Longe do Brasil por viagem de trabalho, não pude tentar obter maiores informações sobre matéria que li no blog de Luis Nassif quanto a uma posição espantosa do governo Dilma em relação ao comportamento escancaradamente partidarizado do Ministério Público Federal e do Supremo Tribunal Federal em conluio com a mídia e a oposição.
A saber: seria consenso no governo federal que, passado o julgamento do mensalão, a situação política tenderia a se acomodar e, portanto, as indicações da presidente para as vagas que serão abertas no STF e na Procuradoria Geral da República no ano que vem não teriam preocupação com a posição política dos candidatos a elas.
Caso se tratasse de uma declaração oficial da presidente ou de altos membros do governo, não haveria nada demais. Protocolarmente, não dá para a chefe de governo ou seus subordinados saírem pregando que os candidatos ao STF e à PGR sejam submetidos a escrutínio quanto a partidarismo.
No entanto, não se trata de uma declaração oficial. O que Nassif veiculou foi uma informação em off, ou seja, alguém do governo lhe passou tal informação. Essa é a parte espantosa. Não se trata de uma declaração meramente protocolar, mas, sendo procedente, de um autismo estarrecedor.
E não foi só: o PT arquivou manifesto que anunciou que publicaria contra o julgamento de exceção ora em curso no Supremo Tribunal Federal. Além disso, movimentos sociais como a CUT ou o MST não dão sinais de que irão às ruas contra a partidarização do STF e do MPF.
Pouco depois disso tudo, a oposição representou contra Lula na PGR pedindo que seja investigado (de novo) pelo mensalão. Trata-se da mesma PGR que o mesmo Nassif acaba de revelar, sob informações do advogado de Marcos Valério, que amaciou para tucanos e endureceu contra petistas, não indiciando os primeiros e indiciando os segundos.
Ora, ora… Alguém acredita que não está tudo acertado entre o doutor Roberto Gurgel, a oposição e os ministros adeptos do “domínio do fato” para réus filiados ou ligados ao PT e do In Dubio Pro Reo para tucanos e aliados de tucanos?
Alguém acredita, portanto, que existe a menor chance de o PGR arquivar essa representação por não conter nenhum fato novo? Claro que não. É óbvio que Gurgel, STF, mídia e os “doutos” e “inatacáveis” PSDB, DEM e PPS já têm tudo acordado. Lula será indiciado tão certo quanto o dia sucede a noite.
Voltemos alguns dias no tempo, a outra suposta declaração da presidente Dilma que se espalhou pelo Partido da Imprensa Golpista (PIG), no sentido de que seu governo só comprará briga contra o conclave golpista demo-tucano-midiático-judiciário se Lula for envolvido em um processo de exceção.
A liderança do governo na reação ao golpe por certo traria movimentos sociais como CUT, MST, UNE e outros para o embate. E, neste momento, o embate é bom e necessário.
Não só no front interno quanto no externo, pois a democracia está ameaçada quando instituições como Judiciário e o Ministério Público se aliam a partidos de oposição contra o partido que elegeu os últimos três chefes do Poder Executivo Federal.
O indiciamento de Lula em um processo absurdo – por estar sendo desencadeado sem nada além de fofocas de um condenado pela Justiça e de alguns jornais e revistas – é um ataque gravíssimo á democracia, comparável aos golpes “brancos” desfechados em países que foram segregados pela comunidade internacional – Paraguai e Honduras.
Tem que haver reação.
O lado bom do ataque a Lula é que fará as forças democráticas da nação despertarem, de forma a denunciarem ao mundo tentativa de golpe que, sem dúvida, pretende chegar à própria Dilma Rousseff, quem, sem esse estratagema da direita, irá se reeleger com folga em 2014. Então que venham. Será até melhor.
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