A política do repúdio à divida
Jogando a tinta vermelha na pia
by MIKE WHITNEY, no Counterpunch, em 01.09.2011
Reprodução parcial
A farra de gastos de uma década dos consumidores norte-americanos terminou, mas ainda existe um oceano de tinta vermelha para limpar. E com os preços dos imóveis em queda e o desemprego batendo em 9%, vai levar mais tempo para zerar a contabilidade do que muitos esperavam.
Tradicionalmente, o governo tem ajudado a reduzir a dor dessa limpeza com um estímulo fiscal para impulsionar a atividade econômica e reduzir o custo real da dívida. Mas o Congresso está agora nas mãos dos falcões do déficit, que torcem o nariz para esses remédios keynesianos; assim, os domicílios e os consumidores vão ter de se virar para pagar as dívidas como puderem ou declarar falência quando o pagamento não for mais possível. Isso é má notícia para uma economia que depende dos consumidores para gerar 71% do PIB. Sem um consumidor saudável, a economia vai enfrentar anos de lentidão e estagnação.
A dívida dos domicílios dos Estados Unidos como parcela da renda disponível anualmente está em 115%, abaixo do pico de 135% em 2008. Mas, enquanto os consumidores estão avançando em se livrar de suas dívidas, ainda há muito por fazer. Os economistas acreditam que o dado vai eventualmente voltar ao nível histórico de 75% [dívida de 75 centavos por dólar de renda], o que significa crescimento menor por vários anos, a não ser que algúem faça gastos que compensem a redução do consumo.
Mas qual setor é suficientemente grande para compensar as perdas? As empresas? O governo?
Os gastos de empresas ainda estão significativamente abaixo dos níveis de investimento pré-crise. Naturalmente, as empresas não vão contratar mais trabalhadores para produzir mais mercadorias com a demanda fraca. E a demanda vai continuar fraca se não houver uma retomada do consumo. Mas como pode o consumo ser retomado quando o consumidor está sob uma montanha de dívidas e fazendo tudo o que pode para aumentar a poupança? Certamente, se os salários estivessem crescendo, seria mais fácil pagar as dívidas e aumentar o consumo ao mesmo tempo. Mas os salários não estão crescendo; na verdade, estão caindo se considerarmos a inflação. Assim, o consumo pessoal — que tipicamente dá o impulso para a economia sair da recessão — vai continuar a decepcionar.
PS do Viomundo: Tudo indica que será cumprida a expectativa de uma dupla recessão nos Estados Unidos, o maior mercado mundial, país que não criou um emprego sequer em agosto de 2011. E o dinheiro dos investidores vai correr solto em direção à economia brasileira, com todas as consequências disso.
Leia também:
Nenhum comentário:
Postar um comentário