FONTE: www.redebrasilatual.com.br
É muito holofote em cima de uma ação penal e isso torna medíocre o debate técnico", afirma defensor de um dos reús
São Paulo – O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, preocupou-se mais com os holofotes da mídia do que em apresentar provas concretas contra os réus na Ação Penal 470, conhecida como processo do “mensalão”, durante a leitura de cinco horas de sua denúncia, feita ontem (3) no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília.
Essa é a avaliação de alguns dos advogados dos 38 réus na ação. Gurgel, mais uma vez, centrou suas acusações no ex-ministro chefe da Casa Civil do primeiro governo Lula, José Dirceu. O procurador, como previsto, manteve a tese de que Dirceu seria o mentor do suposto “mensalão”.
Para o advogado do ex-ministro, José Luís de Oliveira Lima, Gurgel “fechou os olhos” para o conteúdo da própria investigação. “Ele desprezou os mais de 500 depoimentos do inquérito. Não há nenhuma menção que o incrimine. Ele fala que a prova são exatamente as testemunhas da ação penal. Só que não apresentou nenhum testemunho, porque não há de fato nenhuma prova”.
Já o advogado do ex-presidente do PT José Genoino, Fernando Pacheco, disse que o procurador nada mais fez do que, mais uma vez, repetir as conclusões CPMI dos Correios, de 2005, e suas alegações finais, sem trazer ao tribunal elementos comprobatórios de culpa de seu cliente. Segundo Pacheco, “não há qualquer prova da efetiva participação” de Genoino no suposto esquema.
O advogado do ex-deputado federal Paulo Rocha, João dos Santos Gomes Filho, acredita que a acusação do procurador-geral teve cunho político. “[Esse] jogo aqui não vale, o que vale é a questão jurídica, técnica. Ele ficou duas horas falando de Genoíno e de Dirceu. É muito holofote em cima de uma ação penal só e isso torna medíocre o debate técnico porque não está dentro do processo”.
O defensor do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), Luiz Fernando Corrêa Barbosa, disse que Gurgel fez denúncias vazias. Ele acredita ainda que o final do julgamento vai resultar em um “festival de absolvições”. O advogado também disse que pretende insistir na inclusão do nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como réu no processo.
Já Márcio Thomaz Bastos, defensor do ex-dirigente do Banco Rural, José Roberto Salgado, considerou a sustentação de Gurgel “competente”.
Na segunda-feira (6) começa a fase do julgamento em que os advogados iniciam em plenário as defesas dos 36 acusados. Eram 38, mas Gurgel, na leitura de ontem, pediu a absolvição de Luiz Gushiken e Antonio Lamas. Serão cinco defesas por dia, com uma hora cada. Os primeiros a rebater as acusações do procurador serão os advogados de Dirceu, Genoino, Delúbio Soares, Marcos Valério e Ramon Hollenbach.
Com informações da Agência Brasil
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