Uma coisa é eu palpitar sobre as péssimas condições do sistema de transporte urbano paulistano, outra é um especialista no assunto dizer exatamente o que um monte de gente vem falando há tempos. A Agência Brasil foi ouvir quem entende do assunto explicar o que está havendo em São Paulo, e não deu outra: o diagnóstico não poderia ser mais desabonador para as "autoridades" encarregadas do desgoverno da capital e do Estado.
Melhor reproduzir a reportagem na íntegra. Ela vale uma "crônica" inteira:
O aumento de usuários nas linhas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e a falta de investimento em infraestrutura no sistema explicam os sucessivos problemas no transporte ferroviário em São Paulo. O diagnóstico é do especialista em transportes Sérgio Ejzenberg, consultor da Organização das Nações Unidas (ONU) no Programa de Desenvolvimento de Transportes para Bogotá e Colômbia. “Isso não poderia ter acontecido. Na hora que você ofereceu integração com o metrô e o ônibus, chamou gente para o sistema. E obviamente a rede elétrica não suporta a demanda atual”, disse Ejzenberg. “Você percebe que há uma exigência maior de alimentação, tudo isso precisa de energia. E a rede seguramente não estava preparada para isso. Isso explica os recorrentes problemas que sempre se dão no pico da manhã”, acrescentou.
Na quinta-feira, um problema elétrico na Linha 7 Rubi (Luz - Francisco Morato - Jundiaí) da CPTM causou a paralisação dos trens entre as 7h e as 10h, quando o funcionamento foi retomado parcialmente. Apenas às 15h a totalidade do sistema voltou a operar. Em uma das estações mais atingidas, a Francisco Morato, usuários revoltados com os sucessivos problemas destruíram catracas que davam acesso à área de embarque.
“Se a CPTM sabia do aumento de passageiros e não tomou providências, é inépcia. Se ela não sabia, é falta de planejamento. Se sabia, tomou as providências e não conseguiu orçamento para fazer, é decisão política equivocada. Há algum erro em algum lugar”, disse o especialista.
Na sexta-feira, deputados estaduais membros da Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo fizeram uma inspeção na Estação Francisco Morato. “O que houve aqui é resultado da ebulição de tudo que vem ocorrendo nas linhas da CPTM. Há diminuição do investimento do governo e cortes no orçamento”, disse o deputado Alencar Santana Braga (PT). De acordo com ele, a bancada do PT fez uma representação no Ministério Público Estadual pedindo apuração sobre omissão do governo na manutenção da linha. Na Estação Francisco Morato, os usuários precisam cruzar a linha do trem a pé antes de chegar a plataforma de embarque. “As pessoas são colocadas em risco”.
O PT também deverá convocar o secretário de transportes do Estado, e o presidente da CPTM para esclarecer aos deputados as sucessivas falhas que estão ocorrendo no sistema. Segundo a CPTM, a linha demorou quase oito horas para retomar totalmente o funcionamento devido aos usuários que desceram dos trens e tomaram os trilhos. “Por questão de segurança, a circulação de trens que vinha ocorrendo parcialmente teve de ser interrompida, o que provocou lotação nas estações dessa linha”, informou a companhia, em nota.
O frequentador da Estação Francisco Morato, Fábio Alexandre Souza, disse que já recebeu advertência no trabalho por chegar atrasado. “Eu chego aqui às 4h30 da manhã. Não é questão de fila aqui dentro, é que não cabe ninguém dentro da estação. A fila fica lá fora. Ultimamente a situação tem piorado, o trem vem de 40 em 40 minutos, e já chega lotado de Franco da Rocha [uma das estações anteriores]”.
“Toda a semana tem paralisação por falta de energia. Principalmente no final de semana. Final de semana não tem trem. Demora 30 minutos para chegar e mais 30 para sair”, acrescentou. Marcio Nazario Ribeiro, também usuário da estação, conta que ontem perdeu o dia de trabalho por falta da condução. De acordo com ele, além da lotação dentro da estação, há falta de espaço dentro dos trens. “Aqui tem todo o tipo de problema, paralisação, tem muito intervalo entre os trens e está sempre muito lotado. Os trens parecem lata de sardinha. Ontem mesmo eu não pude trabalhar, e aí tive que voltar para casa. Quando falta trem, eles tentam colocar ônibus, só que os ônibus já vinham cheios”.
Em nota, a CPTM disse que herdou sistemas antigos, e que agora estão recebendo investimentos para sua modernização. “Somente neste ano serão mais R$ 1 bilhão para obras de infraestrutura (sinalização, telecomunicações, energia, rede aérea, via permanente e construção de passarelas), além da modernização das estações mais antigas e da frota de trens”, informou a companhia em nota. A companhia ainda destacou que a rede aérea de energia e os sistemas de alimentação elétrica dos trens estão sendo trocados e novas subestações de energia estão sendo construídas em todas as linhas. “Já está em fase de conclusão a licitação para contratação de projeto executivo, fabricação, fornecimento e instalação de novas subestações para as seis linhas, cujos investimentos são de R$ 664 milhões. Atualmente a CPTM possui 24 subestações elétricas para energia de tração, número que deverá chegar a 30 com a implantação das subestações em andamento e as que estão em licitação”.
No primeiro trimestre de 2012, a CPTM registrou 15 ocorrências que prejudicaram o funcionamento normal dos trens. Quatro dessas ocorrências foram provocadas por falha no sistema de alimentação elétrica. As demais, segundo a CPTM, foram causadas por fatores externos, como alagamento e falhas nas composições.
Melhor reproduzir a reportagem na íntegra. Ela vale uma "crônica" inteira:
O aumento de usuários nas linhas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e a falta de investimento em infraestrutura no sistema explicam os sucessivos problemas no transporte ferroviário em São Paulo. O diagnóstico é do especialista em transportes Sérgio Ejzenberg, consultor da Organização das Nações Unidas (ONU) no Programa de Desenvolvimento de Transportes para Bogotá e Colômbia. “Isso não poderia ter acontecido. Na hora que você ofereceu integração com o metrô e o ônibus, chamou gente para o sistema. E obviamente a rede elétrica não suporta a demanda atual”, disse Ejzenberg. “Você percebe que há uma exigência maior de alimentação, tudo isso precisa de energia. E a rede seguramente não estava preparada para isso. Isso explica os recorrentes problemas que sempre se dão no pico da manhã”, acrescentou.
Na quinta-feira, um problema elétrico na Linha 7 Rubi (Luz - Francisco Morato - Jundiaí) da CPTM causou a paralisação dos trens entre as 7h e as 10h, quando o funcionamento foi retomado parcialmente. Apenas às 15h a totalidade do sistema voltou a operar. Em uma das estações mais atingidas, a Francisco Morato, usuários revoltados com os sucessivos problemas destruíram catracas que davam acesso à área de embarque.
“Se a CPTM sabia do aumento de passageiros e não tomou providências, é inépcia. Se ela não sabia, é falta de planejamento. Se sabia, tomou as providências e não conseguiu orçamento para fazer, é decisão política equivocada. Há algum erro em algum lugar”, disse o especialista.
Na sexta-feira, deputados estaduais membros da Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo fizeram uma inspeção na Estação Francisco Morato. “O que houve aqui é resultado da ebulição de tudo que vem ocorrendo nas linhas da CPTM. Há diminuição do investimento do governo e cortes no orçamento”, disse o deputado Alencar Santana Braga (PT). De acordo com ele, a bancada do PT fez uma representação no Ministério Público Estadual pedindo apuração sobre omissão do governo na manutenção da linha. Na Estação Francisco Morato, os usuários precisam cruzar a linha do trem a pé antes de chegar a plataforma de embarque. “As pessoas são colocadas em risco”.
O PT também deverá convocar o secretário de transportes do Estado, e o presidente da CPTM para esclarecer aos deputados as sucessivas falhas que estão ocorrendo no sistema. Segundo a CPTM, a linha demorou quase oito horas para retomar totalmente o funcionamento devido aos usuários que desceram dos trens e tomaram os trilhos. “Por questão de segurança, a circulação de trens que vinha ocorrendo parcialmente teve de ser interrompida, o que provocou lotação nas estações dessa linha”, informou a companhia, em nota.
O frequentador da Estação Francisco Morato, Fábio Alexandre Souza, disse que já recebeu advertência no trabalho por chegar atrasado. “Eu chego aqui às 4h30 da manhã. Não é questão de fila aqui dentro, é que não cabe ninguém dentro da estação. A fila fica lá fora. Ultimamente a situação tem piorado, o trem vem de 40 em 40 minutos, e já chega lotado de Franco da Rocha [uma das estações anteriores]”.
“Toda a semana tem paralisação por falta de energia. Principalmente no final de semana. Final de semana não tem trem. Demora 30 minutos para chegar e mais 30 para sair”, acrescentou. Marcio Nazario Ribeiro, também usuário da estação, conta que ontem perdeu o dia de trabalho por falta da condução. De acordo com ele, além da lotação dentro da estação, há falta de espaço dentro dos trens. “Aqui tem todo o tipo de problema, paralisação, tem muito intervalo entre os trens e está sempre muito lotado. Os trens parecem lata de sardinha. Ontem mesmo eu não pude trabalhar, e aí tive que voltar para casa. Quando falta trem, eles tentam colocar ônibus, só que os ônibus já vinham cheios”.
Em nota, a CPTM disse que herdou sistemas antigos, e que agora estão recebendo investimentos para sua modernização. “Somente neste ano serão mais R$ 1 bilhão para obras de infraestrutura (sinalização, telecomunicações, energia, rede aérea, via permanente e construção de passarelas), além da modernização das estações mais antigas e da frota de trens”, informou a companhia em nota. A companhia ainda destacou que a rede aérea de energia e os sistemas de alimentação elétrica dos trens estão sendo trocados e novas subestações de energia estão sendo construídas em todas as linhas. “Já está em fase de conclusão a licitação para contratação de projeto executivo, fabricação, fornecimento e instalação de novas subestações para as seis linhas, cujos investimentos são de R$ 664 milhões. Atualmente a CPTM possui 24 subestações elétricas para energia de tração, número que deverá chegar a 30 com a implantação das subestações em andamento e as que estão em licitação”.
No primeiro trimestre de 2012, a CPTM registrou 15 ocorrências que prejudicaram o funcionamento normal dos trens. Quatro dessas ocorrências foram provocadas por falha no sistema de alimentação elétrica. As demais, segundo a CPTM, foram causadas por fatores externos, como alagamento e falhas nas composições.
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