segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Altamiro Borges: Donos da mídia nativa travam batalha externa na Argentina




Foto Valter Campanato, Agência Brasil
domingo, 4 de novembro de 2012

Ley de Medios. Eu sou argentino!

A mídia hegemônica não descansa e vive em permanente estado de guerra. Passadas as eleições municipais, em que ela apostou tudo no “show do mensalão” para evitar o desastre completo da oposição demotucana nas urnas, ela agora afia as suas armas para duas novas batalhas. Uma no front interno, com a tentativa de criminalizar o ex-presidente Lula. E outra no front externo, com a aproximação da data do fim do monopólio do Clarín na Argentina. A máfia midiática do planeta se une para derrotar a presidenta Cristina Kirchner.

Uma guerra aberta, frontal
No país vizinho, a situação já é de guerra aberta, frontal. Manifestações favoráveis e contrárias à “Ley de Medios”, que democratiza os meios de comunicação, são diárias e agitam até os estádios de futebol. A guerra também já está sendo travada nas emissoras de tevê. Os dois canais do Grupo Clarín – TN (Todo Notícia), no cabo, e El Trece, na TV aberta – promovem ataques raivosos ao governo. Jorge Lanata, âncora de um programa no El Trece, faz imitações grosseiras contra a presidenta Cristina Kirchner.
Já o governo responde através da TV Pública. Ele procura esclarecer que a Ley de Medios, que entrará em vigor no dia 7 de dezembro, visa garantir maior pluralidade e diversidade na radiodifusão. Aprovada em 2009, ela limita as licenças dos grupos midiáticos. Para o Clarín, que controla vários veículos desde a época da ditadura militar, ela será fatal. O império terá que se desfazer de várias emissoras de rádio e tevê. O seu espaço será ocupado por canais comunitários. O governo abrirá concurso para definir os futuros donos.
Com a proximidade do 7 de dezembro – o 7D da Democracia –, a guerra entre os dois campos se acirra. O Grupo Clarín já foi derrotado no Congresso, no Judiciário e nas ruas, com massivos atos de apoio à lei. Mas ele resiste. Para o sociólogo Martín Becerra, “o cenário mais provável é que o Clarín tente ganhar tempo, apresentando um plano de adequação indicando empresários aliados como testas de ferro, algo que o governo não aceitará. Haverá outra batalha judicial que daria ao grupo tempo para desenhar outras estratégias”.

A falta de coragem política no Brasil
É neste cenário de confronto que os barões da mídia da América Latina – reunidos no antro da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) – e do mundo inteiro se unem para salvar o império do Clarín. Na semana passada, o Jornal Nacional da TV Globo divulgou longa matéria contra o “atentado à liberdade de expressão” na Argentina. Os jornalões também já publicaram vários editorais e artigos sobre o tema. Esta será a principal batalha, no front externo, dos donos da mídia nativa. Eles temem uma “epidemia” na região.
Nesta guerra aberta não há espaço para vacilações. Diante da fúria monopolista dos barões da mídia, eu sou argentino! Na verdade, só lamento que o governo Dilma não tenha a mesma coragem da presidenta Cristina Kirchner para estimular um debate democrático sobre este tema tão estratégico na atualidade. Talvez a entrada em vigor da Ley de Medios ajude a espalhar esta “epidemia” democratizante em nosso país. A conferir!

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