FONTE: www.zedirceu.com.br
O cenário literário mundial acaba de sofrer uma grande perda. Gore Vidal, um dos mais prestigiados escritores norte-americanos, faleceu na madrugada desta 4a. feira (1.8), em Los Angeles. Ele estava com pneumonia.
Gore Vidal foi um iconoclasta de seu tempo no coração do Império. Aos 86 anos, deixa uma legião inconsolável de fãs, entre os quais eu me incluo. Fui profundamente marcado pelas suas obras “Washington DC” (1967) e “Império” (1989), cuja leitura recomendo a todos vocês.
Sua escrita era uma lâmina que brilhava, uma arma que Gore manuseava como ninguém para combater a hipocrisia moral da sociedade norte-americana do seu tempo. Ele será lembrado como um dos grandes escritores dos Estados Unidos do século passado. Um crítico implacável da vida política, social e cultural de seu país.
Em 1946, em seu romance “A Cidade e o Pilar”, Gore abordou o homossexualismo sem meios termos, e da mesma forma atacou a direita imperialista e militarista norte-americana. Acabou sendo uma das vítimas do implacável macartismo, apesar de ter combatido durante a II Guerra Mundial.
Contra o imperialismo
Gore foi também político e um militante ativo dos direitos das minorias e contra o que não tinha medo de nomear explicitamente de “imperialismo dos EUA”. Seu ingresso na política aconteceu em 1960, ao se lançar candidato a uma vaga no Congresso pelo Partido Democrata. Gore era meio irmão de Jacqueline Kennedy e primo do ex-vice-presidente Al Gore. Em 1982, disputou mais uma vez, uma vaga de senador desta vez pela Califórnia. Obteve meio milhão de votos, mas não conseguiu se eleger.
Recentemente, Gore voltou à cena política, desfechando ácidas críticas contra o governo de George W. Bush, "o mais desastroso de nossa história", afirmou. Um dos mais inteligentes e ácidos observadores da política norte-ameriana, Gore morreu acreditando que os EUA vivem um sistema político de um só partido, com duas alas direitistas. Fará muita falta.
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