POR: Alejandro Nadal.
FONTE: www.diarioliberdade.org
Em 2011, mais de dois terços da população dos Estados Unidos sofria problemas de excesso de peso ou obesidade. Do ponto de vista dos lucros da indústria alimentar, a obesidade é o melhor sinal de êxito.
Há duas coisas que as economias capitalistas sabem fazer e fazem-nas muito bem. Uma delas é alcançar economias de escala para reduzir custos unitários, algo que se atinge muito bem através de processos de industrialização. A outra é obter subsídios, algo que se otimiza quando se tem muito poder. Estas duas coisas juntaram-se para produzir a crise da obesidade nos Estados Unidos.
Em 2011, mais de dois terços da população dos Estados Unidos sofria problemas de excesso de peso ou obesidade. Atualmente, este país tem a maior taxa de obesidade do mundo. Dados oficiais revelam que a percentagem de pessoas adultas com problemas de obesidade passou de 13 por cento, em 1962, para 36 por cento, em 2010.
A manter-se esta tendência, em 2030, 42 por cento da população adulta sofrerá problemas de obesidade (11 por cento com obesidade severa, com mais de 45 quilos de excesso de peso). A taxa de obesidade em crianças já atinge uns alarmantes 18 por cento. Diversos estudos mostram que as crianças com obesidade têm maior propensão para conservar a dita obesidade na idade adulta.
Este excesso de peso produz graves efeitos na saúde. Os estudos clínicos revelam que a obesidade aumenta o risco de diabetes tipo 2, doenças do coração, síndroma da apneia do sono, hipertensão, risco de cancro de muitos tipos e várias doenças crónicas. O balanço final é uma expectativa de vida significativamente menor em relação à população sem obesidade. A tudo isto há que acrescentar o desconsolo pela perda da autoestima e o flagelo da discriminação social.
De onde vem este problema? O primeiro indicador é que existe uma relação muito estreita entre pobreza e obesidade. A população mais pobre está mais exposta à obesidade. Nos Estados Unidos, nove dos 10 estados com maiores taxas de obesidade estão entre os estados mais pobres. Existem distritos pobres, em cidades como Filadélfia ou Nova Iorque, onde 88 por cento dos adultos tem excesso de peso ou sofre de obesidade (50 por cento da população infantil). Há condados na Califórnia em que uma criança, nascida em 2000, tem 30 por cento de probabilidade de desenvolver diabetes (essa probabilidade dispara para 50 por cento em crianças afro-americanas e latinas).
Em proporção, hoje em dia, uma pessoa gasta menos em alimentos do que há 30 anos. Mas isso deve-se fundamentalmente ao processo de industrialização que reduziu os custos unitários na indústria alimentar. Isso não exigiu grandes inovações tecnológicas, mas um incessante processo de concentração da produção e de transformação da paisagem rural nos Estados Unidos. A necessidade que têm as cadeias como McDonald's ou Burger King de manter uma homogeneidade quase absoluta no tipo de produtos que oferecem, mudou a maneira como se produzem quase todos os produtos de carne, assim como muitos produtos agrícolas. A produção de carne de vaca, porco e frango, por exemplo, exigiu grandes concentrações de animais, em condições insalubres e com graves consequências para o meio ambiente e para a saúde humana. Entre parênteses, não há que esquecer que essa industria é a que maior impacto tem na transformação do sistema alimentar do mundo.
A redução de preços também se deve aos subsídios que recebe a indústria alimentar, em especial, através dos canalizados para a produção de milho e soja, produtos que se consomem, em 90 por cento dos alimentos processados que se oferecem num supermercado. Finalmente, os preços baixos são artificiais porque não incluem o custo em saúde que alguém tem de pagar com o passar dos anos: à saída da McDonald's estão à espera as farmacêuticas com as suas garras bem afiadas.
O tipo de comida ingerida nos Estados Unidos não é a mais saudável, mas a mais rentável para as empresas. Isto é certo ao longo de toda a indústria alimentar e, em especial, para as cadeias como McDonald's, Burger King, Taco Bell, KFC, assim como todas as empresas de refrigerantes e de comida fútil. Os seus alimentos são veículos repletos de calorias, sal e gorduras, com um componente minúsculo de nutrientes saudáveis. Em muitos casos têm ingredientes aditivos. É normal, pois tratam-se de dietas especialmente desenhadas para manter a taxa de lucros e não para alimentar o cliente. Já se disse: do ponto de vista dos lucros da indústria alimentar, a obesidade é o melhor sinal de êxito.
A indústria alimentar nos Estados Unidos converteu o tratamento digestivo da população num espaço de rentabilidade. A colonização da alimentação pelo capital não é um caso isolado. No capitalismo tudo pode ser um nicho para obter lucros.
O capitalismo atravessa hoje o que será a pior crise da sua história. As referências a uma mítica recuperação pretendem ignorar a realidade: à normalidade antes da crise já se chamava pesadelo.
Em 2011, mais de dois terços da população dos Estados Unidos sofria problemas de excesso de peso ou obesidade. Atualmente, este país tem a maior taxa de obesidade do mundo. Dados oficiais revelam que a percentagem de pessoas adultas com problemas de obesidade passou de 13 por cento, em 1962, para 36 por cento, em 2010.
A manter-se esta tendência, em 2030, 42 por cento da população adulta sofrerá problemas de obesidade (11 por cento com obesidade severa, com mais de 45 quilos de excesso de peso). A taxa de obesidade em crianças já atinge uns alarmantes 18 por cento. Diversos estudos mostram que as crianças com obesidade têm maior propensão para conservar a dita obesidade na idade adulta.
Este excesso de peso produz graves efeitos na saúde. Os estudos clínicos revelam que a obesidade aumenta o risco de diabetes tipo 2, doenças do coração, síndroma da apneia do sono, hipertensão, risco de cancro de muitos tipos e várias doenças crónicas. O balanço final é uma expectativa de vida significativamente menor em relação à população sem obesidade. A tudo isto há que acrescentar o desconsolo pela perda da autoestima e o flagelo da discriminação social.
De onde vem este problema? O primeiro indicador é que existe uma relação muito estreita entre pobreza e obesidade. A população mais pobre está mais exposta à obesidade. Nos Estados Unidos, nove dos 10 estados com maiores taxas de obesidade estão entre os estados mais pobres. Existem distritos pobres, em cidades como Filadélfia ou Nova Iorque, onde 88 por cento dos adultos tem excesso de peso ou sofre de obesidade (50 por cento da população infantil). Há condados na Califórnia em que uma criança, nascida em 2000, tem 30 por cento de probabilidade de desenvolver diabetes (essa probabilidade dispara para 50 por cento em crianças afro-americanas e latinas).
Em proporção, hoje em dia, uma pessoa gasta menos em alimentos do que há 30 anos. Mas isso deve-se fundamentalmente ao processo de industrialização que reduziu os custos unitários na indústria alimentar. Isso não exigiu grandes inovações tecnológicas, mas um incessante processo de concentração da produção e de transformação da paisagem rural nos Estados Unidos. A necessidade que têm as cadeias como McDonald's ou Burger King de manter uma homogeneidade quase absoluta no tipo de produtos que oferecem, mudou a maneira como se produzem quase todos os produtos de carne, assim como muitos produtos agrícolas. A produção de carne de vaca, porco e frango, por exemplo, exigiu grandes concentrações de animais, em condições insalubres e com graves consequências para o meio ambiente e para a saúde humana. Entre parênteses, não há que esquecer que essa industria é a que maior impacto tem na transformação do sistema alimentar do mundo.
A redução de preços também se deve aos subsídios que recebe a indústria alimentar, em especial, através dos canalizados para a produção de milho e soja, produtos que se consomem, em 90 por cento dos alimentos processados que se oferecem num supermercado. Finalmente, os preços baixos são artificiais porque não incluem o custo em saúde que alguém tem de pagar com o passar dos anos: à saída da McDonald's estão à espera as farmacêuticas com as suas garras bem afiadas.
O tipo de comida ingerida nos Estados Unidos não é a mais saudável, mas a mais rentável para as empresas. Isto é certo ao longo de toda a indústria alimentar e, em especial, para as cadeias como McDonald's, Burger King, Taco Bell, KFC, assim como todas as empresas de refrigerantes e de comida fútil. Os seus alimentos são veículos repletos de calorias, sal e gorduras, com um componente minúsculo de nutrientes saudáveis. Em muitos casos têm ingredientes aditivos. É normal, pois tratam-se de dietas especialmente desenhadas para manter a taxa de lucros e não para alimentar o cliente. Já se disse: do ponto de vista dos lucros da indústria alimentar, a obesidade é o melhor sinal de êxito.
A indústria alimentar nos Estados Unidos converteu o tratamento digestivo da população num espaço de rentabilidade. A colonização da alimentação pelo capital não é um caso isolado. No capitalismo tudo pode ser um nicho para obter lucros.
O capitalismo atravessa hoje o que será a pior crise da sua história. As referências a uma mítica recuperação pretendem ignorar a realidade: à normalidade antes da crise já se chamava pesadelo.
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