FONTE: www.patrialatina.com.br
Há três décadas, o governo dos Estados Unidos persiste em incluir Cuba, arbitrária e unilateralmente, na lista de países patrocinadores do terrorismo, procurando intensificar o cerco que impõe à ilha há meio século.Com esta medida, que Washington faz questão de manter desde 1982, o vizinho do Norte demonstra que não renuncia sua velha política de estrangular economicamente a Revolução Cubana.
Esta prática do Departamento de Estado norte-americano não é nova e vem-se aplicando sistematicamente desde 29 de dezembro de 1979, com um grupo de países que, coincidentemente, não compartilham os postulados ideológicos pautados nas terras do Tio Sam.
Cuba não é a única nação que sofre esta patranha. Líbia, Iraque, Iêmen do Sul, Coreia do Norte e Síria também estão sob a observação escrutadora dos "especialistas" norte-americanos.
Os argumentos que os Estados Unidos dão contra Cuba para manter sua acusação de que a maior das Antilhas patrocina atos terroristas são tão discutíveis e carentes de evidências, que provocaram a crítica de importantes personalidades, incluídos militares, acadêmicos e jornalistas, quem veem o sul com visão solidária.
Por três décadas, Cuba denuncia as manobras do governo norte-americano e conta com o apoio incondicional de muitos países, agrupamentos e indivíduos que apoiam o trabalho internacionalista e humanitário do povo e governo cubano com os mais necessitados do mundo.
Em dezembro de 2011, as organizações não governamentais norte-americanas Latin American Working Group e The Center for International Policy exigiram ao Departamento de Estado que Cuba fosse tirada da lista de países terroristas.
Em março, o brigadeiro geral John Adams, ex-representante militar dos Estados Unidos na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), num artigo assinado junto ao cabildero federal David W. Jones, e publicado no jornal The Hill, pediram à Casa Branca retirar Cuba da lista e pôr fim a sua política contraproducente para Havana.
Adams e Jones consideram, em seu comunicado, que essa atitude se converte em um anacronismo que tirava os esforços de Washington em sua luta contra o terrorismo.
A esta reclamação se uniram, em maio, os integrantes da Oficina Acadêmica Cuba-Estados Unidos (TACE), integrado por nove acadêmicos estadunidenses da American University, e oito cubanos da Universidade de Havana.
Neste encontro, Philip Brenner, professor da American University, sugeriu que a luta contra o terrorismo é um área onde poderia haver uma abordagem construtiva entre ambos países.
A 31 de julho, o Departamento de Estado estadunidense deu a conhecer sua nova lista de países patrocinadores do terrorismo e uma vez mais incluiu Cuba, sob a acusação de uma suposta falta de medidas no sistema bancário cubano para enfrentar a lavagem de dinheiro e as transações financeiras vinculadas ao terrorismo. As reações não se fizeram esperar.
O professor cubano-americano Arturo López-Levy, investigador sócio da Escola de Estudos Internacionais Josef Korbel, da Universidade de Denver, expressou que incluir Cuba na lista é uma mostra mais de que a política norte-americana para Havana é um cemitério para a ética e as estratégias racionais.
"Cada vez que os Estados Unidos afirmem que pedem colaboração na guerra contra o terrorismo, a inclusão de Cuba na lista de países terroristas os envergonhará", enfatizou o professor López-Levy.
O acadêmico expressou ainda que esta ação constitui outro jogo politiqueiro mais com a segurança nacional do país, pois um mecanismo que deve ser não-partidário e profissional está manipulado por uma minoria recalcitrante da comunidade cubano-americana.
López-Levy agregou que o tema da inclusão de Cuba na lista de países patrocinadores do terrorismo é particularmente danoso às relações entre Havana e Washington.
No sentido desta manipulação -acrescentou o professor cubano-americano- geraram-se julgamentos impensáveis nos quais se obvia a doutrina do ato do Estado e se assume que Cuba só tem imunidade limitada, o que é uma violação do direito internacional e da soberania cubana.
De Miami, coração da comunidade cubana emigrada nos Estados Unidos, também expressou-se Elena Freyre, presidente da Fundação pró Normalização das Relações entre Estados Unidos e Cuba (FORNORM), quem qualificou de vergonhosa e hipócrita a inclusão de Cuba nesta lista do Departamento de Estado.
"Os Estados Unidos são o mesmo país que permite que os verdadeiros terroristas passeiem impunemente pelas ruas de Miami, enquanto perseguem, prendem ou mantêm retidos longe de suas famílias cinco homens cubanos que só trataram de defender a seu país destes ataques", afirmou Freyre.
A presidente da FORNORM ressaltou que há muito tempo que se sabe que esta inclusão está muito relacionada à satisfação dos interesses desses "mal chamados" cubanos extremistas de Miami e nada a ver com a realidade cubana.
Também se manifestou a este respeito Edmundo García, comentarista radial cubano-americano, quem conduz o espaço vespertino "La tarde se mueve" na emissora 1450 AM de Miami.
É uma hipocrisia mais - afirmou García -, uma falácia contra Cuba que nem eles mesmos se creem, e só demonstra a prepotência e falta de escrúpulos por parte dos Estados Unidos.
Washington tem um duplo discurso quando se refere ao tema da luta contra o terrorismo, pois enquanto acusa publicamente Cuba com calúnias fabricadas, oculta que Havana rende informação veraz e exata periodicamente aos mecanismos apropriados das Nações Unidas sobre estes temas e outros referidos à luta contra o terrorismo, segundo uma recente declaração emitida pela Chancelaria cubana.
O documento, dado a conhecer aos meios de imprensa depois de ser conhecida a decisão dos Estados Unidos de reiterar sua acusação contra Cuba, revela que em fevereiro de 2012 a ilha renovou a proposta de acordar um programa bilateral de combate ao terrorismo, à qual a Casa Branca ainda não respondeu.
Cuba tem sido uma vítima do terrorismo de Estado de Washington e empregado como uma arma política que custou ao povo da ilha 3.478 mortos e 2.099 incapacitados, e muitos dos terroristas que executaram suas ações criminosas contra Cuba, hoje desfrutam da proteção das leis norte-americanas.
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