Educadores criticam mudança do sistema, que segundo governo passará a ser adotada já neste ano letivo
A Secretaria da Educação decidiu abandonar o reforço dado a alunos com dificuldades de aprender o conteúdo das aulas na rede paulista.
Esse reforço era previsto desde 1997. Ocorria durante o ano letivo num período diferente das aulas regulares – quem estudava de manhã tinha ajuda extra à tarde e vice-versa. Os estudantes assistiam de duas a três aulas extras semanais, ministradas por professores da própria rede.
Agora, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) quer atender esses alunos com dificuldade colocando mais um professor na sala para acompanhá-los nas aulas regulares, ou seja, no mesmo momento em que as matérias são ensinadas.
As aulas de reforço são um dos pilares do sistema de ciclos, em que não há reprovação a cada série. A ideia é que o aluno pode superar a defasagem de conteúdo sem que precise refazer um ano todo – as aulas de recuperação de fim de ano, por exemplo, foram abandonadas quando o sistema de ciclos foi adotado.
Sem profissionais
A medida que acaba com as aulas de reforço durante o ano letivo é anunciada em meio a uma crise de falta de professores – nos últimos meses, o governo chegou a chamar para dar aula até docentes reprovados no teste de admissão.
“O pano de fundo é a falta de investimento, pois a recuperação exigia mais salas e professores”, diz Maria Márcia Malavazi, coordenadora de pedagogia da Unicamp.
Professores da capital, Campinas e Ribeirão Preto disseram que o motivo alegado pelos diretores para a mudança é a falta de educadores para a recuperação extra justamente por causa do projeto do segundo docente.
O plano de colocar dois professores em sala de aula para acabar com as aulas extras de reforço será aplicado apenas em salas grandes.
Isso quer dizer que, se o aluno estiver numa sala menor e tiver dificuldades, ficará sem nenhum apoio extra.
O segundo professor atuará em turmas com 25 alunos ou mais nos primeiros anos do ensino fundamental; 30 nos anos finais; e 40 no ensino médio. O governo diz que, nas demais, o reforço deverá ser feito pelos docentes titulares durante aulas regulares.
A Secretaria da Educação não informou o universo de turmas nessa situação.
Segundo o governo, a chamada recuperação paralela contava com “baixa frequência”. O governo, porém, não deu dados sobre a frequência.
“O fim do reforço desconsidera que há quem precise ficar mais tempo na escola”, diz Ocimar Alavarse, da Faculdade de Educação da USP.
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