FONTE: pontoecontraponto.com.br
No momento em que o país, de maneira atrasada, diga-se, decide investigar os crimes contra cidadãos brasileiros pelo regime militar. E que aparecem provas contundentes de que a única ameaça ao Brasil no governo Jango era o fim da mordomia de poucos (o que resultou em esperneios das elites, com apoio dos EUA), um ministro dá aval ao discurso paranoico-golpista de que o Brasil estava sob ameaça real de uma conspiração comunista.
Pior, não é um ministro qualquer. Trata-se de um dos ministros que compõe a mais alta corte do país, o STF, o que torna muito mais grave quando ameaça, com suas declarações, a própria Constituição de 1988.
Marco Aurélio de Mello anda entusiasmado com os holofotes e não cansa de repetir aos quatro ventos que o Golpe não foi Golpe e que a “medida intervencionista” por parte dos militares foi uma medida necessária. Segundo suas palavras um “mal necessário”.
O nosso democrata chama o Golpe de Revolução, tal qual os milicos golpistas e seus atuais porta-vozes. E emenda: “Se não fosse a revolução, o que teríamos hoje?”
Como se vê, um grande democrata. E mais: Um senhor que respeita os tratados internacionais ao qual o Brasil é signatário, além de reconhecer que o Estado brasileiro já foi condenado pelo Golpe (e não pela revolução) na corte de direitos humanos da OEA.
As declarações do nobre ministro, democrata, constitucionalista, republicana, legalista e quase um Gandhi brasileiro, surge em um momento delicado na América Latina, onde já tivemos dois Golpes encabeçado pelo judiciário: Honduras, em 2009, e Paraguai, em 2012.
Golpes estes, onde as Altas Cortes destes países se consideraram sabedores do que é bom ou mau para os cidadãos e utilizaram a Constituição como arma para derrubar governos legitimamente eleitos por voto popular.
Quando um ministro do STF decide processar todos que o contrariam, membros da mesma corte utilizam-se dos artifícios mais questionáveis para se condenar sem provas e agora esta, de um ministro ir a eventos e entrevistas pra defender o Golpe de 64, devemos ficar atentos… e nos perguntarmos: há algo de podre rondando o Reino do STF?
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