da minha fala.
Viomundo – Esse segundorepórter se identificou como da Veja?
Devanir Ribeiro – Não! Se tivesse dito, não teria respondido nada.
Viomundo – O senhor lembra o nome dos dois repórteres que lhe telefonaram?
Devanir Ribeiro – Não. Não, mesmo. Mas são jornalistas que eu nunca ouvi falar o nome.
Viomundo – O senhor está processando a Veja. Por quê?
Devanir Ribeiro – Na época do dito “mensalão”, que nunca existiu, saiu publicado que uma funcionária minha, Maria Aparecida da Silva, tinha ido ao Banco Rural e sacado dinheiro.
Na época, o meu advogado pesquisando na internet percebeu que o número de dígitos da carteira de identidade da Maria Aparecida envolvida não batia com o que temos em São Paulo. Aí, descobriu que não tinha nada a ver com a minha secretária. Foi a minha sorte.
Aliás, no Brasil, o que não falta é Maria Aparecida da Silva (risos), concorda?
A Globo se retratou. A Veja, não. Eu resolvi processá-la, pois como diz o meu advogado: “Se você é acusado injustamente e fica quieto, é como se admitisse a culpa. Por isso tem de processar, mesmo.  Se você não processar, vão dizer que você é culpado”. Então processei. Não desisto.
Não importa o tempo que demorar. Estou fazendo uma poupança para os meus netos. A Veja não se emenda.  Não está preocupada com a verdade. Aliás, o jornalismo brasileiro está cada vez pior. Aonde vamos parar com esse jornalismo tão podre, tão mentiroso, tão malfeito?
PS do Viomundo: Hoje, após publicar esta entrevista com Devanir Ribeiro,  soube do post do blogueiro Len, do  Ponto e Contraponto, onde ele afirma que  as  fotos da reportagem de Veja não são  imagens  da circulação do hotel, feitas pela câmera de segurança. Mas que elas teriam sido obtidas por um sistema  implantado pelo próprio jornalista num ponto próximo ao apartamento de José Dirceu. Clique aqui para conhecer os detalhes.
Leia também

Grupo Hacker denuncia o Criança Esperança da Globo.

Fonte: http://omeudownload.blogspot.com/2011/08/grupo-hacker-denuncia-o-crianca.html
O famoso grupo de hackers, conhecido como Anonymous, lançou na internet uma denuncia contra a Globo e
o Criança Esperança.
A primeira parte da crítica feita pelo grupo se refere ao valor das doações que aumentaram muito nos últimos anos, algo que varia de 33% a 50%. Esse aumento seria absurdo, afinal a Globo sempre critica quando qualquer imposto ou tarifa pública recebe um acréscimo maior que a inflação, mas quando é a vez dela aumentar os valores, acaba extrapolando e muito à taxa que poderia ser considerada como alta normal. Assim sendo, a emissora carioca devia dar exemplo e não fazer pior do que o governo.
Contudo a crítica mais grave feita pelo grupo se refere ao dinheiro arrecadado pela emissora com a campanha do Criança Esperança. Segundo eles, todo ano a Globopegaria um recibo do dinheiro doado pelo povo junto a Unesco para usar na dedução do seu imposto de renda, como se a emissora que tivesse doado o dinheiro, dessa maneira ela consegue um abatimento enorme.
Claro que essa manobra é totalmente errada, pois como todo mundo sabe a Globonão desembolsa um centavo para dar a campanha, apenas arrecada dinheiros dos seus telespectadores e passa para a Unesco.

sábado, 27 de agosto de 2011

Acabou a munição neoliberal. BC EUA não tem nada a declarar


Saiu no New York Times:

Realizou-se em Jackson Hole, estado do Wyoming, a reunião anual em que presidentes do Banco Central americano anunciam os planos e dizem para onde caminha a Humanidade.

Diziam.

No tempo do Alan Greenspan, quando aquilo se transformava no Congresso Eucarístico do Neoliberalismo Universal.

Hoje, acabou a bala do neoliberalismo.

Não se convida mais o Alan Greenspan para jantar na Febraban.

E o pronunciamento do Ben Bernanke não anunciou nada de novo.

É como discurso do Aécio.

Bernanke não produziu nem a nova derrama de dólares que a Presidenta Dilma tanto temia – o quantitative easing, uma forma sofisticada de sair da crise com o bolso dos outros.

Como previu Paul Krugman, também no New York Times, Bernanke não agiu com medo de Rick Perry a versão troglodítica do George Bush, como se ainda fosse possível.

Perry é governador do Texas, candidato a Presidente por ordem de Deus, e ameaçou Bernanke de sofrer o pão que Diabo amassou no Texas, se ele mexesse no arranjo apocalíptico de corte de investimentos, juros baixos e nada de imposto.

Tudo o que os neoliberais do Pinochet e do PiG (*) pregam por aqui.

Krugman e Stiglitz, prêmios Nobel, já explicaram que a munição neoliberal de combater a crise de emprego com redução de juros e corte de investimentos só dá certo na cabeça da mais notável neoliberal brasileira, a Urubóloga.

E do pessoal do Tea Party, sua expressão americana mais autêntica.

A crise fechou o Banco Central americano.

O soturno prédio da sede em Washignton se transformara num templo Mormon.

Ou num museu de urubus tropicais.


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
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