quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Haddad adverte: Serra transformou campanha eleitoral numa cruzada de intolerância


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O fato de ter sido o primeiro, e praticamente o único candidato, ainda no início da disputa para o 1º turno, a fazer um programa de governo prova que Fernando Haddad (PT e partidos aliados) gostaria de ter conduzido a campanha eleitoral com a discussão de propostas e programas para a capital paulista. José Serra (PSDB-DEM-PSD-PV), por exemplo, só apresentou seu programa nesta semana, um amontoado de clichês cuja execução depende do governo do Estado.

Pena que Haddad não tenha conseguido focar a campanha nisso, porque está sendo obrigado a mostrar ao eleitorado diariamente que o adversário José, auxiliado por seus principais aliados como o pastor evangélico Silas Malafaia, desviou a discussão, principalmente agora no 2º turno, para uma cruzada de intolerância contra os homossexuais. 

Exemplo disso se viu ontem, quando Haddad foi obrigado a rebater a campanha preconceituosa e discriminatória de José, a responder sobre ela, e a reconhecer que o adversário tucano, "indiretamente" instiga a intolerância contra homossexuais.

José fez da campanha eleitoral uma cruzada de intolerância

Em caminhada pelo bairro da Lapa (Zona Oeste da capital) nesta 3ª feira (ontem, 16.10), Haddad precisou abordar, de novo, as críticas do adversário tucano ao kit anti-homofobia - que José e aliados denominaram de kit gay - que o Ministério da Educação começou a elaborar. "O que o Serra faz não se deve fazer na política. Quando você desinforma, você cria uma nuvem de insegurança nas pessoas que é própria de quem quer promover esse tipo de preconceito", alertou haddad.

O próprio candidato tucano reconheceu ontem que faz da intolerância, do preconceito e do atraso, o principal mote de suas campanhas. Esse tipo de reconhecimento é raro em José que centra suas campanhas em temas que nada têm a ver com a administração, em questões de princípio e convicções como o aborto, ou questões de gênero, como está fazendo agora, mas diz que não foi ele, que a mídia ou "os brasileiros" é que introduzem essa discussão.

Ontem ele reconheceu que sua cruzada de agora contra os homossexuais lembra o caso do aborto na eleição presidencial de 2010. "O que aconteceu em 2010? A Dilma deu uma entrevista para o UOL e Folha e disse que era a favor do aborto. Mais adiante, na campanha, disse que era contra. A Marina Silva (candidata presidencial do PV naquele ano) cobrou a Dilma e eu cobrei a incoerência. Não entrei na posição. O que o pessoal petista espalhou? Que era uma campanha conservadora e alguns jornalistas, caso do Kennedy (Kennedy Alencar, que o entrevistava), pescaram isso".

Cobrar cumprimento de mandato até o fim, no caso de José, não adianta

Como vocês vêem, tentou explicar o inexplicável. Diante de tanta incoerência, Haddad criticou o rival por ter se recusado, em uma tumultuada entrevista à rádio CBN, a assinar um novo documento prometendo, se eleito, permanecer no cargo durante os quatro anos de mandato.

Os jornalistas estão no seu papel ao cobrar de José essa assinatura. Mas, no caso dele, não adianta nada fazer tal cobrança porque ele já assinou compromisso semelhante em 2004, quando se elegeu prefeito, e abandonou a prefeitura 16 meses após a posse para concorrer ao governo do Estado.

Ao recusar-se a assumir novo compromisso de cumprimento de um mandato até o fim "ele falou que aquele documento que assinou virou uma palhaçada", observou Haddad. "Nenhum documento que eu assinei na vida virou uma palhaçada, porque eu costumo cumprir com a minha palavra."

A propaganda do candidato do PT no rádio e TV nesta 3ª feira teve a participação do presidente Lula. "Haddad está sendo atacado com um monte de mentiras", disse o ex-chefe do governo, para quem os tucanos acham que o "povo é ingênuo". Cairão do cavalo, porque o povo não é.

(Foto: Marcello Casal Jr./ABr)

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